Artigo: Como fintechs tornaram-se facilitadoras de acesso ao risco sacado

Antecipação de recebíveis, especialmente risco sacado, é um nicho ainda pouco explorado por fintechs, escreve André Bravo, da Bankme

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Por André Bravo*, exclusivo para o Finsiders

O Brasil sabidamente é um dos países mais burocráticos do mundo em grande parte dos seus setores, e quando o assunto é setor financeiro essa burocracia se mostra ainda maior.

Esse cenário, entretanto, permitiu o exponencial crescimento das fintechs, que constantemente apresentam soluções inovadoras para que, sem marginalizar a segurança das operações, seja possível neutralizar ou, ao menos minimizar, a burocracia tradicionalmente instalada.

Assim, as fintechs surgem para entregar mais facilidade e eficiência se comparadas aos serviços tradicionais de mercado. Segundo um levantamento da plataforma Distrito, as startups brasileiras receberam um total de US$ 9,4 bilhões em investimentos em 2021. E as fintechs foram as que mais captaram, totalizando US$ 3,7 bilhões, com 176 rodadas de investimentos.

O resultado disso tem sido um aumento da concorrência e, por consequência, redução da taxa média de juros — o que significa fortalecimento econômico das pessoas e empresas.

Apesar do constante crescimento das fintechs, a antecipação de recebíveis ainda é um nicho de atuação pouco explorado frente ao seu potencial transacional. Especificamente sobre o risco sacado, este é ainda menos praticado, havendo poucas fintechs atuantes no setor.

O ‘risco sacado’ nada mais é que um serviço oferecido pelos bancos tradicionais para que empresas, com bom limite de crédito e excelente relacionamento com as instituições, possam disponibilizar um crédito para que seus fornecedores antecipem o recebimento dos títulos de vendas a prazo.

Nessa operação de risco sacado, o banco fica com um percentual do valor que o fornecedor (cedente) está antecipando e não há necessidade de análise de crédito.

André Bravo, COO da Bankme (Divulgação)
André Bravo, COO da Bankme (Divulgação)

Enquanto os players tradicionais oferecem o risco sacado para um nicho muito restrito de empresas — que possuem faturamento na casa de dezenas de bilhões — e sem comprometer-se em qualquer estratégia de atuação com o sacado, existem fintechs surgindo com um olhar diferenciado.

Algumas têm como proposta realmente instituir uma parceria com a empresa sacada, de forma a adotar estratégias que realmente agreguem eficiência financeira e aumento da lucratividade para essas empresas e empresários, ao mesmo tempo em que beneficia ativamente toda a cadeia produtiva desta. E o melhor: elas não se restringem a mega grupos empresariais, empresas com volume de compra anual superior a R$ 40 milhões já se mostram elegíveis.

Em outras palavras, retira-se o ente bancário da operação, transferindo a lucratividade para a própria empresa compradora, além de proporcionar a implantação de medidas ainda mais direcionadas ao resultado positivo e eficiente de compras e fluxo de caixa na atividade principal.

Vale lembrar que a tecnologia tem participação fundamental no processo, já que o papel das fintechs é justamente criar “atalhos” que permitam uma atuação mais eficiente dessas empresas qualificáveis ao risco sacado para que a oferta do crédito seja total à sua base de fornecedores, democratizando cada vez mais o acesso ao crédito e, por consequência, o fortalecimento da cadeia produtiva.

É desse modo que fintechs têm entregue eficiência e agilidade nos seus processos, permitindo que elas se tornem grandes facilitadoras no acesso ao risco sacado.

*André Bravo é COO da Bankme, fintech que cria e opera ‘mini bancos’.

As opiniões neste espaço refletem a visão dos especialistas e executivos de mercado, e não a do Finsiders.

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Conteúdos produzidos por jornalistas do Finsiders e artigos exclusivos de executivos e especialistas no setor financeiro

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