Pix faz dois anos com mais de R$ 1 trilhão em transações/mês

Lançado em novembro de 2020 pelo Banco Central, o Pix movimentou mais de R$ 13 trilhões em 26 bilhões de transações, até o fim de setembro

Parece que foi ontem que existia um mundo sem Pix, não é? Lançado em 16 de novembro de 2020, o sistema de pagamentos instantâneos criado pelo Banco Central (BC) completa dois anos hoje como o método de pagamento mais utilizado pelos brasileiros. No total, foram cerca de R$ 14 trilhões movimentados em 28 bilhões de transações até outubro.

Setembro foi o primeiro mês em que o Pix ultrapassou R$ 1 trilhão em volume financeiro. A marca já vinha sendo testada nos meses anteriores, conforme mostra o gráfico abaixo. O tíquete médio é de R$ 444, enquanto as transações via TED — que somou R$ 3,4 trilhões em setembro — teve tíquete médio de R$ 40,6 mil.

Fonte: Banco Central

Para se ter uma ideia da relevância desses números, o volume transacionado com cartões de janeiro a setembro deste ano foi de R$ 2,42 trilhões em 28,6 bilhões de operações, conforme números apresentados recentemente pela Abecs, que representa as empresas de meios eletrônicos de pagamento.

Em relação aos cartões, o Pix ultrapassou as operações de débito em janeiro deste ano, e no mês de fevereiro foi a vez de passar na frente das transações com cartões de crédito, quando se tornou o meio de pagamento mais utilizado no Brasil.

Levantamento feito pela Federação Brasileira de Bancos (Febraban), com base em números do BC, mostra que no primeiro mês de funcionamento o Pix ultrapassou as transações feitas com DOC (lembra dele?). Em janeiro do ano passado, superou também as operações via TED. Em março do mesmo ano, ultrapassou o número de transações realizadas com boleto. Já em maio, o Pix ultrapassou a soma de todos eles.

“O Pix foi e continua sendo uma ferramenta fundamental para impulsionar a bancarização e a inclusão financeira no país e, desde o seu lançamento, tem se mostrado uma importante oportunidade para o Brasil reduzir a necessidade do uso de dinheiro em espécie em transações comerciais e os altos custos de transporte e logística de cédulas, que totalizam cerca de R$ 10 bilhões ao ano”, disse Isaac Sidney, presidente da Febraban, em nota.

Desde o lançamento, há dois anos, o Pix soma 523,2 milhões de chaves cadastradas. Até outubro, 141,4 milhões de brasileiros já tinham usado o Pix em seus pagamentos. Nos últimos meses, vêm crescendo a quantidade e o volume financeiro de transações entre pessoas e empresas (P2B) e também entre as companhias (B2B). Ainda assim, há desafios para o sistema de pagamentos avançar no ambiente corporativo.

Pix e Open Finance

A combinação entre Open Finance e Pix já começa a mostrar a que veio. Analistas entendem que a iniciação de transação de pagamento (ITP) terá um papel fundamental para melhorar a experiência do consumidor em jornadas como compras no e-commerce ou depósito em conta (cash-in), entre outras situações.

“Podemos estimar que a iniciação de pagamento poderá chegar de 15% a 20% das transações realizadas via Pix. Não esquecendo que, paralelamente, o Arranjo Pix não para de crescer”, avalia Marcelo Martins, CEO da fintech Iniciador e diretor-executivo da Associação Brasileira de Fintechs (ABFintechs), também em nota.

O especialista lembra da agenda evolutiva do Pix, que deverá ter novas funcionalidades nos próximos anos, como a melhoria dos sistemas de combate à fraude; valor recorrente variável; pagamento em lote, Pix Garantido (alô, cartão de crédito) e, no futuro, Pix Internacional.

A tecnologia construída pelo BC brasileiro, exemplo para o mundo, será liberada gratuitamente para outros países, conforme afirmou o presidente da autoridade monetária, Roberto Campos Neto, em evento organizado na última sexta-feira (11) pela CFA Society Brazil, em São Paulo. “Agora, em novembro, a gente vai abrir tudo que a gente fez no Pix, em termos de protocolo, para todos os bancos centrais que quiserem copiar, de graça”, disse.

Em outro evento, no fim de setembro, Roberto já havia comentado sobre a frente de internacionalização do sistema de pagamentos instantâneos, citando que tinha participado de reunião com os presidentes dos bancos centrais da Colômbia, do Uruguai e Peru, que querem fazer iniciativas semelhantes ao Pix. “Abrimos uma sessão em novembro, de seis dias, em que vamos mostrar basicamente tudo o que fizemos com o Pix. Nossa prioridade agora é América Latina, mas acho que tem chance de expandir isso aí”, disse ele, na ocasião.

*Matéria atualizada às 15h com dados mais recentes divulgados pelo BC.

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