Concorrência, Pix e novas tecnologias pressionam credenciadoras

Foto: Blake Wisz/Unsplash
Foto: Blake Wisz/Unsplash

Com o aumento da competição no setor e a evolução célere do Pix — que tirou no ano passado R$ 1,5 bilhão em receitas dos quatro maiores bancos listados em bolsa –, as credenciadoras sabem que precisam incrementar a oferta com novos serviços financeiros e também produtos de tecnologia, se quiserem se manter competitivas.

“A combinação de novas tecnologias, regulamentação e concorrência deve produzir mudanças significativas na estrutura e forma como as credenciadoras e subcredenciadoras operam atualmente”, diz o white-paper “O desafio das credenciadoras brasileiras”, que acaba de ser lançado pela Colink Business Consulting, em parceria com a ACI Worldwide.

De acordo com a pesquisa — que entrevistou executivos C-level das principais empresas do setor de pagamentos no país –, 95% dos ouvidos têm como estratégia adicionar novos serviços e formar plataformas. O mesmo percentual foi verificado entre aqueles que pretendem ampliar a oferta de antecipação de recebíveis e crédito aos lojistas.

Já para 95% dos executivos, o Pix deve canibalizar as transações com cartões de débito, pressionando as margens das adquirentes.

Há um entendimento na indústria, diz o paper, de que a monetização com o Pix virá por meio de outros serviços atrelados ao sistema de pagamentos instantâneos. Tanto é que quase metade (47%) dos entrevistados entendem que existe uma oportunidade para explorar a integração do Pix com os sistemas de frente de caixa dos lojistas, por exemplo (alô, Shipay!).

Ainda sobre o Pix, sete em cada dez executivos dizem que o maior problema de segurança do sistema de pagamentos instantâneos está associado à qualidade do processo de onboarding das contas digitais. Não à toa, 69% dos ouvidos planejam implantar sistemas de monitoramento das transações com o Pix.

Em relação ao registro de recebíveis de cartão, em vigor desde junho do ano passado, os executivos do setor demonstram, de maneira geral, um incômodo com sistema, diz o paper. Isso porque, apesar de já ter melhorado, ainda existem desafios de interoperabilidade entre as registradoras.

“Entretanto, há um consenso de que em algum momento o sistema vai se estabilizar e passar a funcionar de forma eficiente”, diz o relatório. Para 88% dos executivos entrevistados na pesquisa, o sistema de registro de recebíveis de cartão gera um aumento da concorrência.

Ainda segundo a pesquisa, metade dos executivos entrevistados quer se valer do Open Finance para melhorar os processos de onboarding e concessão de crédito e outros serviços financeiros.

Uma das oportunidades para as adquirentes, diz o paper, é se unir a outros participantes, num modelo de ecossistema, para “que possam em conjunto capturar dados e informações de consumidores e poder criar produtos e serviços que ajudem os lojistas a vender melhor, melhorando sua proposta de valor para o comércio.”

Especialização

Em um contexto de maior concorrência, é consenso que adquirentes e subadquirentes precisarão se diferenciar. Uma das alternativas, cita o paper em suas conclusões, é investir na especialização por segmento econômico ou geografia.

A criação de serviços financeiros com foco em públicos e nichos é uma tendência que vem ganhando força. Em logística, o movimento é acelerado. No agro, diversas startups buscam ampliar o acesso a crédito para pequenos e médios produtores rurais.

É preciso, sem dúvida, investir na experiência dos clientes, agregando produtos e serviços que de fato aumentem a proposta de valor para a base. Ainda mais num momento em que os papéis de algumas das principais credenciadoras na bolsa perdem valor. No ano, a ação da Stone cai 36% e a da PagSeguro, 41%.

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