Google mira na carteira física para popularizar pagamentos digitais no Brasil

Em dezembro de 2022, vale lembrar, o Google Pay recebeu autorização do Banco Central para atuar como instituição de pagamento (IP)

O aumento da oferta de meios de pagamentos e a mudança de comportamento do consumidor, com o usuário passando a comprar com diferentes ferramentas em múltiplos canais, fizeram com que as empresas tivessem que se adaptar, inclusive as big techs. Foi nesse cenário que o Google lançou, em 2015, a Google Pay, sua carteira digital que aterrissou no Brasil em 2017.

Durante o “Payment Revolution”, evento realizado ontem (1) pela plataforma de educação StartSe, a brasileira e diretora global do Google Pay, Paula Paschoal, explicou que a wallet da big tech foi relançada no ano passado para trazer mais “sinergia” com o mercado brasileiro. Segundo ela, “o Brasil, se não é a principal prioridade, é uma das três” da empresa em caráter mundial.

Atualmente, a solução permite o pagamento por aproximação e também ajuda nas compras online, com o botão da ferramenta disponível no check-out ou por meio do preenchimento automático dos dados do usuário nas transações. Além disso, permite inserir o ingresso do cinema, a carteira de vacinação ou o cartão de embarque em viagens, por exemplo.

“Cada vez mais estou buscando, com o aplicativo, a carteira física desse usuário do Android, que soma quase 90% da população brasileira. Com esses lançamentos, temos tentado nos adaptar ao mercado brasileiro”, afirmou a diretora global do Google Pay.

Em dezembro de 2022, vale lembrar, o Google Pay recebeu autorização do Banco Central para atuar como instituição de pagamento (IP), na modalidade de iniciador de transação de pagamento (ITP), dando indícios a respeito do apetite das grandes empresas do segmento tech por serviços financeiros no Brasil.

A executiva declarou, ainda, que os pagamentos digitais no Brasil registraram crescimento de 15% no último ano, na base de comparação anual. E que esse patamar deve se manter nos próximos cinco anos. “Ou seja, já é muito grande e tem muito mais ainda para crescer. De fato, tem muito dinheiro físico na mesa que vem cada vez mais fazendo parte do pagamento digital”, disse.

Parcerias e proteção dos dados

Há muito tempo, as empresas envolvidas nas finanças digitais abandonaram a ideia pura e simples de serem apenas concorrentes, para se tornarem parceiras. Neste sentido, Paula destacou o posicionamento do Google Pay como um facilitador para os negócios, estreitando a conexão entre usuários e varejistas.

“Eu não monetizo diretamente a transação financeira, não quero ser um concorrente dos bancos ou bandeiras. Mas, sim, ser um parceiro eficiente nas transações”, disse a executiva.

Na visão dela, o Brasil tem alguns pontos a melhorar na cadeia de pagamentos, como a prevenção à fraudes. Nesta seara, a diretora global do Google Pay classificou o país como um dos “mais complexos do mundo”.

“É realmente inovador e criativo em termos de fraude”, afirmou. “A fraude é específica de cada país. A maneira como eu integro com os bancos não é a mesma na Índia ou na Europa. Se você não tiver um bom controle e produto da ótica de segurança, não faça nada. Segurança, hoje, está no topo da nossa lista”, completou Paula.

‘Fazer o básico antes de avançar’

Nos últimos anos, o Brasil teve a introdução do Pix, o pagamento por aproximação com cartões físicos e de carteiras digitais nos dispositivos móveis. No entanto, a executiva ponderou que antes de pensar em tecnologias mais avançadas, como tecnologia ocular ou com a leitura da palma da mão, o país precisa focar na inclusão financeira da população.

“Eu vejo o pagamento na China com o olhar. Nos Estados Unidos, o pagamento com a palma da mão no supermercado é uma realidade. A minha preocupação é menos onde a gente vai chegar com a tecnologia, com inteligência artificial e o blockchain como estruturas de pagamentos, e mais em como a gente faz para incluir todo mundo”, disse Paula.

Como exemplo, a diretora do Google Pay lembrou que muitos smartphones não contam com NFC para fazer as transações por aproximação. Por isso, o Google lançou recentemente o pagamento com QR Code.

“É muito mais fácil aproximar o cartão e pagar, mas hoje 80% dos smartphones não têm NFC. E todo o resto que quer pagar com pagamento digital? Tenho que ter esse olhar muito atento em como eu trago todo mundo junto”, afirmou.

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