Paketá, de consignado privado, traz novos CFO e head de crédito

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A Paketá, fintech de crédito consignado privado, está reforçando seu alto escalão, num momento em que o negócio cresce de maneira acelerada. Acabam de chegar à empresa Raphael Martinez (ex-Neurotech) como CFO e líder de pessoas (people); Douglas Pinheiro (ex-Safra, C6 e Itaú) para a cadeira de head de crédito; e Daniel Alexandrino, como head de desenvolvimento de negócios (ex-Mutant e Atos).

“Trazer esse time sênior está relacionado com a evolução da empresa, e assegurar que os próximos passos serão sólidos. Agora não é mais se vai dar certo, e sim qual o tamanho do que vai dar certo”, afirma Fabian Valverde, CEO e fundador da Paketá, ao Finsiders, que revela com exclusividade as novas contratações e a estratégia da fintech.

O novo CFO, Raphael Martinez, começou a carreira no mercado financeiro, em corretoras como Planner e Magliano. Depois, passou pelos e-commerces de moda Kanui e Farfetch, até ir trabalhar na Escale Digital como diretor financeiro. Antes de chegar à Paketá, estava como controller na startup Neurotech, especializada em soluções de inteligência artificial, machine learning e big data.

Douglas Pinheiro assume como head de crédito para reforçar a estratégia de concessão e gestão de empréstimos da fintech. O executivo estava desde 2020 no Safra como superintendente de risco de crédito, em sua segunda passagem pelo banco. Antes, foi gerente de risco de crédito no C6 Bank e head de risco na Koin. Passou, ainda, pela Recovery e pelo Itaú Unibanco, onde começou sua trajetória profissional como trainee e ficou por mais de 9 anos.

Já Daniel Alexandrino assume o desafio de prospectar e desenvolver novos negócios para gerar receitas adicionais e valores complementares ao modelo existente na companhia. Na carreira, o executivo acumula passagens por empresas como Atos, Mutant e Tata Consultancy Services (TCS).

As novas contratações têm relação direta com o momento de escala da Paketá, que cresceu 627% em 2020 e fechou o primeiro semestre deste ano com expansão de 270%. A fintech possui mais de de 1.260 empresas conveniadas, de pequenos negócios (até 3 funcionários) a grandes companhias (acima de 55 mil colaboradores). Para se ter uma ideia, eram 15 empresas conveniadas ao final de 2019, ano de lançamento do produto. A startup encerrou 2020 com quase 1 mil clientes, ou 995 para ser mais exato — bateu na trave!

A expectativa é chegar ao final deste ano com mais de 350 mil funcionários elegíveis ao crédito consignado. No pipeline, essa base é de quase 500 mil pessoas, diz Valverde. O empreendedor não divulga o tamanho da carteira, tampouco o volume originado até hoje, mas a meta é emprestar R$ 1 bilhão até 2025. A julgar pelo ritmo de crescimento, esse montante tende a ser até maior, reconhece o founder.

“Temos planos de levar crédito consignado para todo mundo, mas vamos fazer isso de maneira consciente. E garantindo que tenha boa utilização de dados.”

A fintech encerrou o ano passado com R$ 800 milhões em funding, oriundos de FIDCs (fundos de investimento em direitos creditórios) e operações de securitização. “Hoje, temos dez estruturas. Alguns financiadores gostam do risco da pequena e média empresa; outros preferem empresas maiores”, aponta Valverde.

Dos dez veículos, sete já servem de funding para o chamado ‘consignado as a service’, lançado no ano passado pela fintech. Nesse modelo, a Paketá oferece sua plataforma, num formato de white-label, para bancos, family offices e gestoras que queiram operar com crédito consignado privado. Hoje, são pelo menos sete contratos já fechados na vertical.

O consignado é uma parte só da solução da Paketá, que desenvolveu uma plataforma de bem-estar financeiro. A partir de perguntas feitas aos funcionários das empresas conveniadas, a fintech vai mapeando o perfil financeiro. “Fazemos isso para centenas de milhares de funcionários, até chegar ao crédito contextualizado”, explica Valverde. A cada trimestre, a fintech apresenta às empresas clientes o nível de maturidade financeira dos funcionários, com dados consolidados.

Criada em 2018, a Paketá tem como sócios-fundadores o próprio Fabian Valverde, seu irmão Ramon Valverde, além de Anderson Maia, Rafael Queiroz e Bruno Nunes. A equipe tem 62 pessoas, e mais 20 posições em aberto. O time atua de maneira distribuída, e há pessoas em 16 diferentes cidades, por exemplo.

Em dezembro, a fintech recebeu um aporte de R$ 9 milhões liderado pela gestora Shift Capital, contrariando algumas declarações recentes do empreendedor de que não faria uma captação. “Já éramos uma empresa rentável, mas vimos a chance de acelerar esse modelo”, responde Valverde, quando questionado sobre o assunto, ressaltando que prefere a estratégia de startup ‘camelo’.

A fintech — que atua como correspondente bancário da BMP MoneyPlus — faz empréstimos com prazos entre seis e 60 meses e taxas de juros a partir de 1,70% ao mês.

Consignado é pop?

As “payroll fintechs” ganham força no Brasil, uma tendência que o especialista Bruno Diniz apontou em artigo recente no seu blog da Exame. A tese do consignado privado vem atraindo nomes como Facio, Creditas, Leve, Zetra, entre outras, que disputam uma fatia do bolo.

A Zipdin, que recebeu licença de SCD em 2020, começou com uma operação de bank as a service e vem evoluindo num portfólio de serviços de crédito, entre elas, uma solução de consignado ‘as a service’, conforme contou recentemente ao Finsiders o founder Francisco Carvalho, ex-executivo da financeira carioca Lecca.

O Grupo H, por sua vez, tem um plano de originar R$ 200 milhões este ano e vem estudando novos produtos para sua base de mais de 200 empresas conveniadas, que somam cerca de 350 mil funcionários, como o CEO Fernando Ferraz, disse ao Finsiders em março.

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