Documentário idealizado por Guga Stocco discute o Open Finance no país

Com expectativa de funcionamento completo em setembro deste ano, o Open Finance é um dos projetos ambiciosos, senão o mais ambicioso, liderado em anos recentes por um regulador no Brasil.

A iniciativa reflete a transformação ocorrida no setor financeiro nos últimos anos, mas principalmente um novo cenário, em que o consumidor está no controle dos seus dados e decide como, quando e com quem compartilhar essas informações.

Lançado ontem em São Paulo para um grupo de jornalistas e convidados, o documentário “Open Revolution” — idealizado por Guga Stocco, dirigido por Steven Phil e produzido por Eduardo Keating —, busca discutir a revolução que está por trás desta nova realidade que se desenha.

Em 71 minutos, o filme se propõe a mostrar a escalada do Open Finance no Brasil, mas o que se vê é um panorama de como as inovações e tecnologias evoluíram e desembocaram no atual contexto de maior digitalização dos negócios, e uso e compartilhamento de dados.

A partir de mais de 40 horas de entrevistas e depoimentos, o documentário reúne 26 executivos, executivas e especialistas em tecnologia bancária e inovação para traçar uma perspectiva, sem muitos detalhes e profundidade, sobre o que significa o Open Finance para o setor financeiro e, claro, para a sociedade.

Cartaz do filme
Cartaz do filme “Open Revolution” (Divulgação)

A escolha por discutir o tema de maneira geral, ainda que não de forma superficial, tem explicação. O documentário funciona como uma espécie de ‘teaser’ para uma plataforma com 26 cursos que acaba de ser lançada pela Fpass, empresa de lifelong learning responsável pelo projeto.

Com uma produção de qualidade, feita pela Operahaus Features, o documentário fala sobre a evolução tecnológica na sociedade e nos serviços financeiros em geral, aborda a necessidade de adaptação por parte dos grandes bancos e mostra o avanço de fintechs e big techs. Trata-se de um contexto bem costurado.

“Revoluções aceleram ou reduzem as transformações da História e não é diferente no âmbito digital. Por meio dessa grande transformação que estamos vivendo ficou claro que estamos apenas no começo e que o mundo digital nada mais é do que uma extensão do mundo físico”, diz Guga Stocco, idealizador, narrador e apresentador do documentário, e cofundador da Futurum Capital, em nota à imprensa.

Ainda assim, o filme peca ao discutir pouco os desafios para que o Open Finance realmente traga benefícios para os brasileiros — os brasileiros da “vida como ela é”, como o livro de Nelson Rodrigues. Afinal, como levar o valor do Open Finance para a população? Não aquela que está na Faria Lima, mas nos rincões do Brasilzão.

A própria seleção dos entrevistados e entrevistadas se limitou a quem está na liderança dos maiores bancos e de empresas de tecnologia e software (fornecedoras desses mesmos bancos) que, por óbvio, são muito importantes para essa transformação. O mérito foi ter ouvido o regulador, além de nomes de referência em outros países como Chris Skinner e Ian Brown. Por outro lado, faltou trazer mais “representantes” do ecossistema de inovação e das fintechs.

Apesar disso, o filme traz depoimentos de nomes de peso no setor, que estão à frente dessa (contínua) transformação tecnológica e regulatória nos serviços financeiros.

Participaram, por exemplo, Carlos Eduardo Brandt, chefe-adjunto do Departamento de Competição e de Estrutura do Mercado Financeiro do Banco Central (BC); Ana Karina Bortoni Dias, CEO do banco Bmg; Juliana Pentagna Guimarães; vice-presidente de relações com investidores do banco BS2; Raul Moreira, board member do Banco Original; e Leandro Vilain, diretor de inovação, produtos e serviços da Febraban.

A lista inclui, ainda, Marco Stefanini, CEO da Stefanini; Rodrigo Cury, head of consumer banking do BTG Pactual; Marcos Cavagnoli, diretor de Open Finance e Digital Cash Management do Itaú Unibanco; Julia De Luca, tech manager do Itaú BBA; Gustavo Araújo, CEO do Distrito, entre outros executivos e executivas.

A plataforma com as masterclasses está disponível no site da Fpass, por uma assinatura mensal de R$ 69. Já o documentário está sendo negociado para transmissão em algumas das principais plataformas de streaming, contou ao Finsiders Eduardo Keating, CEO da Fpass, ao final da exibição ontem (24) à noite.

A empresa também está fechando contratos com instituições financeiras para levar o conteúdo para seus funcionários ou clientes. Outras obras documentais, em formato de longa e série, estão em desenvolvimento e vão abordar temas ligados à transformação digital.

Assista ao teaser:


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