Artigo | Open Banking caminha para se tornar fenômeno global

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Por Giovanni Caccavello*, exclusivo para o Finsiders

Os benefícios trazidos pela implementação do Open Banking estão contribuindo para que a prática se torne um fenômeno global. Cada vez mais usuários finais em todo o mundo estão aproveitando suas vantagens.

De acordo com uma pesquisa recente da Accenture, 76% dos bancos em todo o mundo esperam que a adoção do cliente e o uso de APIs de Open Banking aumentem em 50% ou mais nos próximos três a cinco anos. De empréstimos a soluções de pagamentos para empresas e de pagamentos internacionais à agregação de contas, os serviços com base no Open Banking permitirão que clientes e empresas tenham mais opções para decidir sobre quais produtos financeiros precisam adquirir.

Estatísticas indicam que o mercado global de Open Banking deve atingir US$ 43,15 bilhões até 2026, crescendo a uma taxa anual composta (CAGR) de mais de 24% nos próximos cinco anos. Isso significa que os investidores estão olhando para o espaço do Open Banking com interesse. As últimas notícias sobre negócios, financiamento e mega rodadas para empresas de fintech em todo o mundo confirmam isso.

Mas como o fenômeno global do Open Banking atingiu esse ponto de inflexão?

O apetite pelo Open Banking

Após uma fase inicial de ceticismo, os grandes bancos incumbentes estão começando a abraçar o Open Banking com mais entusiasmo. Não é uma surpresa, então, que uma pesquisa do início de 2021 publicada pelo Temenos e pela The Economist Intelligence Unit destacou que 45% dos executivos de bancos globais querem transformar seu modelo de negócios em “verdadeiros ecossistemas digitais”, para os quais o Open Banking é fundamental.

Com a inovação imperativa para que as instituições financeiras tradicionais sobrevivam em um mundo altamente competitivo e digital, a Accenture estima que os grandes bancos logo precisarão escolher entre pegar a onda global de Open Banking ou surfar e esperar o mínimo de danos. Estão em jogo US$ 416 bilhões em receitas bancárias.

O apetite pelo Open Banking também está crescendo entre os consumidores. Apesar da atual desconexão entre a adoção do Open Banking e temores de segurança (com 52% dos consumidores globais querendo ter mais controle sobre suas finanças e 48% dos clientes globais alegando ter medo de usar a tecnologia com base no Open Banking), um relatório de 2020 da ING e da Ipsos Mori revelou que 75% dos europeus gostariam de ter acesso aos dados sobre como gastam o seu dinheiro.

Na Ásia, as coisas parecem ainda mais promissoras, sendo que entre 35% e 40% dos clientes estão se declarando prontos para mudar suas carteiras para propostas exclusivamente digitais.

Covid-19, big tech e além

A pandemia do novo coronavírus, que ainda afeta o mundo inteiro com suas variantes, acelerou em anos a transição para bancos digitais. Assim como uma pesquisa global da YouGov destacou, os consumidores agora estão menos propensos a usar agências bancárias ou dinheiro e mais propensos a adotar opções digitais.

Embora a probabilidade de viver em uma “sociedade 100% sem dinheiro em espécie” seja baixa, a recente explosão de pagamentos por aproximação, transações sem cartão e comércio eletrônico estão nos permitindo alcançar, pelo menos parcialmente, essa visão.

Embora essa mudança deva se tornar uma tendência de longa duração, a covid-19 deu um impulso poderoso ao Open Banking. Pense no que aconteceu no Reino Unido em abril e maio de 2020, com cerca de um milhão de pessoas usando a tecnologia do Open Banking para apoiar a arrecadação de fundos para o sistema de saúde público (NHS).

Além disso, uma pesquisa do final de 2020 conduzida pela Open Banking Implementation Entity (OBIE) e Ipsos Mori mostrou que 50% das PMEs britânicas começaram a usar serviços de Open Banking desde o início da pandemia para ajudá-las a lidar com a incerteza econômica relacionada à covid-19.

A entrada de grandes empresas de tecnologia como Amazon, Apple, Facebook e Google no setor bancário e financeiro também está levando os consumidores a usar métodos de pagamento alternativos e explorar uma ampla gama de novos produtos.

Por exemplo, o anúncio de que a Apple está construindo um serviço nos moldes de ‘compre agora, pague depois’ (BNPL, da sigla em inglês) que será integrado ao Apple Pay é apenas uma das últimas ações de grandes empresas de tecnologia que mostram como o Open Banking está transformando o competitivo cenário global bancário.

À medida que o Open Banking evolui ainda mais, muitos países já estão caminhando rumo ao Open Finance. Exemplos disso vêm do Reino Unido, México e Nova Zelândia. Grandes empresas financeiras e fintechs já estão trabalhando para essa evolução adicional dos serviços financeiros.

Com o Open Finance, os consumidores poderão acessar mais efetivamente todos os produtos e serviços financeiros, de hipotecas privadas a seguros, de sistemas de poupança a fundos de pensão e investimentos. O movimento gradual em direção ao Open Finance provavelmente conduzirá à adoção do Open Banking em todo o mundo ainda mais, mesmo nos países e regiões ainda um pouco atrasados.

Progresso por regiões

A União Europeia (UE) e o Reino Unido são mundialmente reconhecidos como pioneiros do Open Banking. Ao adotar uma abordagem orientada para a regulamentação, com o PSD2, a UE criou uma boa estrutura para toda a região.

Os 27 Estados-Membros da UE estão agora atrás da Grã-Bretanha, principalmente porque surgiram padrões divergentes, tornando difícil o lançamento do Open Banking em mais do que um mercado de cada vez; o Reino Unido também está caminhando rapidamente para o final do período de implementação do Open Banking.

Alguns países da UE estão, no entanto, se saindo bem neste espaço. Em particular, como mostra o Open Banking Readiness Index da Mastercard, os países nórdicos estão bem posicionados para o Open Banking em termos de prontidão do consumidor.

Graças a um modelo colaborativo pan-nórdico e à chamada “iniciativa P27”, a maioria dos grandes bancos nórdicos tem uma estratégia de Open Banking em mente, com o Nordea Group e o DNB Bank entre os pioneiros da Europa. A Noruega também oferece serviços de identificação digital de clientes, como BankIDs e Invidem, que agregam segurança ao provar que o indivíduo é quem afirma ser.

Com base nas regras do PDS2 da UE, os reguladores do Reino Unido decidiram criar alguns padrões que poderiam ajudar o novo ecossistema de Open Banking a se desenvolver mais rapidamente. Em seu relatório anual de 2021, a OBIE observou que o Open Banking agora é usado por mais de 3 milhões de indivíduos e empresas, com mais de 700 empresas já registradas no ecossistema de Open Banking ou em vias de execução. O Open Banking também está começando a moldar o mundo da tributação, tornando mais fácil para pessoas e empresas pagarem seus impostos.

O Open Banking na região da Ásia-Pacífico está, de modo geral, em um estágio inicial e tem sido impulsionado principalmente pelas forças do mercado. A China é um excelente exemplo disso. Enquanto os legisladores chineses estão tomando medidas para introduzir regras de Open Banking, o mercado tem desempenhado um grande papel.

As grandes empresas chinesas de tecnologia, como Alibaba e Tencent, desenvolveram nos últimos anos suas próprias plataformas digitais que são invejadas por muitos em todo o mundo. Alguns outros países asiáticos importantes, como Cingapura e Hong Kong, agora estão priorizando o Open Banking com regras específicas. A Austrália introduziu em 1º de julho de 2020 um novo Código de Direito de Dados do Consumidor que provavelmente abrirá o caminho para o Open Banking e tornará o país um líder em toda a região.

Nos EUA, muitos bancos colaboram com fintechs como Plaid, PayPal, Intuit e Zelle. Os reguladores adotaram uma abordagem relativamente indireta em comparação com a Europa, permitindo que a indústria planeje o caminho a seguir na padronização.

Diversas iniciativas, como o Financial Data Exchange, visam uniformizar as práticas de Open Banking. É aconselhável observar os EUA de perto, já que a administração de Joe Biden anunciou ações que podem fomentar ainda mais a concorrência no setor bancário e financeiro. O Canadá tem grande potencial, mas ainda está um pouco atrasado no que diz respeito ao Open Banking. Os atuais atrasos na mudança do Canadá para o Open Banking estão pesando sobre as fintechs locais e comprometendo a capacidade do país de atrair players globais.

Na África, a maioria dos países ainda não implementou estruturas jurídicas de Open Banking. No entanto, os reguladores começaram a promover e oferecer diretrizes sobre o lançamento dessas plataformas. Na Nigéria, por exemplo, as autoridades nacionais têm se esforçado muito para criar um ambiente para que bancos e provedores terceirizados acessem e compartilhem dados de clientes e ajudem o país a combater o grande problema da exclusão financeira. No Quênia, o Banco Central do país acaba de priorizar a infraestrutura aberta em sua estratégia de 2021-2025.

E também temos a promissora América Latina. Os países da região estão adotando estruturas de compartilhamento de dados, mas em velocidades diferentes. Enquanto Argentina, Chile e Peru ainda estão nos estágios iniciais, o Brasil lidera a corrida, seguido pelo México. O México foi o primeiro país a ter um regulamento para o Open Banking. A Lei Fintech, de 2018, fez com que mais de 2.300 entidades compartilhassem dados.

Especificações de API sobre dados agregados e transacionais também são esperadas ainda este ano. O Brasil já segue um cronograma de implementação do Open Banking e deverá concluir todo o processo em breve. Bancos digitais brasileiros como o Nubank e o C6 fazem parte do grupo de maiores unicórnios do mundo. O Brasil está, portanto, pronto para a adoção em massa de padrões de Open Banking que abrirão uma infinidade de oportunidades para inovação, serviços financeiros centrados no consumidor, competição e atividades econômicas.

Acreditamos que, graças à tecnologia avançada e em constante evolução, o Open Banking está no caminho de se tornar verdadeiramente revolucionário para bancos, fintechs e pessoas em todo o mundo. No entanto, também estamos cientes de que levará algum tempo para que essa mudança fundamental evolua totalmente em todo o mundo.

*Giovanni Caccavello é líder de pesquisa e conteúdo da Open Banking Excellence (OBE)

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Redação: Conteúdos produzidos pela equipe de jornalistas do Finsiders,
além de artigos de executivos do setor

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