Em mais um movimento para reforçar o foco nos pagamentos internacionais, a fintech Ebanx anunciou nesta semana a expansão das suas operações e soluções de pagamentos para a África, continente considerado pelo unicórnio brasileiro como a próxima “grande fronteira” de crescimento para o mercado digital, inclusive pagamentos, nos próximos anos.
Depois da América Latina, com presença em 15 países da região, o Ebanx colocou o continente africano como prioridade para sua expansão global, conforme anúncio feito na 6ª edição do Latin America Summit, evento anual da companhia realizado pela primeira vez fora do Brasil, na Cidade do México.
Para João Del Valle, CEO e cofundador do Ebanx, este é o momento da África e lembra o cenário da América Latina em 2012, quando a fintech iniciou sua jornada. “A economia digital da África em rápido crescimento está apenas começando e está projetada para crescer ainda mais e se consolidar nas próximas décadas. Ao lado de atores globais, o Ebanx será um catalisador dos muitos benefícios de uma economia digital acelerada”, disse ele, em comunicado.
A operação da fintech na África começa por três das maiores economias da região: África do Sul, Quênia e Nigéria. Em conjunto com o Egito, as três nações representam 32% da população do continente africano e 51% do seu PIB.
Na África do Sul, a solução do Ebanx vai contemplar o Instant EFT by OZOW, segundo método de pagamento online mais popular no país e que permite permite aos compradores online acessar o banco pela internet para fazer uma Transferência Eletrônica de Fundos (EFT, na sigla em inglês) verificada instantaneamente.
No Quênia, o Ebanx vai habilitar o M-Pesa, famoso serviço bancário móvel que permite aos usuários armazenar e transferir dinheiro, assim como pagar por compras online por meio de seus telefones celulares. No país, o M-Pesa é um dos grandes responsáveis pelo acesso da população a serviços financeiros.
Já na Nigéria, a fintech vai aceitar transferências bancárias, além do USSD, protocolo de pagamento que utiliza o sinal GSM e permite que os clientes paguem por suas compras de comércio digital.
Conforme explica Paula Bellizia, presidente de pagamentos globais do Ebanx, a decisão pelo desembarque na África foi resultado de um estudo e entendimento dos desafios, potenciais e atores locais. “A África está repleta de potencial de crescimento. A adoção digital e o consumo de bens e serviços online aceleraram rapidamente nos países africanos, e muito capital de investimento tem sido injetado na região”, afirmou ela, em comunicado.
No texto, o Ebanx cita números que ajudam a justificar a presença no continente africano. Segundo um relatório divulgado em junho pela Endeavor, com contribuições da McKinsey, há atualmente uma economia digital de US$ 115 bilhões na África, resultado da combinação de uma população jovem e com conhecimento digital, o que aumenta a penetração digital, com o impacto da pandemia da covid-19.
Com a entrada nos primeiros países africanos, o Ebanx passa a operar em um total de 18 países, atendendo mais de 1 mil clientes globais, incluindo grandes players como Amazon, Aibnb, Kwai, Shein, Shopee, Spotify, Uber, entre outras.
SaaS e micropagamentos
Durante o Latin America Summit, o Ebanx também anunciou o lançamento de três novos produtos: uma solução de processamento de transações de alto valor para o mercado B2B SaaS/cloud, estimado em US$ 11 bilhões na América Latina; uma solução de micropagamentos, com foco em produtores de conteúdo digital; e uma ferramenta de transação única, que permite aos compradores adquirir produtos de vendedores locais e globais com apenas um pagamento nos marketplaces online.
Pagamentos internacionais
O anúncio da expansão para a África ocorre na mesma semana em que a fintech vendeu para a iugu parte relevante da carteira de clientes da Juno no Brasil, companhia que oferece soluções de pagamento para pequenas empresas na internet e foi comprada há cerca de um ano pelo Ebanx.
A chegada ao continente africano também se insere num contexto de diversas mudanças no unicórnio brasileiro, que engavetou o plano de IPO nos Estados Unidos por conta das condições desfavoráveis de mercado.
Em janeiro, o Ebanx abriu um escritório no México. No mês seguinte, trouxe Paula Bellizia como nova presidente de pagamentos globais, justamente para liderar essa expansão ao redor do mundo. E em junho, a fintech cortou cerca de 20% do quadro de funcionários alegando uma “revisão” da operação para dar foco ao core business de pagamentos internacionais.
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