Um ano após o lançamento do Pix, o sistema de pagamentos instantâneos do Banco Central (BC), a ferramenta já somava 115,2 milhões de usuários e movimentações de R$ 620,9 bilhões por mês, em novembro de 2021. Ao longo de todo 2022, foram transacionados R$ 10,9 trilhões. Sem taxas e facilidade nas operações, não é difícil explicar para um estrangeiro o sucesso acelerado da iniciativa.
Não demorou muito e logo surgiu o interesse de outros países pela adoção do sistema. O presidente do BC, Roberto Campos Neto, afirmou, durante um evento em fevereiro, que estava formando um bloco de pagamentos instantâneos na América Latina, em parceria com Colômbia, Uruguai, Chile e Equador. “Estamos olhando como fazer o Pix internacional”, disse o economista, na ocasião.
Pois bem. Agora, o Federal Reserve (Fed, o BC dos Estados Unidos) anuncia que a partir de julho a população local poderá usufruir do FedNow, seu serviço de pagamentos instantâneos. Em comunicado, o órgão regulador norte-americano informou que começará a etapa de certificação das instituições participantes na primeira semana de abril.
No processo de preparação das transações em tempo real, os ‘early adopters’ do sistema deverão concluir um programa de certificação e outro de testes junto aos consumidores.
Essas certificações abrangem testes de currículo, com as expectativas bem estabelecidas no aspecto operacional, e levam em conta, ainda, a experiência das empresas para criar novas conexões. Neste ritmo, o BC dos EUA afirma que os players certificados vão conduzir as atividades de validação em junho, para que o serviço esteja no ar no mês seguinte.
“Não poderíamos estar mais entusiasmados com o próximo lançamento do FedNow, o que permitirá que todas as instituições financeiras participantes, das menores às maiores, de todos os cantos do país, ofereçam uma solução moderna de pagamento instantâneo”, afirmou Ken Montgomery, primeiro vice-presidente da unidade do Federal Reserve em Boston e executivo responsável pelo programa FedNow.
Por ora, o Fed diz que companhias e órgãos de diversos tamanhos já manifestaram a intenção de usar o serviço já em julho, a exemplo do próprio Departamento do Tesouro dos Estados Unidos (o U.S. Treasury).
Montgomery observa que o segredo para a expansão rápida do projeto será justamente a incorporação pelo mercado privado, elevando, assim, a disponibilidade a empresas e usuários em solo norte-americano (aliás, essa foi uma das iniciativas que ajudaram na consolidação do Pix no Brasil). A ideia é lançar um serviço com um conjunto de funcionalidades robusto e acrescentar novas features no futuro, conforme o feedback dos clientes.
O lançamento ocorre justamente em um momento em que os órgãos reguladores dos Estados Unidos estão atentos às operações financeiras, na esteira da quebra do Silicon Valley Bank e do Signature Bank, além do aperto regulatório sobre o mercado de criptomoedas. Desta forma, o FedNow pode ser importante também para oferecer mais transparência para o sistema financeiro local.
“O lançamento reflete um marco importante na jornada para ajudar as instituições financeiras a atender às necessidades dos clientes por pagamentos instantâneos, para melhor apoiar quase todos os aspectos de nossa economia”, disse Tom Barkin, presidente da unidade do Fed em Richmond e o executivo sponsor do programa FedNow.
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