FINANÇAS EMBARCADAS

Proesc, do Amapá, lança banco digital para escolas e testa IA

Com Proesc Bank, startup de gestão planeja transacionar cerca de R$ 7 bilhões no ano que vem, alcançando 4 mil escolas

Vítor Costa/Proesc
Vítor Costa/Proesc | Imagem: Divulgação

Depois de receber sua primeira rodada de investimentos, em março de 2023, a startup de educação amapaense Proesc começou a desenvolver a vertical de pagamentos, o Proesc Pay. De 2023 até agora, a empresa já movimentou mais de R$ 5 bilhões. Agora, quer ganhar musculatura com seu banco digital, o Proesc Bank. O plano é atingir até R$ 7 bilhões em volume transacionado no ano que vem, atingindo 4 mil escolas.

Fundada em 2008 em Macapá, capital do Amapá, a Proesc é uma plataforma de gestão escolar online que atende principalmente colégios particulares — da educação básica ao ensino médio. As soluções para as áreas pedagógica, administrativa e financeira são utilizadas por mais de 2,7 mil instituições em cinco países: Brasil, Angola, Moçambique, Portugal e Senegal.

“Lançamos o Proesc Pay como solução específica para instituições que estavam visando o gerenciamento de cobranças. Com isso, nossos clientes conseguiram reduzir a inadimplência em mais de 80%. No entanto, ao ouvir seu feedback, percebemos que podíamos ir além e criar um produto mais abrangente”, disse Felipe Ferreira, CEO e co-fundador da Proesc, em nota.

Inteligência financeira

Em entrevista exclusiva ao Finsiders Brasil, Vítor Costa, diretor de Novos Negócios da empresa, explica que o Proesc Bank integra ao ERP toda a gestão financeira das escolas, desde a matrícula até a cobrança. “Já adicionamos Pix e boleto como métodos de pagamento. Estudamos ter maquininha de cartão e antecipação de recebíveis”, revela. 

De acordo com ele, a frente de banking é mais do que um módulo da plataforma de gestão. “É um novo modelo de negócio. Para nós, é como se fosse uma startup incubada dentro de outra”, diz o executivo. Na prática, é uma nova fonte de receitas para a Proesc, que faturou R$ 13 milhões no ano passado e prevê ultrapassar os R$ 25 milhões neste ano. 

Conforme explica Vítor, o Proesc Bank tem como objetivo prover inteligência financeira para as escolas com base em cinco aspectos: conciliação, cobrança, pagamentos, gestão financeira e controle de custos.

IA

Para evoluir nesse sentido, a startup está experimentando o uso de inteligência artificial (IA) para que a plataforma dê insights às escolas. A funcionalidade ainda está em fase de testes, com apenas 10 escolas, e o objetivo é lançá-la para toda a base no próximo ano.

“Como já temos todas as informações, numa espécie de hub, conseguimos oferecer insights para as escolas. Um exemplo: pais que pagam as mensalidades todo dia 5 costumam ter maior inadimplência do que aqueles que fazem pagamentos no dia 25”, cita. 

Além da antecipação de recebíveis, a Proesc avalia a oferta de microcrédito “carimbado” para as instituições de ensino. “Geralmente as escolas pedem crédito para pagar dívidas. Nossa ideia é oferecer um crédito focado em crescimento”, diz. O executivo informa, ainda, que já foram iniciadas “tratativas” com alguns fundos de investimento em direitos creditórios (FIDCs). 

Perguntado se o Proesc Bank almeja ter a própria instituição financeira (IF) ou de pagamento (IP), Vítor diz que ainda é cedo para esse plano. “Pensamos passo a passo, começando de forma enxuta”, afirma. Hoje, para operacionalizar os pagamentos em sua plataforma, a startup utiliza as soluções da fintech iugu, que é uma IP regulada.

‘Embedded finance’

O setor de educação é um dos que seguem a tendência do embedded finance (serviços financeiros embarcados). Há iniciativas de grandes grupos educacionais criando seus braços financeiros, assim como de startups que nascem para resolver dores específicas desse mercado, por exemplo, gestão financeira das escolas e financiamento estudantil.

Um exemplo é a Isaac, plataforma de gestão financeira para escolas comprada há dois anos pela Arco Educação. Outro caso é o Educbank, que atua para solucionar o problema da inadimplência nas escolas do ensino básico. Já no crédito estudantil, o principal nome é o Pravaler, que tem o Itaú como acionista e vem buscando se posicionar com soluções para o ecossistema da educação.