Para BofA, mercado cripto se tornou 'grande demais para ser ignorado'

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Em janeiro, o estrategista-chefe de investimentos do Bank of America (BofA), Michael Hartnett, disse que alta do bitcoin parecia ser “a mãe de todas as bolhas”, numa declaração que repercutiu no mundo inteiro.

Nesta semana, porém, a instituição publicou um relatório, por meio da sua subsidiária BofA Securities, em que avalia o mercado de ativos digitais é “grande demais para ser ignorado”. E logo no início do texto, dá a magnitude do setor: US$ 2 trilhões em valor de mercado, segundo o site CoinMarketCap.com, e mais de 220 milhões de usuários globalmente, conforme estimativa do Crypto.com.

“Acreditamos que os ativos digitais baseados em criptografia podem formar uma classe de ativos totalmente nova”, escrevem os analistas Alkesh Shah e Andrew Moss, em relatório enviado a clientes. “Estamos, em nossa visão, apenas nas primeiras fases de uma grande mudança na maioria dos setores, que ocorrerá nos próximos 30 anos.”

Para eles, apesar da importância do bitcoin — que soma mais de US$ 900 bilhões em valor de mercado –, o ecossistema de ativos digitais é muito maior do que isso.

O banco lista um conjunto de aplicações que fazem parte deste mercado, incluindo stablecoins, CBDCs (sigla para moedas digitais emitidas por bancos centrais) e NFTs (sigla para tokens não-fungíveis), além de aplicativos descentralizados (os chamados dApps).

O tamanho da oportunidade é visto pelo volume de recursos investidos por Venture Capital em negócios na área de ativos digitais e blockchain, por exemplo. No primeiro semestre, foram US$ 17 bilhões em deals, um incremento de mais de 3x em relação ao mesmo intervalo de 2020.

Já as operações de M&A envolvendo empresas de ativos digitais passaram de US$ 2,5 bilhões em 2019 para US$ 4,2 bilhões este ano, apesar de terem caído (para US$ 940 milhões) em 2020, conforme dados do PitchBook, citados pelo BofA.

“Isso cria uma nova geração de companhias para a oferta e negociação de ativos digitais, e novas aplicações em diversas indústrias, incluindo finanças, supply chain, jogos e mídias sociais”, escrevem.

Para os analistas, o mercado de ativos digitais ainda está no início e a criação de valor será vista nos próximos cinco anos. Mas, como em ciclos tecnológicos anteriores (PCs, software e internet, por exemplo), “apenas um punhado de empresas focadas e bem administradas provavelmente terão sucesso.”

Na lista de empresas que fazem parte do ecossistema de ativos digitais, estão nomes que cada vez mais vão ficando conhecidos do público, como as exchanges Binance, Bitso e Coinbase, além das wallets/carteiras digitais BitGo, BitPay, Circle, BlockFi, entre outras.

No Brasil, a mexicana recém-chegada Bitso disputa mercado com nomes como Mercado Bitcoin, BitcoinTrade (comprada este ano pela argentina Ripio), Foxbit, além de fintechs que vêm avançando com soluções de banco digital, caso de Zro Bank e Alter — este último comprado pelo Méliuz, em julho.

Hoje, o Brasil possui 90 startups que fornecem soluções de blockchain para o setor financeiro. Elas estão divididas em três subcategorias, conforme o produto ou serviço financeiro que têm como foco: na dianteira, aparecem as startups de câmbio e moeda (51 negócios, ou 28,2% do total). Em seguida, estão as carteiras digitais com 22 companhias (12,2%) e por fim, as de marketplace e crédito P2P, com 17 empresas (9,4% do total). É o que apontam dados da empresa de inovação Distrito.

O mercado de blockchain vem avançando de forma acelerada. No ano passado, atingiu US$ 3 bilhões, cifra que deve crescer mais de 13x até 2025, quando registrará US$ 39,7 bilhões, conforme projeções da Markets and Markets.

No relatório, o BofA diz que o desenvolvimento e a adoção dos ativos digitais provavelmente será liderado pelas novas gerações (Y e Z), que cresceram com a internet e esperam que as transações sejam cada vez mais digitais e sem atrito.

Estima-se que 14% dos adultos norte-americanos possuem ativos digitais e outros 13% planejam comprar ativos digitais em 2021. A idade média dos consumidores potenciais é de 44 anos, e 53% são mulheres, escrevem os analistas, citando dados do report “Gemini’s 2021 State of the US Crypto”.

No relatório, o BofA cita também a questão regulatória, dando como exemplos China e Índia, que já proibiram a negociação de bitcoins. “Em nossa opinião, a incerteza regulatória é o maior risco de curto prazo, mas a regulamentaçaõ pode impulsionar o aumento da participação do investidor no longo prazo, uma vez que as ‘regras da estrada’ para ativos digitais sejam estabelecidas”, escrevem os analistas.

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Redação: Conteúdos produzidos pela equipe de jornalistas do Finsiders,
além de artigos de executivos do setor

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