(Atualizada às 11h34) O México atingiu 435 fintechs ativas em abril deste ano, segundo o Mapa Fintech MX 2021, que acaba de ser publicado pela plataforma Finnovation. O número de startups em atuação hoje no país representa quase o dobro em relação a 2019, quando foi realizado o primeiro levantamento.
Ao todo, são 13 verticais, com destaque para as categorias de pagamentos e empréstimos (lending), que reúnem a maior quantidade de fintechs, a exemplo do que ocorre no Brasil. O mapa inclui, ainda, verticais como investimentos, neobanks, gestão financeira pessoal, criptomoedas e infraestrutura financeira.
Em julho do ano passado, o Finsiders divulgou com exclusividade um relatório assinado pelos analistas Arturo Langa e Miguel Angel Dávila, do Itaú BBA, que já mostrava a pujança do ecossistema mexicano de fintechs. O país só perde para o mercado brasileiro. Para se ter uma ideia, o número de fintechs no México passou de 160 em 2016 para mais de 400 em 2020 — e agora chegou a 450.
E o potencial de crescimento das fintechs por lá é grande. O México é o segundo maior país da América Latina, com 130 milhões de habitantes e PIB de US$ 1,3 trilhão. Mais de 50% dos mexicanos não têm conta bancária, mais de 30% não têm acesso a nenhum produto financeiro e apenas 31% têm acesso a serviços de crédito. Outro dado relevante: mais de 90% dos pagamentos no México são feitos com dinheiro em espécie, cita a a16z, em relatório recente sobre o boom das fintechs na América Latina.
“O crédito, que é uma ferramenta poderosa para um indivíduo financiar a universidade, abrir um negócio ou comprar uma casa, também é extremamente caro e não está disponível para a maioria das pessoas. Como resultado, há uma enorme demanda reprimida de clientes que, historicamente, foram excluídos do sistema financeiro pelas instituições financeiras já estabelecidas”, escreve a a16z.
Vale lembrar que o México aprovou, em 2018, a Ley Fintech, que define as regras para a operação das fintechs no país, assim como a regulamentação sobre pagamentos móveis, carteiras digitais, crowdfunding e criptomoedas. A lei também determina as regras para serviços bancários abertos e uso de APIs.
Brazucas no México
O México também vem atraindo fintechs brasileiras. O Nubank divulgou, em abril, um investimento de US$ 135 milhões em sua unidade mexicana, o Nu México. Do total aportado, US$ 70 milhões serão injetados pelo Nubank na operação local. Os US$ 65 milhões restantes serão financiados por J.P. Morgan, Goldman Sachs e Bank of America (BofA).
“O México é um mercado estratégico para o Nubank. A população mexicana representa 20% de toda a América Latina, mas apenas 60% é bancarizada. Além disso, apenas seis bancos concentram 75% de todo o mercado local. O que aprendemos nesse último ano de operação no país é que os mexicanos desejam serviços financeiros mais humanos, transparentes e sem burocracia”, disse na ocasião David Vélez, fundador e CEO global da companhia.
A a55, fintech de crédito para empresas com receita recorrente (“revenue-based financing”), anunciou no início deste mês um aporte de US$ 35 milhões para financiar as operações de crédito no México. A captação, liderada pela gestora americana Accial Capital, vem para ajudar a alavancar a expansão da fintech no país, iniciada no ano passado, quando a a55 concluiu sua rodada Série A.
Já o Guiabolso acaba de fechar uma parceria com a fintech mexicana Finerio, com atuação semelhante ao Guiabolso e que está presente no México, na Colômbia e no Chile. A aliança prevê que as fintechs trabalhem em conjunto, oferecendo soluções B2B da parceria, inclusive soluções relacionadas ao open banking (OB), em outros países da América Latina, além das regiões onde as duas empresas já estão posicionadas.
A Belvo, por sua vez, inaugurou sua primeira operação no México, em seguida na Colômbia, e no ano passado no Brasil, conforme antecipado pelo Finsiders. A fintech — que desenvolve APIs para o setor financeiro — tem no captable investidores como Founders Fund e Kaszek.
Este ano, a FacilitaPay, fintech brasileira que atua na América Latina com serviços de pagamento e transações cross-border, iniciou a operação no México, e também planeja expandir para Chile, Colômbia e Uruguai. “Para isso, buscamos captar R$ 30 milhões com uma rodada de investimentos”, comentou em nota Stephano Maciel, CEO da FacilitaPay.
O contrário também é verdadeiro. A Bitso, corretora mexicana de criptomoedas, anunciou recentemente o início das operações de varejo no Brasil, além de uma rodada de investimentos no total de US$ 250 milhões, liderada por Tiger Global e Coatue, com participação de outros fundos como Paradigm, BOND e Valor Capital Group, além do trio QED, Pantera Capital e Kaszek, que já haviam investido US$ 62 milhões em dezembro de 2020 juntamente com a Coinbase. Com o novo aporte, o valor de mercado da Bitso passa a US$ 2,2 bilhões.
O mapa da Finnovation pode ser acessado aqui.
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