O banco digital e plataforma de investimentos modalmais apresentou à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) pedido para IPO de units, em oferta primária e secundária, com listagem no nível 2 da B3. No prospecto preliminar da oferta, a empresa diz ter sido uma das primeiras a combinar oferta de investimentos completa com banco digital. Os recursos serão destinados para investimentos em tecnologia, marketing, expansão dos negócios por meio de aquisições estratégicas e ampliação da carteira de crédito.
“Desta forma, promovemos uma solução completa e diversificada para uma gama abrangente de clientes, desde investidores de varejo – dos menos aos mais sofisticados, bem como para agentes autônomos independentes (“AAIs”), consultores de investimento e family offices”, escreve a instituição no documento enviado à CVM.
No ano passado, o modalmais registrou lucro líquido das operações continuadas atribuído aos controladores de R$ 43,248 milhões, uma alta de 16,8% em relação a 2019. Encerrou 2020 com mais de 1,2 milhão de clientes, um aumento de 62% na base anual. Os ativos sob custódia somaram R$ 17,812 milhões em 2020, contra R$ 12,361 milhões no ano anterior.
Expansão
No ano passado, o Credit Suisse no Brasil fechou acordo para comprar até 35% do modalmais, avaliando o banco digital em cerca de R$ 5 bilhões. Pelo contrato firmado com o banco suíço, o modalmais pretende explorar as oportunidades e sinergias a partir da parceria. Por exemplo, o “oferecimento aos nossos clientes de uma ampla gama de produtos (como notas estruturadas, fundos de investimento, entre outros) originados e/ou distribuídos pelo Credit Suisse”, cita no prospecto.
Neste ano, o modalmais já fez três aquisições: a casa de análise Eleven Financial Research, a escola de treinamento de assessores Proseek e o hub de inovação Ela Vence, da investidora-anjo Camila Farani, que virou sócia do banco. No caso da compra da Eleven (ainda sujeita à aprovação do BC), fundada por Adeodato Netto (o ‘Dato’), a ideia é que a casa de research com mais de 30 analistas e mais de 160 empresas cobertas (mais de 200 em watchlist) faça parte da estratégia de “research as a service” do modalmais, além de “potencializar nossa estratégia junto aos AAIs, consultores de investimento e family offices”.
Como oportunidades de mercado, o banco cita a crescente bancarização, o mercado altamente concentrado em grandes bancos e os juros no patamar mínimo histórico, que impulsionam movimentos como o “financial deepening” e a abertura de contas em instituições financeiras alternativas, assim como a elevação de CPFs na B3. Outro fator que contribui é a agenda regulatória favorável, com open finance e Pix.
Em resumo, o vasto e concentrado mercado bancário no Brasil com clientes insatisfeitos forma a base da oportunidade de disrupção atual dos bancos digitais e plataformas de investimento no Brasil. Ainda em estágio inicial, essa disruptura é suportada pelo forte movimento de procura por educação e informação financeira e suportada por uma agenda regulatória positiva do Banco Central”, escreve a instituição no prospecto.
Entre as vantagens competitivas, o modalmais acredita estar em posição privilegiada por oferecer uma plataforma digital única, fluída e intuitiva no conceito “one stop shop” para os clientes, além de assessoria financeira. Outro foco de atuação da empresa é a educação financeira, por meio da plataforma “Investir Juntos”, que terá o reforço do Ela Vence, criado há dois anos por Camila Farani, com o propósito de fomentar o empreendedorismo feminino.
Mais uma frente é o “banking as a service”. Com essa solução do modalmais, os parceiros poderão oferecer produtos e serviços bancários aos clientes, como cartão de crédito, transferências (inclusive com Pix), pagamento de contas, conta depósito, créditos colateralizados, entre outros, além da plataforma de investimentos.
O capital social do banco é de R$ 291,9 milhões, divididos em 586,8 milhões de ações, sendo 70,3% ações ordinárias e o restante, preferenciais. Com a oferta, o capital social poderá ser aumentado até atingir o limite de R$ 948,825 milhões de ações ordinárias e/ou preferenciais, sujeito à aprovação pelo conselho de administração da empresa.
O Credit Suisse é o coordenador-líder da oferta, junto com Bank of America e Itaú BBA.
Mercado
O pedido de IPO do modalmais chega num momento em que o mercado de investimentos passa por uma evolução acelerada. O Nubank aguarda aprovação do Banco Central (BC) sobre a aquisição da Easynvest.
A Neon anunciou, também no ano passado, a compra da Magliano, primeira corretora de valores do Brasil. O Inter, por sua vez, lançou uma área de research, criou uma estrutura de wealth management e comprou a gestora DLM Invista, transformada em Inter Asset. Em sua plataforma aberta de investimentos, o banco mineiro tem 1,2 milhão de clientes ativos com crescimento anual de 159%, e R$ 44 bilhões em ativos sob custódia, com expansão anual de 136%, conforme o balanço do quarto trimestre de 2020. Neste início de 2021, o Inter contratou o ex-Santander e Icatu Felipe Bottino para liderar a área de investimentos.
Também em 2020, ocorreram outras operações relevantes de M&A. O Santander, por exemplo, adquiriu 60% da Toro Investimentos. Já o BTG Pactual comprou a Necton Corretora por R$ 350 milhões. E o Itaú Unibanco lançou um aplicativo de investimentos, conforme noticiado com exclusividade pela Finsiders.
Acesse o prospecto preliminar da oferta do modalmais aqui.