Um ano depois de virar unicórnio, Neon demite 9% do quadro

Segundo fontes não oficiais, os cortes na Neon atingem mais de 130 pessoas de um total que passa de mais de 1,5 mil funcionários

A fintech Neon até conseguiu se segurar por mais tempo que outras empresas do mercado nacional, mas esta semana não teve jeito: exatamente um ano depois de se assumir como unicórnio, o neobanco fez a sua rodada de demissões em massa.

Segundo revelaram diversas publicações no LinkedIn, os cortes foram comunicados nesta quarta (15). Uma planilha colaborativa com mais de 40 nomes já está circulando online e, segundo ela, boa parte dos cortes rolaram nas áreas de produto, estratégia e desenvolvimento.

Levando em consideração o número de pessoas na planilha, se trata de um percentual pequeno dentro do quadro geral da companhia, que passa dos 1.500 colaboradores. Contudo, segundo fontes não oficiais, a demissão em massa afetou aproximadamente 9% da força de trabalho, chegando a mais de 130 pessoas. Outra fonte ouvida pelo Startups afirma que o número pode ser ainda maior, passando das 200 pessoas, o que subiria o percentual para cerca de 13% do quadro.

Procurada pela reportagem do Startups, a fintech confirmou os cortes, alegando que foram “ajustes necessários” para fazer frente aos desafios macroeconômicos deste ano. Entretanto, ela não quis abrir detalhes sobre o número de funcionários afastados ou áreas afetadas pelos cortes.

“Com base nos ciclos de avaliação de performance recorrentes e despriorização de algumas iniciativas, o movimento foi difícil, mas fundamental para preservar o que nossa eficiência operacional exige: manter a sustentabilidade do negócio sem onerar o cliente final”, afirmou a empresa em comunicado.


Um ano depois de virar unicórnio

Um detalhe curioso desta história: a decisão de demitir coincidiu com o aniversário da entrada oficial do Neon no clube dos unicórnios brasileiros. Em 14 de fevereiro do ano passado, o banco espanhol BBVA ampliou sua participação na fintech brasileira, com a compra de uma fatia de 21,7%, por R$ 1,6 bilhão.

Na época, o Neon chamou o investimento de uma rodada de investimento de Série D e, pela primeira vez, assumiu, mesmo que de forma sutil, que entrou para o panteão dos unicórnios.

Apesar de ter começado 2022 com tudo, o restante do ano foi desafiador para a fintech, com alta na inadimplência e metas abaixo do esperado. Mesmo assim, a empresa conseguiu manter um ritmo de crescimento, aumentando a sua base de clientes em 35% e ficando em 22 milhões de usuários.

Na nota sobre as demissões, a empresa afirmou que os ajustes são um passo para colocar a empresa de volta no caminho de um crescimento sustentável. “Seguimos confiantes em nosso time e reiteramos nosso compromisso em promover caminhos financeiros mais simples e justos ao brasileiro trabalhador”, finaliza a companhia.

Mais um banco

Com a sua demissão em massa, a Neon se junta a outros nomes de peso que também enxugaram seus times recentemente para encarar o mercado em 2023. Em janeiro, o Nubank desligou a sua área de investimentos, movimento que resultou na dispensa de 40 colaboradores.

Já na semana passada, foi a vez do C6 Bank, que realizou cortes da ordem de 12% no seu quadro (cerca de 500 pessoas), e chegou a despertar a reação do Sindicato dos Bancários de São Paulo, que quis tirar satisfações com o banco sobre as suas razões para os cortes, e possivelmente evitá-los. Apesar dos questionamentos, o banco seguiu com seu plano e realizou o passaralho.

*Conteúdo publicado originalmente pelo portal parceiro Startups.

Leia também:

Quatro meses após aporte, fintech Solfácil faz demissão em massa

PagBank PagSeguro demite cerca de 500 pessoas

Neon reforça área de tecnologia, três meses após trazer novo CTO

No Venture Capital, boas e más práticas virão à tona em 2023