ECONOMIA OPEN

Palenca recebe aporte da Serasa Experian para crescer no Brasil

Com o aporte, de valor não revelado, a fintech mexicana vai acelerar a expansão em terras brazucas, onde atende 10 empresas atualmente

José Carlos Aguilar e Luiz Felipe Bolonhez/Palenca - Imagem: Divulgação
José Carlos Aguilar e Luiz Felipe Bolonhez/Palenca - Imagem: Divulgação

Aos poucos, a fintech mexicana Palenca, de validação de renda, ganha terreno no Brasil. Depois de fechar os primeiros contratos no país e expandir a atuação para outros segmentos, a empresa agora quer acelerar o crescimento em terras brazucas. Para isso, acaba de receber um aporte do Experian Ventures, braço de venture capital da Serasa Experian

O valor do cheque não foi revelado, mas o VC está comprando uma participação minoritária na startup. A captação tem como objetivo expandir a operação no Brasil — não à toa, 100% dos recursos irão para o negócio local. “A ideia é crescer de forma mais rápida, focando em tecnologia e produtos”, diz Luiz Felipe Bolonhez, country manager da Palenca no Brasil, em entrevista ao Finsiders Brasil.

O aporte é o terceiro na história recente da startup, que já levantou US$ 2,6 milhões, incluindo rodadas seed e pré-seed, de acordo com o Crunchbase. A última captação, em janeiro de 2022, atraiu investidores como Gilgamesh Ventures, 500 Startups. No captable estão, ainda, nomes como Y Combinator, Uncommon Capital, Moving Capital e Kima Ventures, além de investidores-anjos.

O deal com a Serasa é resultado de uma série de conversas, que se iniciaram no ano passado, conta Luiz Felipe. “Eles já estavam estudando a tese de verificação de renda. Fomos evoluindo para um movimento simbiótico”, afirma o executivo. Além da grana, o acordo envolve uma parceria comercial, explorando a capacidade de distribuição do birô de crédito no país. 

“Somos focados em informações de renda e emprego, e a Serasa tem como foco inteligência de dados e analytics, mas tem dificuldade de acessar dados confiáveis e detalhados sobre emprego e renda”, explica Luiz Felipe. 

“Há tempos perseguimos a missão de construir e cultivar um ambiente de crédito saudável. Por isso, o aporte na Palenca está de acordo com nossas premissas e deve fomentar a economia como um todo, além de beneficiar muitos brasileiros”, afirma Rodrigo Sanchez, vice-presidente de soluções de crédito da Serasa Experian, em nota.

Planos

Com o cheque da gigante, a Palenca vai aumentar a equipe no Brasil, que hoje tem apenas quatro pessoas. De acordo com Luiz Felipe, o intuito é pelo menos triplicar o quadro até o fim do ano. As contratações vão se dar, principalmente, nas áreas de tecnologia e produtos. 

Além disso, a Palenca quer incrementar o portfólio de produtos com uma nova solução para validar renda de microempreendedores individuais (MEIs). Segundo Luiz Felipe, os testes estão em fase final e, em breve, o produto será lançado oficialmente. “A integração está funcionando, agora precisamos ver como funciona em escala”, observa.

Conforme diz José Carlos Aguilar, co-CEO da Palenca, cerca de um terço dos trabalhadores da América Latina estão no Brasil. “Estamos animados em encontrar na Serasa Experian o parceiro ideal para nos apoiar nessa expansão local”, afirma, em nota.

Evolução

Atualmente com mais de 60 clientes em oito países na região, a Palenca tem uma base com 10 instituições no Brasil, principalmente fintechs. Um dos clientes aqui é o banco digital Neon. “Entre pilotos em andamento e outros que vão começar, temos pelo menos 10 empresas”, revela Luiz Felipe. “Com a Serasa, vamos desbloquear uma série de pilotos e negociações que temos hoje.”

No último ano, a fintech ampliou sua atuação para profissionais com contrato formal, a famosa CLT. Antes, operava apenas com foco em trabalhadores da gig economy, como motoristas e entregadores de aplicativos. “O plano é lançar pelo menos duas novas integrações por trimestre. Por exemplo, queremos dar gás para verificar renda de revendedores de catálogos, não só no Brasil, mas em toda a América Latina”, cita o executivo.

No Brasil, a fintech tem integrações com seis plataformas da gig economy: Uber, 99, inDrive, iFood, Rappi e CornerShop (da Uber). Além disso, a empresa tem conexão com o Gov.br, o que lhe permite “puxar” dados de emprego e renda diretamente da carteira de trabalho digital. Tudo, claro, com o consentimento do usuário final.