Opinião

Como as empresas podem aproveitar o aumento na procura por contas digitais - Davi Holanda

Davi Holanda*

Muito se fala sobre as fintechs e sobre como elas têm revolucionado o mercado com suas ofertas de produtos inovadores para facilitar a vida das empresas e usuários, além de alavancar a democratização do mercado bancário. O avanço das tecnologias modificou a oferta de serviços financeiros aos negócios e, consequentemente, ao cliente final.

Devido à ineficiência e altas taxas no setor bancário, o cliente passava por processos muito burocráticos. Mas este cenário mudou e ganhou agilidade por meio das plataformas digitais de serviços financeiros, o que sinaliza uma grande tendência de mercado: antes, as pessoas iam até a oferta de serviço, mas agora é a oferta do serviço que vai até as pessoas.

Nos últimos anos, passamos por uma crescente procura por contas digitais dos mais diversos estilos. A exemplo, uma pesquisa realizada pelo Instituto Locomotiva aponta que 42% dos brasileiros já possuem contas em bancos digitais. Se focarmos em um recorte mais específico, dos jovens entre 18 e 29 anos, esse número sobe para 51%, sendo 19% exclusivamente nesse formato.

Para as gerações mais jovens, que já são nativos digitais, o movimento não é nem de migração entre os dois tipos de banco, mas sim uma preferência real pelas famosas fintechs. A alta burocratização dos processos e taxas do setor bancário afastam esse público, que vê nos bancos digitais melhores oportunidades para gerir suas finanças.

Por isso, o conceito de embedded finance, que se refere à integração de soluções financeiras e ofertas bancárias ao portfólio de negócios não-nativos traz um valor tão grande para as empresas, independentemente do segmento. Ao oferecer soluções financeiras dentro de um mesmo ambiente, é possível suprir as necessidades, melhorar a experiência do usuários e aumentar taxas de retenção, recompra e fidelização. Para que as empresas ofereçam aos seus clientes soluções escaláveis e regulamentadas de embedded finance existe o Banking as a Service.

Cada vez mais, os consumidores buscam por experiências simples, integradas e diretas. De acordo com uma pesquisa da McKinsey, os consumidores estão migrando para ecossistemas multiprodutos, que têm como objetivo oferecer o máximo de integração possível – e a oferta de embedded finance se encaixa perfeitamente neste modelo. Além disso, tendências regulatórias como o Open Banking e a LGPD estão promovendo o desenvolvimento de APIs bancárias e acesso universal. A necessidade de cumprir esses novos requisitos tem levado bancos a considerarem novos modelos de negócio de Banking as a Service.

Novas possibilidades

Com a aceleração da automação, é possível escalar as soluções de Banking as a Service com mais facilidade, colocando o conceito de embedded finance ao alcance de qualquer empresa que tenha interesse, independentemente do modelo de negócio. Por exemplo, podemos pensar em uma empresa de energia oferecendo conta digital e Pix para o pagamento da própria fatura ou até mesmo um varejista emitindo cartões pré-pagos para serem utilizados na própria rede de supermercados e fora dela. As empresas que buscam incorporar serviços financeiros às suas soluções contam cada vez mais com parceiros para criar experiências digitais em módulos personalizados para cada necessidade.

O aumento na procura por contas digitais amplia ainda mais as possibilidades que as empresas possuem ao integrar serviços financeiros ao portfólio de atividades já oferecidas a seus clientes, a fim de alcançar uma maior fidelização entre eles. Além de ser uma nova linha de receita que tende a crescer com o passar dos anos, ainda mais com as próximas gerações. Estar atento às tendências, tanto para se adaptar quanto para sair na frente da concorrência deve ser um exercício constante para todas as empresas que visam se adequar rapidamente às mudanças do mercado, e assim, garantir a sustentabilidade e crescimento constante dos negócios.

*Founder do Bankly

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