*Elyseu Mardegan Jr
Desde 2014, acompanho (ainda que a distância) o ecossistema de fintechs de Mortgage dos EUA e, por consequência, o impacto na indústria de home equity naquele país. Não por outra razão, decidimos (eu e um grupo muito experiente de executivos do mercado de crédito imobiliário no Brasil), implementar a LendMe, no início deste ano, uma vez que as similaridades são muitas entre estes mercados.
Um exemplo disso é que tanto na terra do Tio Sam quanto por aqui, esse segmento sofre há anos com a burocracia, por meio de processos onerosos e lentos, extensa documentação e com o descrédito no segmento por parte dos clientes. Acreditem: realizar um crédito imobiliário nos EUA também é um desafio para os consumidores em geral e exige muita paciência e resiliência.
Entretanto, graças às recentes instabilidades econômicas sofridas pelo setor nos EUA – crise das hipotecas em 2009 e a pandemia em 2020 –, muita coisa parece, felizmente, estar mudando para melhor. Novos provedores de serviços e plataformas de crédito imobiliário têm surgido com o movimento das startups de finanças com o objetivo de facilitar a burocracia que há anos acompanha os produtos e, principalmente, oferecendo facilidades e uma jornada mais eficiente para os clientes.
De um lado, provedores de serviços que agilizam e simplificam a busca por informações e documentos inerentes ao negócio e, de outro lado, fintechs oferecendo plataformas digitais, que transformam a visão arcaica e burocrática dos mortgages (produtos hipotecários) nos EUA. Para o Brasil, trouxemos um benchmark para a LendMe que segue os passos da Lenda (hoje Reali) e da Sofi, além de acompanharmos de perto a nova estrela do mercado nos EUA – a Roostify, cuja tecnologia foi recém adotada pelo Google e se tornou parceira do Santander para tornar a experiencia do cliente mais simples e fácil.
Depois de muito trabalho e persistência, conseguimos tornar realidade e implementar uma plataforma 100% digital, na qual toda documentação e certidões, que tornam o processo longo, complexo, lento e oneroso, foi substituída por APIs que nos conectam a parceiros e proveem estes documentos em segundos. Ao final, o consumidor assina o contrato por meio de Certificado Digital, que segue para registro online, nos muitos Cartórios (RGIs) brasileiros, já adaptados a digitalização (graças a Pandemia). Ou seja, foco total na melhor experiência para o nosso público-alvo!
Temos certeza de que este foi um grande passo para esse mercado. Sabemos que ainda há muito por ser feito, mas novamente, tanto lá como cá, cada vez mais os consumidores demandam transparência, simplicidade e segurança.
*Elyseu Mardegan Jr, Engenheiro e Mestre em Administração de Empresas pela FGV, com cursos de especialização na UCLA e Kellogg, nos EUA, possui mais de 40 anos de experiência no mercado financeiro e, atualmente, atua como CEO da LendMe, fintech de empréstimos com base imobiliária.