A polonesa Nethone, empresa de ‘know your users’ (KYU), desembarca no país com o propósito de entregar serviços personalizados no combate à fraude online e “tropicalizados” para bancos, fintechs e e-commerce.
A empresa já conta com cinco clientes por aqui, entre eles a Azul. Mas espera atender de 20 a 24 companhias até o final de 2022.
Na mira estão, prioritariamente, fintechs, seguidas por e-commerces, conta Paulo Moura, VP de business bevelopment da Nethone, em entrevista exclusiva ao Finsiders.
“Vemos um grande crescimento desse segmento, principalmente no Brasil, sem contar que temos o melhor sistema bancário no mundo”, diz o executivo.
De acordo com ele, um grande potencial neste mercado a mirar está relacionado ao chamado ‘buy now, pay later’ (BNPL), o bom e velho crediário praticado pela Casas Bahia há décadas e que agora ganhou o mundo sob esta nova roupagem.
Essa cultura, como tantas outras em relação à forma como o brasileiro lida com o dinheiro, foi levada pela empresa para as soluções desenvolvidas em terras tupiniquins, conforme Paulo.
“Diferentemente de entrantes no mercado da nossa área, viemos com soluções que chamo de tropicalizadas. Já entendemos como funciona o boleto, por exemplo. Esse meio não existe em outros países. Outro exemplo é que no Brasil é costume pagar as dívidas mensalmente, lá fora é anualmente. Por isso, vamos cobrar mensalmente nosso cliente”, explica o executivo.
Paulo comenta, ainda, que até meio do ano que vem, o foco de expansão internacional da Nethone será o Brasil. E, a partir do segundo semestre, a companhia deve se voltar para outros países latinoamericanos, por exemplo Chile e México.
Para essa expansão global, a Nethone contará com uma segunda rodada de investimento, sobre a qual o executivo preferiu não entrar em detalhes. De qualquer forma, se somará a um primeiro aporte (Série A) ocorrido em julho deste ano, no valor de US$ 6,7 milhões.
Este último cheque foi liderado por Atmos Ventures e ARIA. Contou ainda com a participação da Innovation Nest, Plug and Play Ventures, Firlej Kastory e investidores-anjo.
Combate à fraude
Fundada em 2016, a empresa possui mais de 5.000 atributos que permitem entender o comportamento do usuário na internet. Até como essa pessoa usa o mouse, a ferramenta da Nethone consegue identificar e diferenciar. E isso dentro de uma jornada que promete ser sem fricções e sem invadir a privacidade do usuário.
A tecnologia da empresa usa inteligência artificial e machine learning para detectar e interromper fraudes em transações bancárias.
Nos últimos 12 meses, beneficiada pelo crescimento do e-commerce globalmente, a empresa conseguiu mais do que dobrar sua base de clientes. Eles não abrem outros números.
Concorrência
Segundo Paulo, assim como as empresas que atuam por aqui trabalham com tecnologias sofisiticadas para combater fraudes, os chamados criminosos acompanham esse cenário e se atualizam.
Dados da Serasa Experian mostram isso. O último Indicador de Tentativas de Fraude divulgado pela casa registrou um aumento de 10% em outubro, no anual. Ou seja, a cada 7 segundos uma movimentação suspeita acontece no Brasil.
Um contexto desse traz oportunidades, claro. Rodrigoh Henriques, líder de inovações financeiras da Fenasbac, em entrevista recente ao Finsiders, comentou que as fintechs do ramo de pagamentos e analytics serão as que mais contarão com geração de caixa nos próximos 5 anos.
De olho neste potencial, estão empresas como a startup de verificação de identidade idwall, que em junho recebeu um aporte de R$ 210 milhões em rodada série C liderada pelo family office Endurance.
Outra startup que vem se destacando no segmento é a unico, que se tornou unicórnio neste ano após receber um aporte de R$ 625 milhões em rodada liderada por General Atlantic e SoftBank. A solução da IDTech está presente em mais de 600 empresas em todo o Brasil, incluindo grandes bancos, fintechs, bancos digitais, varejistas, e-commerces, indústrias e operadoras de telecom.
Recentemente, o Brasil também atraiu a fintech irlandesa Fenergo que conta com uma plataforma digital de KYC. Na carteira global, estão nomes como Santander, BNP Paribas, Credit Suisse, Mizuho Americas, Scotiabank, entre outros.
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