Celero aposta em BFM 'white-label', atrai Sicredi e tem mais de 20 empresas no pipeline

"Nosso objetivo é levar o ERP para dentro do banco", diz João Augusto Betenheuzer, cofundador da Celero, ao Finsiders

Diversas pesquisas já mostraram que gestão financeira e acesso a crédito são algumas das principais dores das pequenas e médias empresas (PMEs). Até aí, nenhuma novidade. Não à toa, cada vez mais grandes bancos, fintechs e neobanks miram nesse público e constroem soluções que “bebem da fonte” dos dados do Open Finance, regulado ou não.

Há, ainda, uma conexão mais forte entre sistemas de gestão empresarial (ERP, na sigla em inglês) e serviços financeiros. Basta observar movimentos feitos por players como Totvs, Omie, Conta Azul, entre outros, que têm avançado na frente de banking para embarcar novas soluções em seus softwares de gestão. Nessa arena, a curitibana Celero aposta no contrário.

“O pessoal está levando o banco para o ERP. Nosso objetivo é levar o ERP para dentro do banco. Então, começamos a desenvolver o conceito de BFM, oferecendo soluções de gestão financeira dentro da experiência bancária do cliente”, explica o cofundador da Celero, João Augusto Betenheuzer, em conversa com o Finsiders.

No jargão do mercado, para quem não está familiarizado, BFM é a sigla em inglês para gestão financeira empresarial. O modelo, bastante explorado em outros países, é semelhante ao do PFM (para gestão das finanças pessoais).

Foco no B2B

A Celero, que nasceu em 2016 como evolução de uma consultoria de gestão financeira, chegou a atingir 5 mil clientes com sua solução de departamento financeiro online para PMEs. Mas desde o ano passado, como parte de uma parceria com a Visa, a empresa pivotou o negócio e passou a atuar no B2B. E há duas semanas, a fintech anunciou o primeiro cliente desta nova fase: o Sicredi.

Os fundadores da Celero João Augusto Betenheuzer, João Henrique Tosin e Pedro Chaves, e o CTO Eduardo Machado. Foto: Divulgação
Os fundadores da Celero João Augusto Betenheuzer, João Henrique Tosin e Pedro Chaves, e o CTO Eduardo Machado. Foto: Divulgação

A instituição financeira cooperativa com mais de 6,5 milhões de associados está concluindo o piloto do seu organizador financeiro para PMEs. Nessa fase, a aplicação está sendo utilizada em 10 das 105 cooperativas de crédito que integram o Sicredi. A previsão é disponibilizar para todos os associados em setembro.

Com identidade visual do sistema cooperativo, a ferramenta possui também integração com outros serviços de fluxo de caixa como emissão e gestão de boletos, notas fiscais e pagamentos. Por meio do Open Finance, a empresa associada ao Sicredi também pode acessar informações financeiras de outras instituições em que detém conta bancária.

“Nessa etapa inicial, a experiência ainda é por aplicativo separado, mas posteriormente a ideia é que seja no mesmo app em que a empresa acessa a conta”, diz João Augusto, da Celero.

Pipeline

O Sicredi inaugura este novo posicionamento da Celero, que tem no radar como potenciais clientes, principalmente, bancos, adquirentes, cooperativas, além de varejistas que compram produtos e serviços de PMEs. “Estamos com 24 projetos no pipeline, alguns mais avançados que outros”, afirma o empreendedor.

Um dos pilotos que será lançado em breve é com um player do setor bancário, diz João Augusto, sem abrir o nome por questão de contrato. Outro teste em andamento é com um grande varejista, cujo projeto acaba de ser iniciado. “Temos expectativa de rodar mais duas soluções este ano ainda, além do Sicredi. E mais cinco no ano que vem.”

Com uma plataforma white-label, nas versões web e mobile, o BFM da Celero possui uma tecnologia com inteligência artificial que consegue identificar, por exemplo, onde cada CNPJ possui contas a receber e a pagar, reunir as informações, cruzar e analisar os dados, entre outras funcionalidades. Isso é fruto de mais de 50 milhões de interações que a fintech teve com clientes ao longo dos últimos sete anos, quando atendia diretamente as PMEs.

“Hoje a plataforma suporta mais de 1,3 mil CNAEs para trazer essa informação tanto para o usuário ‘pejotinha’ quanto dados de backoffice para a instituição que oferta isso para cliente PME”, explica João Augusto.

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