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No fim de outubro, Mark Zuckerberg, um dos fundadores do Facebook, deu o recado: a empresa — que passou a se chamar Meta — caminha para se tornar uma empresa do metaverso. Tanto é que a big tech investirá US$ 50 milhões para isso.
Foi só o tio Zuck fazer seu anúncio para o assunto ganhar os holofotes mundo afora. De acordo com um relatório publicado recentemente pela gestora de ativos digitais Grayscale, o metaverso tem potencial de US$ 1 trilhão em negócios num futuro próximo.
A empresa define metaverso como um conjunto de mundos virtuais 3D experienciais, interconectados, com interação entre o físico e o digital. “O metaverso ainda está emergindo, mas muitos componentes-chave começaram a tomam forma e estão revolucionando tudo, desde e-commerce até mídia e entretenimento e também imóveis”, diz a Grayscale no estudo.
Em relatório recente distribuído a clientes, a área de research do Inter aponta que o metaverso não está limitado às aplicações derivadas do uso de tecnologias como realidade virtual (VR) ou realidade aumentada (AR), apesar de elas serem relevantes.
“Este é um conceito já há muito tempo utilizado por desenvolvedores e entusiastas que participam ativamente no ecossistema das criptos”, escrevem os analistas Gabriela Cortez Joubert, Fernando Urbano e Vitor Carvalho. Uma das principais características deste novo universo, que o torna único e diferente do universo digital, é “sua capacidade de, por meio do uso da tecnologia blockchain, garantir que haja regras rígidas, imutáveis e previsíveis, assim como as leis da física.”
O principal avanço da Web 2.0 para a Web 3.0, escrevem os analistas, é a possibilidade de tornar descentralizadas e transparentes as aplicações já conhecidas por nós, como ferramentas de busca e redes sociais.
Para os analistas, a tecnologia blockchain ainda é recente, e existem diversos desafios e limitações decorrentes da velocidade em que as informações são registradas nos blocos “que impedem o aperfeiçoamento desses jogos” — eles se referem principalmente a jogos como Descentraland e Axie Infinity.
“Geralmente, há um trade-off entre esses aprimoramentos e outros atributos singulares e valiosos de uma blockchain, como o grau de descentralização e segurança”, apontam no relatório.
Para muitos usuários, especialmente de países subdesenvolvidos, entre eles Venezuela e Filipinas, os jogos não significam uma atividade de lazer, e sim podem servir como um meio de geração de renda. “Essa realidade se tornou possível devido à estrutura de incentivos econômicos que apenas a tecnologia blockchain consegue tornar realidade no ambiente virtual”, escrevem os analistas.
Outra vantagem das aplicações desenvolvidas na Web 3.0, ou no metaverso de maneira geral, é a interconectividade do ecossistema. Como não há intermediários, é mais simples transacionar tokens com usos e propriedades distintas entre si. “É como se o usuário pudesse trocar um item do Fortnite por um item do League of Legends de forma direta, sem precisar pagar nenhuma taxa”, exemplificam.
Os analistas do Inter citam o site OpenSea, que funciona como um marketplace de NFTs (sigla em inglês para tokens não fungíveis) onde é possível descobrir tokens de música, arte ou mesmo utilities, que podem ser transformados em produtos ou serviços tradicionais, ou ainda ficarem restritos ao ambiente do metaverso.
O metaverso, inclusive, não se restringe a ambientes virtuais. Muito pelo contrário. “As consequências do que está sendo desenvolvido no metaverso não se restringem a uma realidade alheia como alguns acreditam. Smart contracts já são usados para diversos fins, e definitivamente estão contribuindo para revolucionar indústrias tradicionais, como o DeFi [sigla para finanças descentralizadas] tem feito para o mercado financeiro”, escrevem os analistas.
Segurança e descentralização são itens considerados essenciais pela comunidade cripto para que os projetos do metaverso decolem. O relatório finaliza citando uma declaração do próprio Mark Zuckerberg que disse “privacidade e segurança necessitam ser construídos no metarverso desde o dia 1”.
Mas não são apenas big techs, como Meta e Microsoft, que estão desenvolvendo projetos na área. Segundo dados do CB Insights, há mais de 90 startups com soluções ligadas ao metaverso em categorias que vão de software engine, passando por interfaces de hardware (VR, AR e displays) até produtos para ‘mundos virtuais’ (virtual worlds), avatars, ‘asset marketplaces’ e, claro, serviços financeiros.
Para as fintechs, o metaverso representa uma oportunidade de desenvolvimento de novos negócios, mas ainda não está claro como será este novo ambiente, ainda bastante incipiente, como mostra uma matéria do site Business Insider. Os maiores players do setor, por exemplo, podem construir seus próprios metaversos, destaca a reportagem.
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