Em operação há cerca de três anos, a Finplace — marketplace de crédito com foco em pequenas e médias empresas (PMEs) — está perto de atingir R$ 3 bilhões em volume de crédito intermediado na plataforma, viu o faturamento crescer mais de 80% em 2022 e se aproxima do equilíbrio financeiro (breakeven). As informações são do CEO e fundador, Felipe Avelar, em entrevista exclusiva ao Finsiders.
Criada dentro do grupo Credit Brasil, que controla a gestora especializada em fundos de investimento em direitos creditórios (FIDCs) CB Partners, a Finplace conecta PMEs que buscam crédito a mais de 380 financiadores — em sua maioria, FIDCs, mas também bancos pequenos e médios, como Bmg e Sofisa. “Estamos conversando com mais bancos”, diz Felipe, sem abrir nomes.
Atualmente com 7,4 mil clientes cadastrados, a fintech já intermediou R$ 2,9 bilhões em crédito e deve terminar abril batendo a marca de R$ 3 bilhões. No ritmo de hoje, a expectativa é superar os R$ 4 bilhões até o fim deste ano. O tíquete médio das operações fica entre R$ 150 mil e R$ 180 mil.
O marketplace da Finplace conta com ferramentas de inteligência artificial (IA) e integração com o Data Busca, que disponibiliza dados sobre quadro societário das empresas tomadoras de crédito, assim como empresas associadas. Outra funcionalidade é uma integração com o Sistema de Informações de Créditos (SCR), do Banco Central, para a consulta do histórico de endividamento das empresas.
“A base da pequena e média empresa é a performance. Transformamos tudo isso em tecnologia e inteligência artificial (IA), com informações como estoque, margem bruta, SKUs devolução de vendas, e mostramos a curva de tendência em relação ao segmento onde a empresa atua. Ao fazer isso, entregamos uma riqueza grande [de dados] para tomadores e financiadores”, diz Felipe.
Foco no engajamento
Segundo Felipe, com a deterioração do quadro macroeconômico, a demanda por crédito caiu drasticamente e o prazo das operações de antecipação de recebíveis também diminuiu. Nesse cenário difícil, o desafio da Finplace é qualificar a base existente e mantê-la engajada, diz o CEO. Para avançar nisso, a fintech aposta em dados e tecnologia.
Hoje, apenas 20% dos clientes estão “enquadrados” na métrica de engajamento, que considera o uso do Finscanner, um plugin que o usuário instala no computador e permite o upload automático das notas fiscais. “Nosso objetivo é fazer esse índice subir para 50% da base nos próximos meses”, aponta Felipe. Com o aumento da base engajada, a fintech espera entrar em novas modalidades de crédito, como o consignado, a ser oferecida pelas empresas clientes aos seus funcionários.
Mas, para isso, a Finplace ainda precisa vencer uma etapa anterior, a confiança dos pequenos empresários em compartilhar os dados (eu ouvi Open Finance?) e também o entendimento dos financiadores sobre a utilização das informações coletadas automaticamente pelas ferramentas da plataforma, sem ficar dependente das análises de crédito tradicionais que costumam levar mais de um mês.
Não à toa, a educação dos tomadores e financiadores é um dos principais focos da Finplace para o ano. “O tomador não quer passar as informações, e o financiador não está acostumado com essa tecnologia. Então, precisamos ‘pegar na mão’ para explicar sobre as ferramentas”, diz Felipe.
O dinheiro recebido pela fintech em sua primeira rodada de investimentos vem sendo usado nessa frente. Em outubro do ano passado, a Finplace levantou um aporte de R$ 10 milhões liderado pela gestora de private equity e venture capital DSK Capital, que tem no portfólio empresas como ABC da Construção, Atlas Governance e Medway.
Mercado
O modelo de marketplace de crédito para empresas também é uma estratégia adotada por outras fintechs no mercado.
Fundada em 2015, a Finpass foi a primeira a oferecer uma espécie de “shopping digital” de crédito para empresas. A lista de players que apostam nesse segmento inclui, ainda, as fintechs de Campinas Capital Empreendedor e Antecipa Fácil, além da cearense Kalea, entre outras.
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