Fintechs podem ajudar a desburocratizar crédito no agronegócio

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O agronegócio tem grande potencial para as fintechs de crédito. A constatação foi feita pelos participantes do painel “Oportunidades de Financiamentos para o Agro”, do Fintouch 2021, evento realizado pela Associação Brasileira de Fintechs (ABFintechs), na semana passada.

“O crédito rural vem passando por uma enorme transformação e tende a ser um grande espaço para as fintechs operarem no crédito”, disse o chefe-adjunto do Departamento de Supervisão de Cooperativas e Instituições Não Bancárias do Banco Central (BC), Claudio Filgueiras Pacheco Moreira.

O executivo avalia que a entrada do open banking será fundamental para este movimento, pois o sistema permitirá que os produtores levem seu histórico de relacionamento para qualquer instituição onde queira fazer negócio. Ele explica ainda que será aberto entre este ano e 2022 uma consulta pública que vai permitir que seja feita uma melhor separação entre o crédito rural tradicional e o crédito que tenha característica de sustentabilidade.

O diretor da John Deere Financial, Alex Ferreira, lembrou que o setor tem uma enorme dependência do setor público, onde os recursos oferecidos pelas grandes instituições vêm aportado de algum tipo de subsídio do governo. Ele ressalta que esses programas de custeio foram fundamentais para o setor, mas que o governo já vem dando sinais de redução dos subsídios porque esses recursos impactam o caixa.

Além disso, hoje, as taxas oferecidas nestes programas estão mais próximas daquelas de mercado. Para ele, os produtores de maior porte devem começar a se voltar mais para o mercado privado de crédito. “Os programa foram fundamentais, mas a agricultura tradicional já suporta essa transição. Já a agricultura familiar, por exemplo, deve continuar sendo assistida por programas rurais do governo. Grupo de médio e grande produtores não será mais assistidos por esses programas tradicionais”, disse.

O executivo da John Deer avalia, ainda, que é preciso simplificar os processos de concessão de crédito e criar alternativas mas acessíveis. “Juntos, bancos e fintechs têm um papel importante para esta mudança”, afirma, acrescentando que existem dois grandes desafios: o primeiro é garantir fontes sustentáveis para os vários nichos com ênfase crescente no crédito verde. O outro é a desburocratização e a simplificação dos processos fazendo uso de dados e informação que todo o ecossistema já tem hoje para disponibilizar o acesso de crédito aos clientes. Hoje, há uma grande facilidade para tratar com clientes, e não há a mesma facilidade para tratar com não clientes”, afirmou.

O sócio da VBSO Advogados Renato Buranello concorda que as fintechs terão um papel fundamental neste processo de transição. “Caberá as fintechs levar aos pequenos produtores experiências novas, menos burocráticas, com menor custo de transação. É um processo sem volta”, avaliou.

O agronegócio e fintech também foram destaque da fala do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, durante abertura oficial do Fintouch 2021. “A união entre microcrédito e fintechs é um casamento importante, assim como a conexão entre agronegócio, tecnologia e serviços financeiros, dado o tamanho desse setor na economia brasileira”, afirmou.

(Por Alessandra Taraborelli, para o Finsiders)

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Danylo Martins é jornalista com dez anos de cobertura de finanças, empreendedorismo e inovação no setor financeiro. Com MBA em mercado de capitais, é vencedor de quatro prêmios de jornalismo econômico e colabora com o jornal Valor Econômico há oito anos. Teve passagens por Folha de S.Paulo e revista Você S/A.

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