Provi demite 23% do quadro após lançar campanha publicitária com ex-BBB

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A Provi, fintech de crédito estudantil, está reduzindo em 23% o seu quadro de funcionários. A informação foi publicada ontem (27) à noite no blog da empresa. Ao Finsiders, a empresa disse que o corte atingiu 59 pessoas, de cerca de 260 colaboradores. Apuração do Estadão, no entanto, mostra que as demissões teriam ficado entre 65 e 70 profissionais, de um total de mais de 300.

No texto publicado no blog, assinado pelos fundadores Fernando Franco e Mario Perino, a startup justifica o corte como uma “decisão necessária” para se adequar ao cenário macroeconômico atual.

Os funcionários demitidos vão ter estendidas as assistências médica e odontológica por dois meses, apurou o Finsiders. De acordo com o Estadão, o cartão de benefícios flexíveis Flash (vale-alimentação e refeição) terá um mês adicional, até agosto. Já o acesso à rede de academias do Gympass, por sua vez, continuará liberado até o fim deste mês. A empresa não forneceu mais detalhes sobre as medidas já tomadas.

O corte de colaboradores ocorre semanas depois que a Provi estreou uma campanha publicitária com o ex-BBB Vyni, o que afastou qualquer indício de crise financeira na fintech.

Ontem, alguns dos profissionais demitidos publicaram posts no LinkedIn em tom de surpresa com o movimento feito pela empresa. “O feedback que recebíamos era que tudo estava sob controle, que não tinha com o que se preocupar. Mas tinha algo errado”, escreveu Victoria Avancini, que era analista de conteúdo na Provi.

No post, a ex-funcionária argumenta que não houve critério para os cortes. “Os demitidos eram desde pessoas que foram braço necessário para o crescimento da empresa, até pessoas que haviam entrado há (pasmem) 2 semanas e outras pessoas com feedbacks e entregas incríveis”, escreveu ela.

Outro ex-funcionário, Felipe Becker — que estava desde março na Provi como gerente de projetos –, também se manifestou em post no LinkedIn.

“Dói. E muito. Dói porque eu sigo acreditando no propósito da Provi. Além disso, dói porque até dias atrás ouvi frases como ‘está tudo bem por aqui, não precisam se preocupar’, mesmo após a empresa inteira ter conhecimento da necessidade financeira que enfrentávamos dado o cenário econômico do nosso país”, escreveu.

No comunicado publicado no blog, a Provi não informa quais áreas foram atingidas pelas demissões. Uma lista criada por Victoria traz nomes, cargos e perfis de LinkedIn de pessoas que estavam em áreas como produto, customer, operações, CX, finance, risco, entre outras.

Funding

Do ponto de vista de capital, a fintech começou com recursos próprios dos dois fundadores. O primeiro cheque veio do C6 Bank, como parte do programa de aceleração do banco, o Opp. Em abril do ano passado, o banco digital se desfez da participação, vendendo sua fatia no negócio para a Positive Ventures, um fundo de impacto.

A última captação de equity feita pela Provi foi em 2019, quando levantou US$ 2,4 milhões numa rodada liderada pelo Global Founders Capital (GFC), com participação da Fundação Estudar Alumni Partners, um grupo de ex-bolsistas da Fundação Estudar.

No ano passado, a fintech também levantou R$ 50 milhões em debêntures. Em seu site, a empresa diz que já financiou mais de R$ 700 milhões para mais de 190 mil alunos. Em entrevista ao Finsiders, no fim de 2021, o fundador Fernando Franco disse que a expectativa seria levar crédito para 1 milhão de pessoas até o fim de 2023.

Contexto

A Provi engrossa uma lista de startups, incluindo fintechs, que anunciaram demissões em massa nos últimos meses, atribuindo os cortes à deterioração do cenário macroeconômico com inflação e juros altos.

Nesse grupo, estão empresas como Ebanx, Mercado Bitcoin, Bitso, Empiricus, SumUp, Quanto, entre outras.

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Danylo Martins é jornalista com dez anos de cobertura de finanças, empreendedorismo e inovação no setor financeiro. Com MBA em mercado de capitais, é vencedor de quatro prêmios de jornalismo econômico e colabora com o jornal Valor Econômico há oito anos. Teve passagens por Folha de S.Paulo e revista Você S/A.

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