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O alt.bank, fintech com foco em desbancarizados, acaba de levantar uma rodada Série A de US$ 5,5 milhões, liderada pela Union Square Ventures (que já investiu em empresas como Lending Club, Stripe, Coinbase e Twitter), no primeiro investimento do VC em uma startup na América do Sul.
Acompanharam o aporte os investidores-anjos Taavet Hinrikus (fundador e CEO da Wise, antiga TransferWise), Nick Talwar (presidente e CEO da CircleUp) e Iñaki Berenguer (fundador e CEO da CoverWallet).
Com o cheque, a fintech vai lançar novos produtos, como empréstimo pessoal, cartão de crédito e conta PJ. “Planejamos oferecer taxas de juros não predatórias aos nossos membros para ambos os produtos e também permitiremos que os negativados solicitem crédito”, explica ao Finsiders Brad Liebmann, fundador e CEO do alt.bank. Executivo do Lehman Brothers na década de 1990, Liebmann fundou nos anos 2000 a Simply Business, com sede em Londres, comprada em 2017 por US$480 milhões pela seguradora americana Travellers.
Em 2018, ele resolveu empreendedor novamente e fundou o alt.bank, com o objetivo de levar “justiça financeira” às pessoas. E escolheu o Brasil por algumas razões. Por aqui, temos uma grande população desbancarizada — levantamento recente do Instituto Locomotiva aponta 34 milhões de pessoas sem conta em banco ou com pouca frequência de uso. O alt.bank calcula, contudo, que 100 milhões de brasileiros (algo como dois terços da população adulta) são negligenciados ou vítimas de práticas abusivas de crédito.
Outro fator decisivo para a escolha do Brasil é alta penetração de smartphones — são 230 milhões de aparelhos em uso atualmente no país. Além de que quase 75% da população brasileira com dez anos ou mais estão conectados à internet, segundo o Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br).
Como Fábio Silva, country manager do alt.bank no Brasil, explicou recentemente ao Finsiders, justiça financeira é um passo além de inclusão financeira. “Justiça financeira significar fornecer acesso universal de forma justa para qualquer pessoa, independentemente da condição social”, disse. A empresa entende que todo indivíduo tem direito a uma conta bancária e que os bancos devem emitir crédito a taxas de juros justas.
A startup fechou 2020 com 130 mil usuários em sua base, em pouco mais de um um ano de atividade — a abertura ao mercado ocorreu no fim de 2019. “Saímos de cem usuários, fechando 2020 com 130 mil na base”, afirmou Fábio Silva, ao FInsiders. O público-alvo é formado por brasileiros, entre 25 e 35 anos, de classes C e D, de todas as regiões do país. No total, o aplicativo, disponível em Android, já foi baixado por mais de 1 milhão de pessoas. “Esperamos ver outros milhões nos próximos anos”, diz Liebmann, sem abrir as expectativas de crescimento.
Além da conta digital, a startup oferece um cartão de débito bandeira Visa amarelo fluorescente, chamado pelos membros de “amarelinho”. Este ano, a fintech também vai lançar uma conta PJ, com foco em MEI, que já está pronta e será lançada em breve, segundo Liebmann.
A empresa também vem fechando parcerias com varejistas para oferecer benefícios aos usuários. Entre os acordos já fechados, estão Droga Raia, Drogasil e Pague Menos, por meio qual os membros têm descontos que variam entre 5% e 30% em diversos produtos. “Vamos investir ainda mais em parcerias nos próximos meses para oferecer mais benefícios aos nossos membros”, afirma o empreendedor.
John Buttrick, sócio da Union Square Ventures, justifica o investimento no alt.bank, o primeiro do Venture Capital em uma empresa na América do Sul. “Para o nosso primeiro investimento na América do Sul, o padrão foi alto. A combinação do modelo de negócios do alt.bank e a equipe de gestão de classe mundial nos motivou a expandir nosso foco geográfico para ajudar a construir a liderança banco digital que visa 100 milhões de brasileiros que atualmente estão sendo negligenciados pelos credores tradicionais”, afirmou, em nota.
Ele se junta ao conselho da fintech, que já reúne nomes como Thomaz Srougi, fundador e CEO do Dr Consulta; Michel Goguikian, ex-CEO do Santander Latam; e Nick Talwar, presidente e CEO da CircleUp. No time, a startup tem 80 colaboradores, trabalhando de São Paulo, São Carlos e remotamente em outros cinco países.
O alt.bank não está sozinho na busca por atrair o público desbancarizado. A SuperSim, fintech de microcrédito online com foco nas classes C e D, planeja crescer entre cinco e seis vezes em 2021, e por mês recebe cerca de 120 mil pedidos de empréstimo em sua plataforma, disse o fundador ao Finsiders recentemente.
O aplicativo Click Cash, que levantou R$ 5,5 milhões em abril, soma mais de 350 mil downloads e aposta em empréstimo rápido para pessoa física, com tíquetes entre R$ 1 mil e R$ 10 mil, principalmente indíviduos com perfil e score negligenciados pelo sistema tradicional de crédito.
A Simplic, que iniciou sua operação no Brasil em 2014, quer ampliar a oferta de produtos de crédito para o público das classes C e D. “Estamos pensando em trazer pelo menos mais um produto, que já é oferecido nos EUA, nos próximos 12 a 18 meses. Algo próximo a um cartão de crédito.”, disse ao Finsiders recentemente Rogério Cardozo, diretor-executivo da Enova International, responsável por liderar a operação da Simplic.
Além delas, outros nomes vêm avançando em produtos e serviços financeiros, inclusive crédito, para baixa renda. São fintechs como Noverde, Jeitto e Conta Zap, que opera uma conta digital por WhatsApp e Facebook Messenger e está agregando novos produtos e serviços financeiros.
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Danylo Martins é jornalista com dez anos de cobertura de finanças, empreendedorismo e inovação no setor financeiro. Com MBA em mercado de capitais, é vencedor de quatro prêmios de jornalismo econômico e colabora com o jornal Valor Econômico há oito anos. Teve passagens por Folha de S.Paulo e revista Você S/A.
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