Exclusivo: PicPay prepara terreno para avançar em investimentos

O PicPay está trazendo para dentro de casa a Liga Invest, a plataforma de investimentos construída pelo seu controlador, o grupo J&F

Nos últimos meses, o PicPay vem avançando em sua estratégia para ser um super app, com serviços financeiros e não financeiros. Depois de entrar em criptoativos e lançar os “cofrinhos”, a fintech agora pavimenta o caminho para ampliar sua atuação em investimentos, apurou o Finsiders.

A empresa está trazendo para dentro de casa a Liga Invest, a plataforma de investimentos construída pelo grupo J&F (dono do próprio PicPay e também do Banco Original) e que ganhou corpo com a aquisição da startup LionX — notícia veiculada pelo Pipeline, site de negócios do Valor, em março do ano passado.

Na prática, em vez de desenvolver internamente, o PicPay pegou um “atalho” e vai absorver a Liga Invest. A empresa é a antiga J&F DTVM, que mudou de nome em julho de 2022 e, nesta semana inclusive, teve aprovação do Banco Central (BC) para aumentar seu capital social de R$ 70 milhões para R$ 95 milhões, conforme publicação no Diário Oficial da União.

Conforme apurou o Finsiders, o movimento está em estágio inicial, com alguns recursos, como compra e venda de ações, sendo testados por um grupo pequeno de funcionários. Em seu site, a Liga Invest diz que chegou para “mudar o mundo dos investimentos”. Uma página na central de ajuda do site do PicPay também informa sobre o investimento na bolsa, dizendo que o ambiente da Liga Invest pode ser acessado no app.

Embora ainda no princípio, a estratégia é clara e demonstra a intenção do PicPay em concorrer cada vez mais com grandes bancos e, com um portfólio maior de investimentos, avançar em direção a um público de alta renda hoje atendido por grandes plataformas, como XP, BTG Pactual e NuInvest (do Nubank), por exemplo.

A diferença em relação a esses players é que a plataforma de investimentos está sendo “embarcada” em um aplicativo que soma mais de 70 milhões de usuários, sendo 32 milhões deles ativos. O que significa uma mudança na estratégia inicial da Liga Invest, que seria uma nova plataforma — e, portanto, com o desafio colossal de aquisição de clientes num “oceano vermelho”.

Super app, banco ou ambos?

O movimento na área de investimentos coincide, ainda, com a migração da operação de varejo do Banco Original para o PicPay, um processo atualmente em curso e cujos motivos foram detalhados em reportagem publicada pelo Finsiders na semana passada.

Em junho do ano passado, vale lembrar, o PicPay também recebeu aprovação do Banco Central (BC) para mudar o nome do antigo Banco Original do Agronegócio para PicPay Bank e, com isso, passou a ter sob sua estrutura uma instituição financeira, além da própria instituição de pagamentos (IP). A matéria foi publicada em primeira mão pelo portal Fintechs Brasil, em parceria com o Finsiders.

Também em 2022, a empresa liberou uma plataforma de empréstimos P2P, o “Clube de empréstimos”, uma modalidade de investimento. A intermediação é feita pela fintech Crednovo, uma Sociedade de Empréstimo entre Pessoas (SEP) que também pertence à J&F.

Concorrência

O PicPay entra numa arena bastante competitiva que tem nomes fortes como XP, BTG e NuInvest. Outro player que disputa espaço e também avançou nesse mercado recentemente é o Mercado Pago — o banco digital do Mercado Livre tem um acordo com a Órama.

O Inter, que também se posiciona como super app (no Brasil e nos EUA), possui uma plataforma de investimentos que atingiu R$ 62 bilhões em ativos sob custódia no terceiro trimestre de 2022, com captação líquida de R$ 3,8 bilhões no período — último dado disponível.

Procurado, o PicPay não comentou sobre a iniciativa.​

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