Uma das principais dores do comércio eletrônico é a rejeição de compras. A estimativa é que, só no Brasil, R$ 120 bilhões deixem de ser transformados em receita para os vendedores porque as políticas de prevenção de fraudes barram operações consideradas suspeitas. O pior é 82% das operações são legítimas. E um dos segmentos mais afetados por isso é o da alta renda, que tem tíquetes mais altos. De olho nesse problema, e com planos de ser uma big tech de origem brasileira, a unico está colocando na rua uma nova oferta.
Batizado de IDPay, o sistema funciona como uma etapa de verificação de identidade que usa biometria para comprovar que quem está comprando é mesmo quem ele/ela diz ser. A tecnologia foi desenvolvida em conjunto com instituições financeiras como Neon, C6, Digio e XP, que indicaram clientes de comércio eletrônico que eles sentiam ter mais problemas com a rejeição de compras.
“9 entre cada 10 clientes acham que quem derrubou a operação foi o banco. Isso é um grande problema de imagem para eles”, conta Diego Martins, cofundador e presidente da unico. De acordo com ele, a meta era lançar o produto quando a unico atingisse uma penetração de 50% dos emissores de cartão do Brasil. No fim, o percentual chegou a 52%.
Da fase de desenvolvimento e testes, participaram 16 sites de comércio eletrônico. Nos próximos 60 dias, a meta é conversar com os 60 maiores sites do país. “Um dos grandes nomes do mercado poderia ter crescido 70% a mais em receita em 2022 se usasse o IDPay”, provoca Diego.
Altas expectativas
O lançamento oficial do produto será feito hoje com pompa e circunstância em um evento agora pela manhã em São Paulo que contará com a participação de Martin Scobari, da General Atlantic, um dos principais investidores da único, e do escritor Yuval Harari.
O desenvolvimento da nova tecnologia foi a razão por trás da compra da MakroSystems, em agosto/22. Assim que a operação foi realizada, a equipe da adquirida foi direcionada para trabalhar integralmente no projeto que já estava em curso. Diego conta que os investidores da unico não gostaram muito dessa decisão logo de cara – afinal, isso significava parar de vender um produto que era bem demandado pelos bancos e perder novas receitas. Mas logo eles entenderam o potencial da decisão.
A expectativa é que a nova oferta ajude a companhia a dobrar sua receita nos próximos 12 meses. O volume é reflexo do modelo de negócios previsto para o IDPay, que prevê a cobrança de um pequeno percentual sobre o valor das operações feitas. A meta é até o fim do ano aprovar R$ 1 bilhão em transações por mês. “O Brasil tem R$ 1 trilhão em transações não presenciais. Qualquer 10% disso é um volume muito grande”, diz Diego.
A unico não divulga seus números de 2022. Mas em 2021, a companhia apresentou um crescimento de 180%, com uma receita recorrente anual (ARR) de R$ 420 milhões.
Expansão internacional da unico
Com o lançamento do novo produto, a unico prepara um novo passo: sua expansão internacional. Segundo Diego, a companhia vinha fazendo testes com fintechs no México nos últimos 8 meses e tomou a decisão de aterrissar no país há cerca de 1 mês.
A ideia é montar um time local e levar umas 5 pessoas para iniciar a operação por lá. “A taxa de reprovação por lá é de 50% [enquanto no Brasil fica entre 10% e 20%]. Em alguns casos a pessoa tem que ir pessoalmente em uma loja da Oxxo para liberar a operação” conta Diego.
A estreia na terra do Chaves, no entanto, ainda não tem uma data prevista. Antes, a unico precisa construir uma base biométrica mínima por lá. A expectativa de Diego é que isso acontece de forma bem mais acelerada do que a companhia levou para fazer no Brasil, obviamente.
*Conteúdo publicado originalmente pelo portal parceiro Startups.
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