Nos anos 90, as crianças que tinham condições de visitar o Parque da Mônica, na cidade de São Paulo, tinham a oportunidade de ganhar um cartão de crédito de papelão e um talão de cheque – com os desenhos da Turma da Mônica, claro — parecidos com que seus pais tinham de verdade. Era o primeiro contato com um produto financeiro para a maioria de nós e, provavelmente, um começo de uma educação financeira, já que internet era para poucos.
Essa geração já tem seus filhos e estas crianças têm acesso desde muito cedo à digitalização e ao conhecimento. Ganhar mesada precisa ter novos ares e os bancos aqui no Brasil estão atentos a isso há algum tempo.
É um mercado crescente e atrativo, tanto que a mexicana Mozper acaba de desembarcar no Brasil, oferecendo um cartão para crianças e adolescentes em parceria com a Visa.
O produto conta com a tecnologia de pagamento por aproximação e, assim como seus concorrentes, pode ser totalmente controlado pelos pais e/ou responsáveis. Para garantir a segurança, os adultos podem bloquear e desbloquear o cartão na hora que quiserem, além de acompanhar os gastos em tempo real.
Apesar de ser sido pensado para toda família, o aplicativo é voltado para o uso frequente desses “pequenos” usuários. Entre suas funções está a de poder fazer uma poupança. Ou seja, a criança que quer comprar algo pode se planejar para economizar até alcançar o valor total para efetivar a compra.
O cartão tem ainda uma espécie de escudo “anti-dívida”, no qual a criança tem o limite do saldo que estiver disponível na categoria definida pelos responsáveis.
Outra funcionalidade da plataforma é que os responsáveis possam fixar tarefas domésticas como lavar a louça, organizar o armário ou limpar o quarto dentro do aplicativo Mozper, como exigência para liberação de bônus no cartão. Incluindo um prazo para executar as funções.
Caso a criança ou adolescente conquiste uma bonificação, os adultos podem liberar mais créditos. O oposto também funciona e os responsáveis podem bloquear quantias se acharem necessário.
“É uma verdadeira oportunidade para pais e filhos conversarem sobre dinheiro, entenderem as necessidades de consumo sem surpresas ao longo do caminho e de educar para uma vida financeiramente responsável, de maneira fácil e divertida”, afirma Gabriel Roizner, CEO do Mozper, em nota.
Assim como as demais instituições que oferecem este serviço, não há custos nas transações. A receita do Mozper é garantida por meio da cobrança de assinaturas, com uma mensalidade de R$ 25,00 por família de até quatro pessoas, podendo ser dividido entre filhos, sobrinhos e parentes diretos. Mas para quem optar pelo plano anual, o valor fica em R$ 19,00 mensais.
Entrada no Brasil
Fundada em 2019, mas com entrada em operação em agosto de 2020 no México, a entrada na Mozper no Brasil já estava sendo ensaiada há cerca de um ano. Os planos foram adiados pela pandemia.
A empresa tem a Y Combinator e Foudation Capital — investidores atuantes no Brasil — em seu captable – somando aporte de US$ 5,1 milhões em rodadas pré-seed e seed. E espera ter novas rodadas ainda neste ano.
Não há dúvidas que o interesse no Brasil é o tamanho do mercado. Mas os desafios da Mozper são proporcionais. Além de ter criado uma plataforma diferente da existente do México, terá que lidar com concorrentes de peso.
O next (banco digital do Bradesco), com seu nextJoy, em funcionamento desde agosto de 2020, é um desses nomes. A vertical oferece cartão de débito físico e digital e possui aplicativo tematizado com personagens da Disney. Tudo gratuito. Além de ter esse propósito de servir como uma educação financeira.
O Inter, com o Conta Kids e o C6 Bank, e seu Yellow, engrossam a lista. Sem esquecer da fintech Z1, que nasceu em 2019, voltada especificamente para o público adolescente. O cartão de “crébito”, como a empresa chama, tem parceria com a Mastercard.
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