Por Paulo David*, exclusivo para o Finsiders
A tecnologia é uma realidade em várias esferas da economia, e no mercado de capitais isso não é diferente. Dentre todos os nichos que fazem o processo econômico girar, esse setor é um dos mais importantes. Portanto, um dos que mais pode se beneficiar dessas transformações que facilitam os processos, otimizam tempo e geram mais eficiência para as empresas.
Uma das coisas que tenho percebido, aliás, é a evolução desse cenário. Ou seja, não tenho dúvidas de que os processos precisam dessa modernização. Na velocidade em que as coisas surgem atualmente, nem sempre é possível acompanhar todos os lançamentos e transformações. Nesse sentido, trago 4 tendências que proporcionam mais eficiência ao setor.
1. Tecnologia de nuvem
A tecnologia ou armazenamento em nuvem permite o processamento de grande quantidade de documentos e a análise de dados em tempo real. Como consequência, isso garante baixos custos de manutenção e possibilita que informações sejam armazenadas e acessadas com mais segurança e eficiência.
Além disso, essa ferramenta, aliada aos sistemas de cibersegurança, proporciona mais transparência, flexibilidade e acesso facilitado para empresas e usuários e resulta no desenvolvimento de plataformas digitais eficientes, modernas e assertivas. Em outras palavras, algo que é fundamental para o mercado de capitais.
2. Inteligência artificial (IA)
A popular e, ao mesmo tempo polêmica, inteligência artificial (IA) também tem aplicações úteis ao mercado de capitais. Seu uso pode auxiliar, por exemplo, na prevenção de fraudes bancárias, buscando transações fora do padrão esperado. Também é útil para avaliar análises de investimentos, uma vez que é capaz de examinar dados de operações passadas e cruzá-los com o perfil do investidor.
Grandes bancos como Goldman Sachs e Morgan Stanley já têm testado IA internamente. Mais recentemente ainda, o JP Morgan deu um passo à frente e anunciou o desenvolvimento de uma IA similar ao ChatGPT que fornece sugestões de investimento. Dessa forma, a adoção da tecnologia por parte de grandes instituições dá indícios de seu potencial.
3. Tokenização
Conforme um relatório divulgado em 2022 pela empresa de consultoria norte-americana Grand View Research, esse instrumento deve movimentar aproximadamente US$ 13,5 bilhões (R$ 70 bilhões) até 2030. Assim, a tokenização de ativos e o uso da blockchain são a próxima fronteira do mercado.
Esses ativos ficam mais seguros e as movimentações mais transparentes, além de os processos se tornarem rápidos, auditáveis e conectados. Ou seja, uma vez que a rede é única, todos podem ter acesso, o que facilita o contato entre empresa e cliente e proporciona maior controle sobre as operações.
Desse modo, quando as companhias e todos os envolvidos no mercado de capitais entenderem a facilidade e diminuição de burocracias que a tokenização oferece, o Brasil, que já está à frente de outros países emergentes e até dos Estados Unidos, por exemplo, terá grande potencial para alcançar novos níveis desse desenvolvimento.
4. Smart contracts
Por meio da rede blockchain, os contratos são automatizados e auto executáveis, não havendo possibilidade de não serem cumpridos por uma das partes envolvidas. Ao utilizar esse instrumento, não existe a necessidade de um intermediário entre as partes. Assim, os processos que envolvem transações são realizados de forma mais rápida, eficiente e padronizada.
Um caso de uso dessa tecnologia que deve ser um game changer para o mercado de capitais é a entrega contra pagamento (DvP, na sigla em inglês). Na prática, consiste na entrega de um ativo acontecer no mesmo instante em que o respectivo pagamento é feito. .
Todos esses fatores mostram, portanto, que a tecnologia é uma grande aliada do mercado de capitais. E com as aplicações estratégicas corretas, as empresas podem alcançar seus objetivos de forma mais rápida e eficaz.
*Paulo David é CEO e cofundador da AmFi, fintech de infraestrutura de crédito baseada em tecnologia blockchain.
As opiniões neste espaço refletem a visão de founders, especialistas e executivo(a)s de mercado. O Finsiders não se responsabiliza pelas informações apresentadas pelo(a) autor(a) do texto.
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