Em setembro de 2021, o banco digital BS2 decidiu mudar seu foco para atender apenas empresas, especialmente as de pequeno e médio porte (PMEs), em meio ao ambiente cada vez mais competitivo entre neobanks para pessoas físicas (B2C). Em outro movimento, a instituição estruturou uma área de banking as a service (BaaS) e digital cash management, que desde setembro do ano passado se tornou uma vertical de negócios independente.
Agora, como parte dessa estratégia, o BS2 está ampliando sua atuação no arranjo Pix com o lançamento da modalidade Pix Indireto. O serviço permite que fintechs, instituições de pagamento (IPs), wallets e outras empresas ofereçam o meio de pagamento instantâneo aos seus clientes, mesmo não sendo participante direto do sistema Pix. Na prática, quem opta pela solução se torna participante indireto no arranjo, utilizando a infraestrutura e tecnologia do BS2.
Participantes diretos no Pix são as instituições financeiras (IFs) e de pagamento (IPs) que estão, como o próprio nome diz, conectados diretamente ao Sistema de Pagamentos Instantâneos (SPI), a infraestrutura de liquidação para essa modalidade de transação. Já os participantes indiretos são as instituições que disponibilizam conta transacional para seus clientes, mas não possuem conexão direta ao SPI e, portanto, precisam se plugar a um participante direto.
E a partir de 1º de março, qualquer empresa que ofereça conta transacional precisa, obrigatoriamente, ser participante do arranjo Pix de forma direta ou indireta, conforme a Resolução 269, publicada no início de dezembro. Trata-se de uma das medidas recentes adotadas pelo Banco Central (BC) para aumentar a segurança do sistema e, assim, evitar fraudes e uso de ‘contas laranjas’ por criminosos.
A oferta do Pix Indireto pelo BS2 se insere nesse contexto e já vinha sendo planejada pelo banco. “Acabamos engavetando o projeto por questões de responsabilidade regulatória. Agora com o novo entendimento, resolvemos desengavetar e já estamos oferecendo a solução para as empresas”, conta Breno Guelman, executivo de digital cash management do BS2, com exclusividade ao Finsiders.
Para ele, a nova regra trazida pelo BC ajuda a tornar o mercado mais transparente e seguro. “Ao passo que os atores se tornam conhecidos e as transações rastreáveis, aumenta a segurança de todo ecossistema”, diz.
Com o Pix Indireto, o executivo diz que o BS2 quer dar a oportunidade para instituições que ofertam wallets e contas transacionais de se posicionarem de igual para igual em relação aos grandes bancos.
“As vantagens são que as empresas se tornam PISP [provedores de serviço de iniciação de pagamento], conseguem acessar o DICT [Diretório de Identificadores de Contas Transacionais] e podem oferecer todas as funcionalidades do Pix, como QR Code estático e dinâmico, Pix Saque e Pix Troco”, explica Breno.
Sem abrir números, o executivo diz que o BS2 vem conversando com potenciais empresas clientes desde dezembro. Nas operações via Pix como um todo, a meta do banco é dobrar o volume transacionado neste ano. “Hoje, já movimentamos mais de 9,5% de todo o Pix P2B [transações de pessoas para empresas] porque oferecemos soluções de recebimento para empresas”, conta.
O Pix Indireto é o primeiro produto para empresas parceiras, dentro da estrutura de BaaS e digital cash management do banco. “Estamos nos posicionando como um player para levar todas as soluções que temos hoje para clientes finais no modelo ‘as a service’. A ideia é ir além do BaaS tradicional. Queremos oferecer soluções nos quatro pilares: crédito, cash, câmbio e seguros”, diz Breno. Sem revelar detalhes, ele diz que projetos piloto estão sendo desenvolvidos neste momento com algumas empresas.
Concorrência não vai faltar para o banco mineiro. Diversas instituições que atuam com banking as a service (BaaS) oferecem o Pix Indireto ou estão incrementando o portfólio com essa solução, com a iminência da entrada em vigor da nova resolução. Players como BTG Pactual, BV, Banco Rendimento, Dock, Itaú BBA, entre outros, já disponibilizam o serviço.
“Um dos nossos diferenciais é que temos uma solução completamente proprietária e, ao longo do tempo, aprendemos a lidar com altas volumetrias. Temos uma capacidade de processamento que poucos players têm”, diz Breno. Ele lembra, ainda, que o BS2 foi o primeiro banco homologado pelo Banco Central, para operar o meio de pagamento instantâneo no país.
Leia também:
BS2 amplia parceria com Abrão Filho e pode virar sócio da fintech de câmbio
Pagamentos recorrentes serão prioridade na agenda do Pix em 2023
BC altera regras sobre limites para transações com Pix
Pix, BNPL e ‘click to pay’ devem crescer no e-commerce em 2023