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Varejistas, operadoras de telecom, empresas de saúde e companhias de outros setores avançam cada vez mais em serviços e produtos financeiros. É inegável que o setor passa por uma transformação acelerada.
Para novos empreendedores, tem sido mais fácil se lançar no mercado porque as barreiras de entrada estão menores, o arcabouço regulatório está robusto e as tecnologias evoluem num ritmo veloz.
Para fisgar a atenção do usuário final, no entanto, será preciso se diferenciar. A combinação entre oferta de serviços financeiros e não financeiros pode ser um caminho interessante.
A avaliação é do especialista Bruno Diniz, sócio da consultoria Spiralem e autor do livro “O fenômeno fintech”, no novo episódio do podcast “Itaú Views”, que foi antecipado à Finsiders e vai ao ar nesta quinta-feira (1). O áudio está disponível nas plataformas Spotify, Deezer e Apple.
“Estamos falando de uma construção de ecossistemas. Acredito que vá acontecer uma hiperespecialização. Temos vários nichos que podem ser explorados. O que vai fazer grande diferença é como as empresas vão combinar oferta financeira e não financeira.”
O especialista cita como exemplo uma solução para caminhoneiros. Um jeito seria plugar produtos ligados a esse público com a oferta de serviços financeiros. O modelo de unir produtos financeiros com outras ofertas tem sido explorado mundo afora, e no Brasil não é diferente.
Existem casos que já rumam para essa direção, como o Inter, com seu super app e que acabou de levantar R$ 1,2 bilhão em follow-on para incrementar seu marketplace e acelerar aquisições. Ou ainda Via Varejo (dona das marcas Casas Bahia e Ponto Frio) com seu banco digital banQi.
“De fato, o mercado financeiro nunca esteve tão democrático. Uma das razões para isso são os avanços regulatórios nos últimos tempos, permitindo entrada de novos modelos de negócio. Junto com isso, teve a evolução tecnológica. Além disso, surgem mais figuras como as provedoras de banking as a service (BaaS), que facilitam processo de criação de instituições financeiras digitais.”
Para Antonio Soares, CEO da Conductor, que atua com banking as a service, o assunto deixou de ser ‘buzz word’ para uma realidade. “As principais plataformas de BaaS são de banking, com contas de pagamento. Tem uma segunda onda que é dar crédito, e o open banking vai ajudar nisso”, avalia. A empresa desenvolveu uma solução financeira digital para o mercado de reciclagem, exemplifica ele.
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Na visão de Thiago Maceira, managing director e head do núcleo tech do Itaú BBA, as separações entre o que é ou não serviço financeiro vão ficando cada vez menos claras. Companhias com grande base de dados, por exemplo, têm potencial enorme para entender o consumidor e os fluxos de pagamento e, assim, melhorar a oferta de produtos. “Também há uma preocupação em diminuir fricção nas transações”, diz.
Os especialistas discutiram, ainda, a evolução do ecossistema brasileiro de fintechs em comparação a outros mercados, as oportunidades de negócio com a chegada do PIX, o processo de bancarização no país, entre outros assuntos.