MERCADO DE CAPITAIS

VERT Capital obtém licença de distribuidora, e já estrutura quatro novos fundos de fintechs

Desde sua fundação em 2016, a VERT emitiu mais de R$ 57 bilhões em 270 operações, abrangendo FIDC, CRA, CRI e debêntures de securitização

Sócias-fundadoras da VERT: da esq. para a dir., Fernanda Mello, Martha e Victoria de Sá. Imagem: Divulgação
Sócias-fundadoras da VERT: da esq. para a dir., Fernanda Mello, Martha e Victoria de Sá. Imagem: Divulgação

O Grupo VERT Capital, fundado em 2016 por três sócias – Fernanda Mello, Victoria de Sá e Martha de Sá – acaba de obter licença de distribuidora de títulos e valores mobiliários (DTVM) dos reguladores.

“Foi um processo longo, levou três anos, pois depende do Banco Central e da Comissão de Valores Mobiliários”, diz Martha. Com a nova licença de DTVM, a VERT acessa um mercado estimado em R$ 7 trilhões. Ao atuar nas frentes de gestão e administração, poderá ser o “one stop shopping” que os clientes vinham demandando. “Já temos quatro fundos se securitização para fintechs sendo estruturados”, diz Victoria, sem revelar o tamanho deles, pois as cotas ainda não foram subscritas.

Desde sua fundação em 2016, a VERT emitiu mais de R$ 57 bilhões em 270 operações, abrangendo FIDC, CRA, CRI e debêntures de securitização. O foco inicial era no agronegócio, depois diversificaram para mercado imobiliário e desde 2018 passaram a atender fintechs. Entre elas, estão OpenCo, Gyra+, Pravaler e Recarga Fácil.

“Foi com as fintechs que nos especializamos em securitização de alta frequência”, diz Victoria. No ano passado, a VERT bateu a marca de 1 milhão de parcelas processadas mensalmente em suas emissões. Agora, se prepara para o mundo da securitização em web3 (tokens).

Nessa nova era, Fernanda Mello será a CEO do grupo, Victoria vai liderar a frente de tokens, enquanto Martha passa ao conselho e dedica-se à recém-criada Violet, focada em finanças sustentáveis e climáticas.

Inovação

Além da estrutura de fundos de recebíveis, a Vert passou a oferecer aos clientes fintechs a possibilidade de emissão de debêntures securitizadas como alternativa para levantar funding. “Era 2018, e na época a estrutura era pouco conhecida; com ela, conseguimos atender fintechs com demanda por operações menores nos mercados de capitais”, diz Victoria. Os FIDC exigem volume mínimo entre R$ 30 milhões e R$ 50 milhões, e as debêntures são viáveis a partir de R$ 5 milhões. “Além disso, também atraímos novos investidores, que preferem esses títulos aos fundos”.

“Gostamos de inovar, fazer o que ninguém mais faz”, afirma Martha. Elas foram pioneiras ao fazer uma oferta pública de Certificados de Recebíveis do Agro (CRA), em 2012. E acrescenta: “A mudança recente na regulamentação de CRA e CRI (de imóveis) impactou muito pouco o nosso negócios, uma vez que as que fazemos não têm as características que foram alteradas.

Para este ano, a expectativa é crescer pelo menos 25% em receitas, depois dos 23% de 2023. As sócias estão otimistas, e esperam “colher os frutos dos investimentos em tecnologia para melhorar a margem”.

Mulheres: finanças ou agro?

A história da VERT tem suas raízes em 2007, quando Fernanda e Martha trabalhavam juntas em uma gestora de fundos. Em 2008 Martha saiu para montar sua empresa de securitização, e a Fernanda se juntou a ela em 2010. No começo o foco era o agronegócio, depois o mercado imobiliário. Victoria é irmã de Martha, mas virou sócia por acaso: estava ajudando a encontrar um advogado e acabou ela mesma assumindo o papel, em 2014. A VERT nasceu em 2016, com apoio de um sócio na época, o CVCIB, fundo de private equity americano.

Segundo as sócias, o setor agro é uma seara ainda mais dura para mulheres que o setor financeiro. “Passamos perrengues piores”, diz Martha.

“Hoje temos 180 funcionários e mais da metade são mulheres. Nunca adotamos uma politica afirmativa, talvez por que para nós é natural. Mas temos consciência que somos exceção. Temos que encorajar cada vez mais mulheres a se juntar a nós”.