COLUNA - MORGANA TOLENTINO

Prevenção de fraude: reconhecimento de identidade pode ser um caminho

Cibercriminosos estão usando técnicas cada vez mais refinadas, além de tecnologias como inteligência artificial (IA)

Morgana Tolentino, pesquisadora do Instituto Propague. Imagem: Divulgação
Morgana Tolentino, pesquisadora do Instituto Propague. Imagem: Divulgação

Em 2023, assim como nos anos anteriores, a prevenção de fraudes no sistema financeiro foi um assunto muito abordado e a tendência é que se mantenha em 2024. A crescente digitalização e a evolução de outras tecnologias faz com que os golpes cibernéticos se tornem cada vez mais sofisticados, dificultando os processos de prevenção. 

Um possível caminho para o combate às fraudes no ambiente das finanças é considerar soluções baseadas em reconhecimento de identidade. De acordo com o relatório Veriff Identity Fraud 2024, houve um aumento de 20% dos golpes em 2023, com destaque para o setor de pagamentos que teve um crescimento de 54% no período. Posto isso, a prevenção de fraudes aparece de forma recorrente como uma das principais preocupações das instituições financeiras.

O último ano também ficou marcado pelo alerta de que as fraudes estão se tornando cada vez mais refinadas, sobretudo porque os cibercriminosos estão utilizando novas tecnologias, como a Inteligência Artificial (IA). Para 83% das instituições financeiras, o ritmo de evolução das estratégias de fraudes é mais rápido do que elas conseguem acompanhar, conforme o estudo Faces of Fraud 2023.

Nas fraudes, a inteligência artificial pode ser usada, por exemplo, para identificar vulnerabilidades no sistema de segurança ou para mascarar uma interação de modo que ela pareça mais real. Por outro lado, a própria IA também pode ser um dos principais aliados no combate aos golpes. Então, a questão é: como usar essa tecnologia para ter mais eficiência na prevenção de fraudes? Soluções voltadas para reconhecimento de identidade podem ser a resposta.

Autenticação da identidade

Atualmente, os principais modelos de prevenção de fraudes no sistema financeiro concentram-se no monitoramento das transações para a detecção de golpes. Ou seja, monitora-se o padrão de transação para identificar movimentações estranhas, como aumento no volume ou investimentos com perfil não correspondente ao do investidor. 

Entretanto, esse modelo identifica a ação fraudulenta já ocorrida ou já em processamento. Uma possibilidade de abordagem para garantir efetivamente a prevenção da fraude – identificar a ação antes que ela chegue a ocorrer – seria focar na identidade do titular da operação. 

Esse modelo estimula não só o desenvolvimento de melhores soluções de autenticação de identidade, para garantir que é o verdadeiro cliente que está ordenando a transação, mas também o desenvolvimento de modelos para identificar a identidade falsa na tentativa de entrada no sistema. Isso evitaria a fraude de forma rápida e possibilitaria o rastreamento da tentativa de golpe para identificar a pessoa por trás da ação criminosa.

Assim, os modelos de prevenção de fraudes centrados na identidade aumentam o foco na identificação de golpes direto na entrada. Dessa forma, tornam o combate a estes crimes mais eficiente e contribuindo com a identificação do cibercriminoso responsável pelo ataque.