Players avançam em transações financeiras além de pagamentos

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O mercado de pagamentos vem passando por uma grande transformação, você e eu sabemos disso. Diversos players, não apenas bancos e fintechs, têm olhado cada vez mais as transações financeiras além do pagamento, como cash management, gestão financeira e soluções agregadas. Esse foi um dos temas discutidos no Payment View, evento online realizado na última quarta-feira (14).

“Hoje em dia vemos tudo muito integrado. O próprio nascimento das fintechs foi ‘unbundling’, e agora avança o ‘rebundling’. Não adianta oferecer só conciliação, mas conseguir entregar gama de serviços que ajude a recuperar crédito, ajudar a vender mais fácil. E deixa dono do negócio se concentrar no core”, afirmou no painel Stéphanie Fleury, chief sales officer do Bitz, carteira digital do Bradesco. No ano passado, Stéphanie vendeu o aplicativo que fundou, o DinDin, ao Bradesco.

Para Willer Marcondes, sócio da Strategy&/PwC, os pagamentos se tornaram algo tão complexo, e é natural que seja assim, até por questões de segurança. “Tive oportunidade de montar oito empresas de pagamento. E agora estamos ajudando duas empresas. Quando a gente vai comprar algo no shopping, vai comprar produto, não fazer pagamento. E pagamento se tornou algo tão complexo (e tem razões para ser assim, por segurança), mas perdemos a perspectiva de que estamos falando de relações humanas, de troca. E tem dores que têm a ver com pagamento”, disse.

Na avaliação dele, por mais que a indústria tenha avançado, e novos players venham se aproximando da pessoa física e também forneçam crédito para cadeias produtiva, é um movimento que ainda está em marcha. E vai além dos pagamentos. “A pessoa física precisa fechar a conta no final do mês, controlar as finanças, saber as melhores condições de crédito”, exemplifica. Para o especialista, com a chegada do open banking e do Pix, as empresas vão precisar ir além do pagamento e a tendência é que ocorra maior especialização.

Vide experiências internacionais. “A Square começou com quadradinho que aceitava transação magnética e hoje é solução para comércio, que envolve check-out, mas também colocar solução de automação, integração de fazer pedido no caixa, e já vai para cozinha. Tem, por exemplo, serviço de contabilidade, de RH, gerencia folha de pagamento”, exemplifica Marcondes.

O próprio Bitz nasceu para ser não só carteira digital, incluindo novos serviços financeiros, observou Stéphanie. Para ela, não existe uma receita secreta. “O que funciona em Cingapura é diferente do que funciona na China. Nascer carteira digital e depois passar a agregar, não existe a receita. Estamos todo mundo em ‘test and learning’ quase infinito. Tentando achar o caminho do ouro.”

Quem vem agregando novas soluções, além de pagamento, é a Pagou Fácil, plataforma desenvolvida pela Paschoalotto, especializada em gestão de relacionamento com cliente. “Na plataforma de cobrança, o cliente pode vender produtos e, com esse dinheiro, saldar uma dívida. No ‘Empregou Fácil’, ajudamos a fazer cadastro e divulgamos em sites de emprego”, citou no painel Rodrigo Grilo, executivo de novos negócios da frente digital da Paschoalotto.

CBDCs

A tendência das moedas digitais de bancos centrais, as chamadas Central Bank Digital Currency (CBDC), foram discutidas em palestra de Fábio Lacerda Carneiro, economista, professor e chefe de divisão no Banco Central (BC). Ao redor do mundo, 86% dos países já estão pesquisando o potencial das CBDCs; 60% estão experimentando com tecnologia e 14% estão testando projetos-piloto, conforme pesquisa recente do BIS.

“Moeda digital de banco central é representação digital da moeda soberana emitida pela autoridade monetária. Aparece no passivo do balanço. Tem interoperabilidade 24 por 7”, explica o especialista. Segundo ele, o final de 2019 foi o ponto de inflexão para o avanço das moedas digitais, justamente após a divulgação do projeto Libra, do Facebook — que passou a se chamar Diem, em dezembro último. “

“A emissão de CBDC é um esforço tecnológico concentrado de BCs para perseguir vários objetivos de política pública ao mesmo tempo. Passa por inclusão financeira, segurança e integridade nos pagamentos digitais”, completou Lacerda, em sua palestra no Payment View.

Leia mais sobre CBDCs no nosso parceiro Portal do Bitcoin.

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Danylo Martins é jornalista com dez anos de cobertura de finanças, empreendedorismo e inovação no setor financeiro. Com MBA em mercado de capitais, é vencedor de quatro prêmios de jornalismo econômico e colabora com o jornal Valor Econômico há oito anos. Teve passagens por Folha de S.Paulo e revista Você S/A.

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