Como a Jazz dá o tom da sua plataforma de banking as a service (BaaS)

Foto: Markus Spiske/Unsplash
Imagem: Markus Spiske/Unsplash

“A gente dança conforme a música, com a harmonia de ser versátil”. É assim que o ex-Rio Bravo José Roberto Kracochansky, fundador e CEO da Jazz, define sua plataforma tecnológica de banking as a service (BaaS), que acaba de fechar dois novos contratos com as empresas Argo Solutions e Lemontech, que atuam no desenvolvimento de tecnologias para a gestão de viagens corporativas, conforme ele conta com exclusividade ao Finsiders.

As parcerias, que se somam a outras já firmadas no segmento travel, garantem à Jazz a cobertura de 80% do mercado corporativo de viagens. “O Brasil não é atendido por nenhuma plataforma white label de cartões virtuais para o setor de viagem. Somos pioneiros com a primeira solução de cartão de crédito virtual focado em consolidadoras, agências on-line e turismo corporativo”, afirma o executivo.

A Argo Solutions e a Lemontech se juntam a uma base que já passa de 50 clientes, incluindo nomes como as fintechs Advocart, de soluções para o segmento de advocacia, e Simplypag, especializada em gestão de funcionários domésticos. São nomes que reforçam o foco da Jazz em buscar clientes além da Faria Lima, curiosamente onde a empresa está instalada.

Quanto mais longe da Faria Lima os clientes estiverem, melhor, diz José Roberto. “Se a empresa quiser montar um concorrente do Neon, do C6, não é aqui. Nosso produto é focado no sub bancarizado. Estamos construindo ‘bancos’ de nicho, do produtor de leite, do motoboy, do taxista, da região de Prudente”, define ele. A maior parte dos clientes, algo como 70% a 80%, é formada por startups.

A experiência é de um ‘banco inteiro’, explica José Roberto. Para isso, a Jazz está plugada no banco carioca Arbi, uma instituição de pequeno porte agnóstica que presta serviços de banco liquidante para fintechs.

“Empoderamos o nosso cliente a criar o seu próprio meio de pagamento, utilizando a nossa infraestrutura regulatória, inclusive, na concessão de crédito. O nosso cartão virtual é de uso único, para apenas uma transação, como se fosse um ‘token’, eliminando os riscos de fraudes e auxiliando no processo de conciliação.”

A plataforma desenvolvida pela Jazz é white-label, ou seja, o que aparece para os usuários é a marca da empresa parceira. O modelo de negócio é baseado em um percentual da receita gerada pelas transações efetuadas nos ‘bancos digitais’ criados para os clientes. “Em vez de ficar cobrando serviço, nosso modelo de negócio vem dos resultados gerados na plataforma”, explica José Roberto. “O investimento dos clientes é em distribuição e o nosso é colocar os negócios deles no ar. Por isso temos conseguido fechar negócios muito rapidamente.”

Sem revelar o volume já transacionado pelas empresas que estão na base, o executivo diz que a expectativa é fechar o ano com 2 milhões de contas. Ele destaca que, pelo modelo da Jazz, a empresa parceira é a detentora da sua base de clientes, e não a Jazz, ou o banco Arbi. “São contas correntes, por contrato, das empresas parceiras e garantidas pelo FGC [Fundo Garantidor de Créditos].”

Fundada em março do ano passado, a Jazz — que nasceu como ADD, mas precisou mudar de nome recentemente porque a Porto Seguro estava usando a mesma marca para um de seus cartões — é fruto da experiência de José Roberto no setor. Ex-Rio Bravo, ele também fundou em 2005 a empresa de pagamentos Unik, vendida dez anos depois para a americana Wex.

BaaS

A Jazz engrossa a lista de players que vêm desenvolvendo soluções de infraestrutura e banking as a service (BaaS). Estão nessa área mais de 20 nomes, entre eles, Bankly (da Acesso, comprada pela Méliuz); Hub Fintech (comprado pelo Magalu); BPP; CSU, Dock; Matera; Zoop (investida da Movile); Swap, Qesh; Hash; Atar B2B, entre outras.

Sem contar os bancos que têm serviços de BaaS há um tempo, como Topázio, BV e Original — esse último, aliás, vem expandindo esse modelo de negócio dentro de casa. Outros bancos, como ABC Brasil e Citi, estão avançando no segmento.

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