A Entre Investimentos, que assessora o desenvolvimento de estruturas personalizadas de investimento em títulos públicos, cotas de fundos e participações em outras empresas, anunciou a compra da operação da Global Payments no Brasil.
A transação, cujos termos financeiros não foram divulgados, marca a estreia da companhia no mercado de adquirência, em que pretende ampliar a oferta de soluções tecnológicas e acelerar os negócios por meio de parcerias estratégicas. Com o acordo, a Global Payments no Brasil passa a se chamar Entre Payments.
A empresa, como o leitor deve saber, é uma das maiores credenciadoras de cartões do mercado norte-americano. Com escritórios em 38 países, a Global Payments processa anualmente mais de 26 bilhões de transações.
A companhia oferece soluções para aproximadamente 3,5 milhões de estabelecimentos comerciais e mais de 1,3 mil instituições financeiras em mais de 100 países na América do Norte, Europa, Ásia-Pacífico e América Latina.
Chegou em 2011 ao Brasil. Dois anos depois, a empresa assinou um acordo com o Banco de Brasília (BRB), que detém atualmente uma fatia de 10% na empresa por meio de seu braço de cartões e continuará com essa fatia.
A Entre ficará com os 90% restantes. Antes, essa participação pertencia à Global Payments South America que, por sua vez, tinha como sócios a companhia norte-americana, além do banco espanhol La Caixa e o mexicano Inbursa.
No ano passado, diz uma fonte que conhece o negócio, a operação brasileira quase “quebrou” por falta de funding. No mercado local, a companhia chegou a ter 1,5% de market share, mas vem perdendo volumes há algum tempo. “O interesse dos americanos caiu a zero, e a gestão com três sócios é complicada”, comenta essa fonte.
No país, além do BRB, a Global Payments tem parcerias com o Banco do Nordeste (BNB) e o Banco Semear, como informa em seu site.
A Entre Payments estima atingir um TPV de R$ 90 bilhões nos primeiros 12 meses, chegando a R$ 150 bilhões em dois anos.
“Os números são agressivos e o desafio atrelado a essas mudanças é enorme, mas não vemos outro caminho quando o assunto é expectativas do mercado de pagamentos”, comenta em comunicado Jonny Morais, executivo nomeado como CEO da Entre Payments.
Ao lado de Thiago Lopes, Jonny também é fundador da OnePay, uma fintech de pagamentos, banking e operações financeiras. A empresa opera subadquirente e oferece soluções de pagamento e banking para pequenas e médias empresas (PME).
Em 2020, a OnePay recebeu um aporte, de valor não revelado, que avaliou o negócio em R$ 70 milhões. Na ocasião, a empresa divulgou que o cheque veio de uma holding de investimentos, que também não teve o nome divulgado.
Ao todo, a empresa diz ter mais de 12 mil clientes em sua base. Na época em que divulgou o investimento, afirmou que esse número cresceria com a entrada de outros 500 mil clientes oriundos do grupo econômico desse fundo investidor.
Além das vendas diretas, a fintech tem parceiros de negócios que atuam em todo o Brasil. No total, são 65 centrais dedicadas a comercializar suas soluções, que incluem maquininha, conta digital e plataforma para gestão das vendas.
A Entre Investimentos foi fundada por Antonio Freixo, que fez carreira no Banco Garantia e no Credit Suisse. A empresa controla também a Leads Securitizadora e fechou uma parceria com a OnePay, conforme publicação feita pelo executivo em seu perfil no LinkedIn.
Setor
A movimentação da companhia ocorre em um momento em que adquirentes como Stone e PagSeguro sofrem com a forte desvalorização das ações no mercado norte-americano. Nos últimos três meses, os papéis da Stone caíram 54% e a credenciadora está avaliada agora em US$ 4,53 bilhões. Já a empresa controlada pelo Grupo UOL viu as ações recuarem mais de 38% na mesma janela — hoje, a companhia vale menos de US$ 7 bilhões.
O setor de pagamentos assiste, ainda, ao avanço de novos entrantes. A CloudWalk, dona da maquininha InfinitePay, levantou no ano passado uma rodada Série C de US$ 150 milhões. Com isso, se tornou o mais novo unicórnio brasileiro, passando a valer US$ 2,15 bilhões.
A SumUp, que mira nanoempreendedores, já deu entrada no Banco Central (BC) para operar como adquirente plena, conforme revelou o Finsiders em 2021. Em março do ano passado, a fintech europeia anunciou um aporte de 750 milhões de euros, sendo até 30% destinados à operação brasileira, para a qual a empresa tem bastante apetite.
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