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Contra juros abusivos, só portabilidade não basta - é preciso muito mais tecnologia e muito mais competição

O Banco Central divulgou estudo nessa semana mostrando que a portabilidade de crédito vem se mostrando bastante eficiente para derrubar os juros – mas que os resultados poderiam ser ainda melhores se o recurso fosse mais usado pelos brasileiros.

OK, portabilidade é bom e eu gosto. Mas não é para todos. Quantos tomadores têm histórico de crédito que permite acesso a juros menores nos bancos?

A propósito: o custo médio do crédito continua caindo, fechou abril em 17,2% ao ano. Mas o spread caiu menos, e ainda é muito alto: 12,2 pontos percentuais. Ou seja, a maior parte da taxa é spread.

A única coisa que vai efetivamente acabar com abusos e permitir que mais brasileiros tenham acesso a serviços financeiros bons e baratos é o avanço da tecnologia. A tecnologia facilita a vida de novos entrantes (ou seja, mais concorrência), barateia custos, e produz análises e precificação de taxas de juros muito mais eficiente e rapidamente. O advento do Open Banking e a multiplicação de marketplaces de crédito podem inclusive evitar a necessidade de trocar de banco depois – os tomadores teoricamente terão mais opções para escolher em um ambiente de maior competição.

Portabilidade e economia

Segundo o estudo do Banco Central, em 2020 foram registradas 6,3 milhões de solicitações de portabilidade de crédito. Esse volume é apenas 25% do total de contratos de empréstimo que foram fechados com juros acima do mercado: 18,9 milhões de pessoas no crédito consignado, 4,2 milhões no financiamento de veículos e 493 mil no crédito imobiliário. Quem pediu a portabilidade, teve redução média de 2,9 pontos percentuais ao ano no crédito imobiliário e 5,7 pontos percentuais no consignado. O BC acredita que a modalidade, regulamentada em 2006 pela Resolução CMN nº 3.401, poderia ser melhor aproveitada e beneficiar mais tomadores.