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Como estratégia de antecipação ao open banking — que estreia a sua segunda fase no próximo mês — o Kinvo, consolidador de investimentos adquirido pelo BTG Pactual em março, acaba de firmar uma parceria com o Mercado Bitcoin, maior exchange de criptomoedas da América Latina, com mais de 2,7 milhões de clientes cadastrados e R$ 40 bilhões em volume negociado até abril.
O ‘namoro’ entre as duas empresas é antigo, como conta Moacy Veiga, CEO da Kinvo. Agora, com a união oficializada, os dados dos dois aplicativos estarão sincronizados, o que segundo ele, vai proporcionar uma experiência totalmente diferente para o usuário.
“A gente percebe hoje um número absurdo de investidores de bitcoin, mais até do que renda variável. Queremos cada vez mais formas do investidor acompanhar esse ativo que é tão relevante. E a própria movimentação que o bitcoin teve no último ano, pela insegurança que foi causada no meio da pandemia, terminou atraindo muito mais gente”, destaca.
Hoje, o aplicativo já conta com um volume de mais de R$ 22 bilhões em criptomoedas cadastradas, considerando a carteira de mais de 37 mil usuários. Vale lembrar que ela é apenas uma dos vários ativos que o usuário da Kinvo possui em seu portfólio, que pode aumentar nos próximos meses. “Vamos anunciar mais duas casas grandes no Brasil. E a ideia é que até o final do ano a gente tenha interligado pelo menos as 20 maiores do país”, conta o empreendedor, sem dar tanto spoiler.
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A partir de agora, clientes do Kinvo também poderão importar dados do Canal Eletrônico do Investidor (CEI) da B3, que agrega parte das informações sobre os investimentos dos usuários e também do Tesouro Direto.
Assim, para cada movimentação, o usuário deve realizar uma nova sincronização para manter a carteira sempre atualizada. “A gente tem uma expectativa grande. Temos conversado com a bolsa de que eles vão evoluir esse serviço. Eu não sei até que ponto ela [B3] revela isso, mas deve melhorar muito a experiência.”
Há quase quatro anos no mercado, o aplicativo Kinvo soma mais de 700 mil usuários, com um total de R$ 137 bilhões em investimentos cadastrados. Além disso, conta com 49 mil usuários pagantes e cerca de 30 mil usuários são de fora do Brasil, de países como EUA, Portugal, Inglaterra, Japão, entre outros.
Briga boa
Todos esses movimentos fazem parte do desejo da empresa de fazer com que o investidor tenha uma jornada completa no aplicativo. Com a aquisição do BTG, portanto, este caminho se torna ainda mais facilitado. “Eles são muito sofisticados, têm acesso a produtos que só eles fazem. Eu começo a criar para eles [investidores] oportunidades que não teriam em outros lugares”, afirma o empreendedor.
Vale lembrar que no ano passado, a startup lançou uma solução B2B, conforme antecipada por Veiga em entrevista ao Finsiders, em novembro. “Hoje o BTG já é uma das maiores casas em número de assessor do Brasil, brigando com a XP, e a gente quer também criar uma experiência para esse assessor do mesmo jeito que criamos para o cliente final. Para nós, foi um casamento perfeito”.
No segmento de consolidadores, a briga também está boa. Além do Kinvo, disputam um pedaço do bolo a Fliper (comprada no ano passado pela XP), Real Valor (adquirida pela Empiricus, que agora também é do BTG), além do Gorila (investido de Ribbit, monashees, Canary e Iporanga Ventures).
Concorrem também Smartbrain, forte no B2B, que entrou no B2C ano passado; AAWZ, que já consolida mais de R$ 100 bilhões em ativos; ComDinheiro, com mais de 100 mil usuários; além das novatas Allê Invest, com seu Kokpyt, que prevê chegar a 5 milhões de pessoas em cinco anos; e a MeuPortfolio, que levantou um aporte R$ 1 milhão em janeiro, e tem como público-alvo agentes autônomos, single e multi-family offices, além de bancos e corretoras.
Sobre a concorrência com o Real Valor, por exemplo, Veiga desconversa. Para ele, essa disputa entre os principais players do mercado é ‘extremamente saudável’. “É como se fosse a bola da vez agora na área de fintech. O BTG está com uma estratégia muito alinhada, de criação de um ecossistema muito forte. Essa convivência com o ecossistema é extremamente importante, a gente vê com muito bons olhos. E fazer parte deste time é muito bom. A gente acredita muito no que eles [BTG] estão construindo.”
Tokenização de produtos
No fim de maio, o presidente do Banco Central, Roberto Campos, divulgou as diretrizes para o lançamento, nos próximos anos, do “real digital”, uma moeda digital que pode tornar as operações de pagamento mais baratas, além de ampliar as possibilidades de transações. Esse movimento de digitalização, que começou com o Pix e tem ganhado força com o Open Banking, tem recebido atenção especial por parte da empresa.
“Tem algumas coisas que a gente começa a analisar. Moeda para mim tem duas funções: uma, obviamente, é a reserva de valor e a outra principal que é transacional, você conseguir comprar qualquer coisa utilizando esse tipo de moeda”.
Para o futuro, Veiga considera a adesão ao blockchain e a tokenização de ativos um movimento ‘irreversível’. “Em muito pouco tempo você vai ver imóvel tokenizado, carro tokenizado, principalmente na parte de compartilhamento e fracionamento desses ativos”.
Open Banking
A empresa segue participando de alguns comitês ligados ao tema Open Banking. Para o empreendedor, ex-diretor da FuturaInvest (vendida para a Azimut), o tema ainda está muito limitado às instituições financeiras, com “uma série de ‘senões’ que ninguém sabe como responder”. “A gente entende que hoje é o nosso maior gargalo. Ter o dado hoje disponível, realmente facilita muito a vida do investidor e sua jornada”.
O founder acredita que, com a evolução do mercado, a oferta de produtos também tem se tornado cada vez mais sofisticada — fazendo com o cenário seja cada vez mais democrático. “É um conjunto de eventos não previstos que estão ocorrendo ao mesmo tempo. Isso vai causar uma transformação gigantesca nos próximos anos. E o grande ganhador é o usuário na ponta”, diz.
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Giovanni Porfírio é jornalista com cinco anos de carreira, foi editor web no Startupi antes de chegar ao Finsiders. Formado pela Universidade Estadual de Londrina (UEL) e pós-graduando em Produção e Práticas Jornalísticas na Contemporaneidade na Faculdade Cásper Líbero (FCL), teve passagens, ainda, por RICTV Record Londrina e Folha de Londrina.
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