ANÁLISE

Open Finance chega ao mercado de câmbio

Nova etapa promete introduzir uma era de transparência aumentada, eficiência de mercado e oportunidades de inovação

Evandro Caciano/Trace Finance - Imagem: Divulgação
Evandro Caciano/Trace Finance - Imagem: Divulgação

À medida que os anos passam, observamos transformações significativas que moldam não apenas alguns setores, mas a interação com o mundo financeiro. Ainda não temos como definir o quanto haverá de impacto real, mas a fase 4 do Open Finance promete redefinir a relação do usuário do mercado de câmbio, introduzindo uma era de transparência aumentada, eficiência de mercado e oportunidade de inovação. 

Contexto regulatório e implementação prática

Sob a regulamentação do Banco Central (BC), esta nova fase traz o compartilhamento de dados sensíveis e cruciais do mercado de câmbio. Diferentemente do que muitos tinham de expectativa, as informações disponibilizadas não são muitas; por enquanto serão:

  • Taxas de câmbio
  • Valor efetivo total (VET)

A implementação, meticulosamente planejada, segue uma abordagem faseada, garantindo a conformidade regulatória e permitindo, assim, uma transição suave para as instituições financeiras envolvidas. Espera-se que em breve mais dados sejam disponibilizados sobre câmbio. Porém, com os dados já liberados, uma porta se abriu. Mas entrar nela demandará adaptação, estudo e estratégia.

Apenas esse tripé bem trabalhado poderá garantir sucesso nessa experiência do cliente. Entretanto, como toda inovação, vejo alguns desafios importantes a se superar:

  • Educação do cliente: A adesão ao Open Finance é totalmente do cliente. A pessoa está empoderada quanto aos seus dados, porém precisa ser convencida da vantagem que terá ao aderir a tal compartilhamento.
  • Complexidade operacional: A gestão de um grande volume de informações pode ser uma tarefa árdua, especialmente para instituições menores ou menos equipadas tecnologicamente. Sem contar que não basta estar inserido e receber as informações, mas é imprescindível saber o que fazer com elas.
  • Acesso desigual: O benefício das inovações pode ser desigualmente distribuído, favorecendo clientes de instituições maiores ou mais avançadas tecnologicamente.
  • Oportunidades de negócios em câmbio: O acesso aos dados precisa gerar estudos, análises e estratégias para impacto na experiência do usuário.

Transações internacionais econômicas e eficientes

A integração das operações de câmbio no Open Finance abre portas para inovações disruptivas no mercado. Dessa forma, instituições podem agora oferecer melhores condições de câmbio, desenvolver ferramentas de hedging sofisticadas e criar novos serviços que facilitam transações internacionais econômicas e eficientes.

A era digital, impulsionada por dados abertos e compartilhados, não apenas facilita transações, mas também catalisa a criação de métodos revolucionários de interação financeira. Da mesma forma que a internet redefiniu os fluxos de informação, a fase 4 do Open Finance está configurada para ser a próxima grande onda para aumento de adesão. Contudo, essas precisam desembocar em eficiência, personalização e segurança.

Portanto, enquanto nos preparamos para esta nova realidade, vale a pena refletirmos sobre: o que faremos com os novos dados? Quais dados nós queremos e ainda não temos?

*Evandro Caciano é diretor de operações da fintech Trace Finance e professor de câmbio e capitais internacionais na Abracam, Febraban e GMS.