A SL Tools, plataforma de serviços de infraestrutura tecnológica para o mercado financeiro – fintechs incluídas – quer ser um marketplace tão grande e eficiente quanto o Mercado Livre é hoje para o varejo. A estratégia para cumprir essa ambiciosa meta está traçada, e o CEO da SL, André Duvivier, revelou esses planos para Fintechs Brasil.
A SL (de “super liquid”) é uma plataforma que vai permitir a bancos, corretoras, fintechs e outras instituições financeiras se conectarem para oferecer todos os ativos financeiros disponíveis no mercado (ações, títulos públicos federais, crédito privado e outros produtos de renda fixa) a seus clientes. “Estamos nos preparando para operar como Mercado de Balcão Organizado, desenvolvendo exchanges de alta tecnologia para negociações eletrônicas de valores mobiliários e ativos financeiros”, diz o CEO.
A SL Tools já tem licença para operar ativos de renda fixa emitidos pelo Tesouro e Banco Central, e aguarda para este ano autorização para fazer o mesmo com títulos privados, tanto de renda fixa – como debêntures, por exemplo – como de renda variável.
“Vemos oportunidade para nos estabelecermos como um grande hub de negociação. Hoje as instituições já oferecem centenas de ativos, mas para crescer e oferecer milhares, precisam dessa camada de negociação eletrônica escalável – esse é o papel da SL, remover os atritos na cadeia e proporcionar escala e eficiência. A tecnologia já está pronta, só falta a autorização”, diz o CEO.
SaaS
Enquanto a licença da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) não vem, a SL vai começar a vender assinaturas de ferramentas que utiliza internamente. A primeira delas é uma calculadora de títulos públicos, que será oferecida no modelo de Software as a Service (SaaS).
“A solução é particularmente útil paras plataforma de varejo, de ensino, de cálculo de posições…. todos podem usar conectando nossa API (sigla em inglês para Interface de Programação de Aplicação).Tem fintech que faz consolidação de carteiras de investimento, e agora é obrigada a fazer marcação a mercado de títulos”, exemplifica. Será cobrado um acesso, para monetizar os serviços que a própria SL Tool usa. A ideia é oferecer outras APIs para o ecossistema de corretoras, bancos e fintechs.
Duvivier, que começou a trabalhar no mercado financeiro em 1993, com 20 anos, diz que a data oficial de nascimento da SL é 2016 porque, segundo ele, foi o dia em que literalmente “atravessou a rua” e deixou o banco onde trabalhava para se dedicar integralmente à nova empresa, que tocava a distância com seus sócios. No começo, o negócio era focado em aluguel de ações – nicho em que a B3 também atua, mas não com entusiasmo.
No meio de 2021, a SL fez sua primeira captação junto à 2TM (dona da Mercado Bitcoin) e à Parallax, ambas com grande experiência em fintechs: “Os sócios foram da Bolsa e da Cetip, conhecem o negócio de plataforma, tokeinização e blockchain”, diz Duvivier. Antes disso, em 2019, Luiz Fernando Figueiredo, ex-diretor do Banco Central e fundador da Mauá Capital, havia feito um aporte como primeiro investidor anjo da SL. Duvivier, no entanto, não revela os valores recebidos, nem nomes de outros investidores – no caso de Figueiredo, foi ele mesmo quem divulgou (ele tem um fundo que investe em startups). Na época do investimento, a 2TM anunciou que estava investindo US$ 32 milhões em nove startups, alem da SL.
“Sou superconservador, mas hoje sei que vamos conseguir fazer tudo o que queremos, seremos um grande provedor de infraestrutura de mercado financeiro, que hoje no Brasil praticamente é um monopólio. Mas não sei dizer exatamente quando, pois tenho consciência de que não controlo o timing”, finaliza.