A agfintech TerraMagna está fechando uma parceria com a FMC, de defensivos agrícolas, e com a consultoria especializada em agro Marksestrat. Pelo acordo, as empresas vão disponibilizar até R$ 100 milhões em uma linha de financiamento para produtores rurais com foco em aquisição de insumos. A notícia foi antecipada com exclusividade para o Finsiders.
A operação fará parte do programa de relacionamento “Juntos”, da FMC, que une cooperativas, revendas e, claro, o produtor final, numa plataforma que dispõe de dados de safra, clima e mercado para auxiliar em decisões mais assertivas, além de cursos, treinamentos e capacitações.
“Os distribuidores de insumos têm acesso limitado ao crédito de indústrias no nosso agro. Com uma operação inovadora como essa, poderão fornecer mais insumos aos produtores que, por sua vez, contarão com valores mais atrativos para aquisição desses produtos”, afirma em nota Bernardo Fabiani, CEO da TerraMagna. “Toda cadeia de valor do nosso agro se beneficia.”
Para Daniela Tavares, diretora de marketing da FMC, a construção de parcerias desse tipo é fundamental para fazer com que toda a cadeia cresça e se desenvolva junto. “Cultivar relacionamentos é uma das premissas da FMC, por isso estamos criando ferramentas para estarmos juntos com os produtores lá na ponta, entendendo e atendendo suas necessidades”, diz, também em nota.
Em fevereiro, a TerraMagna participou de um novo FIDC, gerido pela Sparta, que captou R$ 48 milhões, com foco no financiamento agrícola — mais especificamente, custeio de produção de soja.
Para este ano, a startup prevê R$ 500 milhões em antecipação de recebíveis em 2021, quase dez vezes mais que o montante (R$ 53,5 milhões) registrado em 2020. Além de elevar a capacidade de funding, a startup está desenvolvendo dois novos produtos. Um deles é um produto de crédito pulverizado, sem garantia, usando duplicatas digitais — ao contrário da modalidade hoje usada pela startup, que se baseia numa operação de barter, com emissão de cédula de produto rural (CPR) como garantia.
“Vamos pegar uma fração da safra, e não o colateral. É o outro extremo, não concentrado e sem garantia, do crédito que fazemos hoje”, explicou Fabiani em entrevista recente ao Finsiders. A criação do novo produto se encaixa na estratégia de diversificação do funding, caminho que a agfintech começa a trilhar este ano. Além do crédito pulverizado sem garantia, a empresa prevê fazer neste semestre sua primeira operação no modelo Capex.
No ano passado, a agfintech monitorou via satélite 8,3 milhões de hectares, um aumento de 340% comparado ao ano anterior. Para 2021, o monitoramento de garantias via satélite deve bater 33,2 milhões de hectares. Sua carteira de penhores agrícolas soma R$ 15 bilhões e 22 mil fazendas monitoradas. Desde o início do negócio, foram apenas 38 arrestos.
Fundada em 2017 por Fabiani e os também engenheiros formados no Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), João Paulo Torres e Rodrigo Marques, a TerraMagna usa monitoramento via satélite, fontes de dados alternativas e análise por IA para conectar o campo ao mercado de capitais. A empresa não acessa diretamente o produtor rural, e sim atende agroindústrias, revendas e distribuidoras de insumos.
Em dezembro último, a startup levantou um aporte seed de US$ 2 milhões liderado pela ONEVC, em rodada acompanhada por Maya Capital, Accion Venture Lab, além dos investidores-anjos Fernando Gadotti (DogHero), Lincoln Ando (idWall), Patrick Sigrist (iFood e Nomad) e Allan Kajimoto, CEO do Delivery Direto.
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