Na Adiante, a ambição de ser um 'super app' de crédito para PME

O nome do jogo para as pequenas e médias empresas (PMEs) sobreviverem em uma economia instável – ainda mais que a pandemia continua — é contar com alternativas de crédito para ter fluxo de caixa. Fintechs têm pensado cada vez mais nisso e criado soluções para antecipação de recebíveis. Mas, para tanto, elas mesmas precisam se capitalizar e estão se dando bem nisso.

A Adiante, do grupo GCB, é uma delas. A empresa informa, com exclusividade ao Finsiders, que acaba de concluir uma captação de R$ 10 milhões por meio de debênture — para financiar a compra de notas fiscais de produtos, as chamadas duplicatas mercantis –e já protocola mais uma, no valor de R$ 100 milhões, mostrando que esse tipo de dívida ainda tem seu espaço. A expectativa é que a nova emissão seja finalizada no primeiro trimestre de 2022.

Gustavo Blasco, CEO do GCB e fundador da Adiante, comenta que a ideia não é parar por aí. Para expandir seus planos, a companhia conta com parcerias com ERP e busca negociações com fundos de venture capital.

Há dois meses, a Adiante lançou o crédito sem garantia, que já concedeu R$ 1 milhão. E, no começo deste ano, a empresa implementou sua vertical de ‘fintech as a service’ que já conta com 30 empresas operando — área esta que, na visão de Gustavo, é a que “talvez” tenha o maior de crescimento dentro da companhia.

A fintech previa lançar um marketplace em 2021, mas reformulou as prioridades para as modalidades de crédito. Gustavo afirma que a nova previsão é que a plataforma estreie entre o terceiro e quarto trimestre do ano que vem.

‘Super app’

“Queremos ser um ‘super app’ de crédito para PME. Quando uma PME pensar em antecipação de recebíveis ou demais modalidade de crédito, queremos que ele pense na Adiante”, afirma o empreendedor.

E essa ambição não é por menos. A companhia se baseia em dados a Associação Nacional dos Participantes em Fundos de Investimento em Direitos Creditórios Multicedentes e Multissacados (Anfidc) que mostram que, no ano de 2020, por exemplo, em torno de um terço do volume de crédito do mercado financeiro brasileiro foi feito por meio da antecipação de recebíveis, um aumento de 25% em relação a 2019.

Além disso, de acordo com a Febraban (Federação Brasileira de Bancos), o segmento teve seu pico em março de 2020, no início da pandemia, quando foram concedidos R$ 31,1 bilhões em antecipações, o dobro se comparado ao mesmo período de 2019.

Ao mesmo tempo, caso a nova regra, publicada em junho deste ano, para o registro dos recebíveis dos cartões de crédito destrave, o mercado deve ganhar ainda mais força.

Outra pesquisa, feita em junho pelo Sebrae, aponta ainda que aponta que 45% dos empresários de micro e pequenos negócios recorrem à antecipação dos recebíveis das vendas no cartão “constantemente”.

Gustavo diz que, apesar do cenário ainda incerto, a Adiante está em contato com as registradoras para saber quando incluir a antecipação dessa modalidade em seu portfólio.

Concorrência terá. A TruePay, por exemplo, já nasceu com um seed money de quatro VCs de peso e captou mais R$ 176 milhões após dois meses. Além de outras que estão contando com seus recentes cheques para escalar, como a Monkey Exchange (com o Spike) e a Blu.

Histórico

A fintech, que nasceu em 2018, transacionou cerca de 100 milhões em duplicatas e conta uma carteira de 100 mil clientes, a maioria deles, com faturamento anual de até R$ 20 milhões.

A empresa afirma ser a única do mercado que faz a antecipação deste tipo de recebível 100% online com algoritmos de crédito próprios. Para o score de crédito, ela conta com parceiros, entre eles a Serasa, além de utilizar dados públicos a partir da Receita Federal.

“Se o usuário der o aceite na operação, receberá o dinheiro na conta instantaneamente, 24 horas por dia, uma vez que a operação é feita via Pix. Além dessa rapidez, oferecemos taxas competitivas, em torno de 2% ao mês e não cobramos tarifas”, aponta Gustavo como um diferencial em relação à concorrência, inclusive com grandes bancos.

Neste cenário, a fintech cresceu mais de 700% no último ano, passando de 1,2 milhões para 10 milhões em aquisições mensais de notas fiscais.


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