A trajetória do economista Otávio Dutra, do cientista da computação Leandro Souza e da contadora Thais Mellone está intimamente ligada à universidade e à vida acadêmica. A união entre os três não poderia resultar em um negócio diferente senão algo voltado para a comunidade universitária.
A partir das experiências deles com associações estudantis, o trio construiu uma plataforma com soluções para profissionalizar as entidades, com funcionalidades como controle financeiro e de fluxo de caixa; regulamentação de CNPJ e serviços de contabilidade; gestão de associados; carteirinha digital; e serviço de marketplace, permitindo que as entidades montem lojas virtuais e vendam ingressos de eventos e outros produtos.
Agora o plano da Partyou é levar produtos e serviços financeiros e também não financeiros diretamente aos estudantes. O grande objetivo é ser um ‘super app’ para os universitários. Numa proposta de banking + marketplace, semelhante ao que diversos bancos digitais, como Inter e Next, vêm fazendo.
“A visão é oferecer tudo o que o estudante faz num só lugar”, explica Otávio, ao Finsiders. “Vamos colocar mais serviços para a interface do aluno, trazer novas marcas para o marketplace, e lançar a conta digital.”
A primeira solução, a conta digital, deve ser lançada até a metade do ano, tanto para os universitários quanto para as associações estudantis.
Com o tempo, a expectativa é adicionar outros produtos financeiros, como crédito estudantil. “Não é um caminho de curto prazo, mas é inevitável”, reconhece Otávio. “À medida que você entende a demanda dos alunos a partir dos dados, acaba oferecendo outros serviços cruzados.”
Para tirar os projetos do papel, a Partyou acaba de levantar US$ 3 milhões (cerca de US$ 16 milhões), em uma rodada liderada pelo inovaBra Ventures, o fundo gerido pela área de Venture Capital (VC) e Private Equity (PE) do Bradesco, que entrou com um cheque de R$ 10 milhões. O VC norte-americano Asterisk Ventures — que já investia na startup –, acompanhou a rodada.
Com os recursos, a ideia é ampliar as linhas de negócio B2C, assim como consolidar o modelo adotado até agora. Hoje, a Partyou opera como B2B2C, ou seja, chega aos alunos via associações estudantis e centros acadêmicos.
“Estamos beirando 1 mil associações, que são clientes das diferentes soluções.”
Ao todo, a plataforma soma mais de 170 mil usuários. Mas esse número era maior antes da pandemia, quando cada associação trazia cerca de 400 alunos – hoje, são menos de 200 por entidade.
Antes da crise da covid-19, a Partyou chegou a registrar recorrência de 80% de uso da sua plataforma, a cada trimestre. Ou seja, a cada dez universitários, oito voltavam no trimestre seguinte para realizar compras nas ‘lojas’ das associações. Agora, o indicador está próximo a 30%.
Segundo Otávio, cofundador e CEO, novembro e dezembro já foram “normais” e sinalizam uma recuperação a partir de fevereiro, no retorno das aulas. Para este ano, a expectativa da Partyou é aumentar a base de alunos em 10x comparada a 2021.
A previsão é ultrapassar a marca de mais 200 cidades até o fim do ano e atingir 1,5 milhão de alunos, 100 mil correntistas e 6 mil associações estudantis na plataforma.
Concorrência
A competição, para a Partyou, ocorre em diferentes frentes. Nos serviços para as associações estudantis, os “concorrentes” vão desde softwares de gestão até plataformas online de eventos, como Sympla.
Futuramente, quando entrar em crédito estudantil, a startup enfrentará nomes como Pravaler, Provi, Elleve, além da edtech Trybe, que vem ampliando sua vertical de serviços financeiros e já recebeu aval para operar uma SCD (Sociedade de Crédito Direto).
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