O Itaú Unibanco não tem medo da mudança, e segue atento aos concorrentes. “A gente melhora com os novos entrantes”, disse Pedro Moreira Salles, presidente do Conselho de Administração do Itaú. “Eu acho que a gente não tem medo da mudança. A mudança é positiva quando você consegue interpretá-la corretamente”
Ele e Roberto Setubal, co-presidente do Conselho e ex-CEO do banco, estiveram nesta terça-feira (2/9) no Itaú Day, apresentação anual ao mercado. “Estamos sempre olhando os concorrentes, olhando tudo que está à nossa volta. As coisas vão mudando e a gente tem que estar atento para que possa continuar nessa jornada nos próximos 100 anos”.
O CEO atual, Milton Maluly Filho, argumentou que o Itaú deve ser visto como “um portfólio de negócios” e que a concorrência é saudável. “A gente procura competir em condições de igualdade e inclusive se destacar em todos os segmentos em que atua”. Ele lembrou que, apesar de o banco ser líder, “a liderança pode mudar a qualquer momento”. Por isso, a instituição adota uma cultura de humildade e aprendizado contínuo. “A gente não sabe tudo… temos que competir com a gente todos os dias”. E não subestimar “competidores muito competentes, sérios, que também estão investindo”.
No entanto, para ele a sinergia entre os braços de varejo, atacado e private é um diferencial do Itaú. “Replicar um ecossistema completo como o nosso não é trivial… são negócios interconectados, e a capacidade de replicar um portfólio sinérgico e integrado não é simples”. Maluhy disse que o Itaú é um banco digital, mas não abrirá mão de atender seus 70 milhões de clientes no canal que escolherem, seja pelo app, por atendimento remoto ou nas agências.
Colheita e dividendos
Segundo Maluhy, após anos de modernização de plataforma e migração de clientes para o super app One Itaú, a instituição entra num ciclo em que colhe resultados de produtividade e experiência. “Estamos entrando numa etapa relevante agora de captura de valor desses investimentos… eficiência é a palavra de ordem aqui dentro do banco”.
Mas não é hora de parar. “Investir e continuar investindo é fundamental. Ser mais escalável significa ser mais eficiente… a gente está olhando os próximos 100 anos, não está aqui para hipotecar o futuro”. Ele citou como exemplo a migração de “mais de 10 milhões de clientes” para o One Itaú, que começou no começo do ano. A meta é chegar a 15 milhões até dezembro, O One Itaú é um projeto que, segundo Maluhy, torna a plataforma mais escalável e abre oportunidades de monetização via hiperpersonalização.
Os executivos afirmam que toda essa transformação ajudou a elevar o retorno sobre patrimônio líquido para “acima de 24%” – o maior da história recente – enquanto o banco sustenta o “menor índice de eficiência” que já teve. Setubal ressaltou a escala da operação tecnológica: “somos quase uma empresa de tecnologia… temos 17 mil pessoas na área de tecnologia”. Moreira Salles lembrou que os investimentos incluem Inteligência Artificial (IA), e que o banco já tem mais de 500 casos de uso.
Sobre dividendos, o CEO reafirmou a política de disciplina na alocação de capital: “Nosso objetivo não é reter o excesso; ao contrário, se a gente não tiver capacidade de reinvestir esse capital, a gente distribui para o acionista”. Ele disse que duas coisas precisam acontecer para o payout aumentar: crescimento do lucro – “resultado é muito importante” – e clareza no planejamento de uso de capital. Com os resultados recentes ainda sólidos e com a capacidade de geração de capital “muito forte”, Maluly indicou que “faremos um dividendo adicional no início do ano que vem”, embora tenha evitado números precisos.