Fintechs representam quase 10% das startups latinas, aponta relatório

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Seja dentro, seja fora do Brasil, as fintechs têm dominado o mercado, e isso se reflete nos números: segundo o relatório Sling Hub Latam, divulgado nesta quarta-feira (29) pela plataforma de inteligência de dados Sling Hub, estes negócios já representam quase 10% de todas as startups latinoamericanas, que hoje somam 23.383 empresas. Em seguida, estão as edtechs (6%) e healthtechs (6%).

Ao todo, o Brasil conta com 1.389 fintechs das 2.194 existentes em toda a América Latina, ou 63,3% da quantidade total. Das 34 companhias consideradas unicórnios na região, sete são fintechs fundadas no Brasil (PagSeguro, Nubank, Stone, Ebanx, C6 Bank, Creditas e Mercado Bitcoin). O dado chama a atenção pelo fato de que até 2017 esse posto era ocupado por apenas duas empresas brasileiras: Mercado Livre e Decolar (que não são do setor).

Para João Ventura, CEO e fundador da Sling Hub, as fintechs facilitaram o acesso às instituições financeiras por parte dos usuários, um mercado até então (e ainda hoje é) controlado pelos grandes bancos.

“Eles estavam confortáveis nessa posição, com grande market share e sem muito esforço de inovação. Existia uma demanda reprimida, milhares de pessoas que precisavam dos serviços bancários, mas que por motivos diferentes, não se sentiam à vontade numa estrutura de banco convencional”, diz ao Finsiders. 

E a vizinhança?

Do outro lado da fronteira, a safra também é interessante. Um pouco mais para cima no mapa múndi, o México tem se destacado ultimamente como um dos grandes ecossistemas de fintechs da América Latina: são 316 negócios nesta vertical, ficando atrás apenas do Brasil.

Em um outro relatório divulgado pelo Sling Hub, cujos dados você viu com exclusividade aqui no Finsiders em julho, até 30 de junho, as startups do setor financeiro por lá já haviam levantado US$ 1 bilhão.

O volume é puxado por mega rounds como da fintech de pagamentos Clip, que levantou US$ 250 milhões em junho em aporte liderado por SoftBank e Viking. Também elevada ao status de unicórnio este ano, possui US$ 380 milhões em volume financeiro, conforme o Sling Hub Latam.

A corretora de criptomoedas Bitso, recém-chegada ao Brasil e que captou US$ 250 milhões recentemente, também foi citada no relatório. A empresa chegou a US$ 316,4 milhões em volume já captado, de acordo com o documento.

Vale lembrar que o México aprovou, em 2018, a Ley Fintech, que define as regras para a operação das fintechs no país, assim como a regulamentação sobre pagamentos móveis, carteiras digitais, crowdfunding e criptomoedas. A lei também determina as regras para serviços bancários abertos e uso de APIs.

Entre os vizinhos, destaque também para os ‘hermanos’. Na Argentina, existem 141 fintechs. Por lá, um dos nomes mais conhecidos é o Ualá, que em 2019 recebeu um aporte de US$ 150 milhões liderado pelo SoftBank (líder na América Latina, inclusive, com 13 unicórnios). Outras nações, como Chile e Colômbia (119 e 136 fintechs, respectivamente), ajudam a fomentar ainda mais o mercado na região.

O Peru é outro que vem crescendo enquanto ecossistema de fintechs. Lá, 21% das suas startups são fintechs, ou um total de 64 empresas. Um dos players é o banco digital B89, que o leitor do Finsiders conheceu a história em primeira mão.

Logo atrás, vem o Uruguai, com as fintechs representando 19% da quantidade total de startups. Aqui, vale um destaque para a dLocal, unicórnio surgido no país em 2021 com sede na capital Montevidéu e que possui US$ 357 milhões em volume de investimentos já captados, de acordo com o relatório.

Startups

Em 2021, as captações feitas por startups na América Latina já somam mais de US$ 13 bilhões, um volume 13x maior em relação ao registrado menos de cinco anos atrás, para se ter uma ideia do crescimento do ecossistema num curto período de tempo. No acumulado dos últimos cinco anos, foram mais de US$ 36 bilhões, aponta a Sling Hub.

Juntos, os dez maiores rounds captaram US$ 14,1 bilhões, representando quase 40% do valor total. Ao todo, foram 5.175 rodadas de investimento, a maior parte delas focada em volumes menores: 48% dos rounds foram de cheques de até US$ 1 milhão, e 52% ocorreram com startups em estágio seed money.

O protagonismo brasileiro é notável. No ano passado, o país recebeu mais de 60% dos investimentos dedicados à América Latina, e hoje concentra 77% das startups e 60% dos unicórnios.

Em M&A, também é o país mais ativo: oito em cada dez (83%) de todas as startups adquiridas na região são brasileiras. O número de aquisições possivelmente baterá seu recorde em 2021. Foram 200 startups adquiridas em 2020, porém, até agosto deste ano, 195 startups latinoamericanas já passaram por este processo, diz o relatório.

Acesse o estudo completo aqui.

(Colaborou Danylo Martins)

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Giovanni Porfírio é jornalista com cinco anos de carreira, foi editor web no Startupi antes de chegar ao Finsiders. Formado pela Universidade Estadual de Londrina (UEL) e pós-graduando em Produção e Práticas Jornalísticas na Contemporaneidade na Faculdade Cásper Líbero (FCL), teve passagens, ainda, por RICTV Record Londrina e Folha de Londrina.

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