Dario Palhares
Com patrimônio superior a R$ 1 trilhão, os fundos de pensão brasileiros deixaram de lado seu tradicional conservadorismo e começam a apostar em startups, fintechs inclusive, para auxiliá-los em suas atividades. No segundo semestre de 2020, a Associação Brasileira das Entidades Fechadas de Previdência Complementar (Abrapp), principal entidade do ramo, selecionou 17 empresas nascentes, de um total de mais de 200 candidatas, para o seu Hupp, um hub de tecnologia voltado ao segmento – iniciativa que, diga-se, atendeu à demanda expressa dos filiados à casa. Duas delas, Investtools e Trampolin (ou Trampol.in), são fintechs.
“Vamos mostrar às startups como ‘empacotar’ e precificar suas soluções, levando em conta as peculiaridades do setor, e distribuí-las entre os associados da Abrapp”, diz Cláudia Janesko, superintendente da Conecta Soluções Associativas, empresa ligada à associação. “Já pensamos, inclusive, na segunda edição do Hupp, com algumas modificações no processo de seleção.”
Dos 17 projetos iniciais do hub da Abrapp, todos tocados em parceria com fundações de previdência, a maioria não deu samba. Restaram seis propostas em andamento, das quais duas a cargo de fintechs puros-sangues: a desenvolvedora de softwares Investtools; e a plataforma de BaaS (banking as a service) Trampolin. A primeira, que presta serviços a 40 assets, vem dando os últimos retoques, sob a orientação da Previnorte, em uma nova versão do software Perform It, criado originalmente para corretoras. A ferramenta viabiliza total controle do fluxo de investimentos de uma instituição, permitindo que os gestores se concentrem exclusivamente em estratégias.
“O Hupp nos abriu as portas, literalmente, dos fundos de pensão, que estavam em nosso radar há algum tempo. Há três anos, fomos procurados por uma fundação, mas, como a diretoria da casa mudou a seguir, as negociações não prosperaram”, conta o CEO David Gibbin, que já definiu a estratégia da atuação da Investtools nesse mercado trilionário. “Nossa prioridade são fundos de pensão mais graúdos, com patrimônios líquidos acima de R$ 100 milhões, R$ 200 milhões.”
Já a Trampolin desenvolve uma conta digital que permitirá o pagamento via Pix das contribuições dos participantes dos planos da Fundação Real Grandeza (FRG), o fundo de pensão de Furnas e da Eletrobrás Nuclear. Ainda aninhada no Instituto Gênesis, incubadora da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), a fintech também pretende oferecer o produto para o segmento aberto de previdência complementar. “Temos conversado a respeito com grandes seguradoras. A ideia é agregar a solução a planos PGBL e VGBL”, diz o CEO Lucas Pérez.
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