Mercado Pago lança CDBs e vai ampliar oferta de investimentos e seguros

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Em mais um movimento para incrementar a oferta de produtos e serviços financeiros, o Mercado Pago – fintech com 34 milhões de usuários únicos – vai lançar em abril CDBs (Certificados de Depósito Bancário) para contratação pelo aplicativo. Os clientes poderão fazer aportes a partir de R$ 1, e serão oferecidas diversas condições de prazo e taxas de remuneração.

O produto chega para complementar a prateleira de investimentos, que já tem conta remunerada a 100% do CDI e também criptoativos (Bitcoin, Ethereum e USDP, a stablecoin da Paxo). A expansão da oferta no segmento não deve parar por aí.

O plano do Mercado Pago é evoluir para uma plataforma de investimentos, agregando inicialmente produtos simples, como fundos de renda fixa mais conservadores, conta Tulio Oliveira, VP do Mercado Pago e country manager da empresa no Brasil, em coletiva com jornalistas realizada nesta quinta-feira (24). Hoje, a fintech tem parceria com a plataforma de investimentos Órama.

“Sobre comprar ou desenvolver dentro de casa, temos perfil bastante construtor, mas sempre avaliamos oportunidades de aquisições”, diz o executivo, quando questionado se construiria os produtos de investimento dentro de casa, ou via parcerias e, eventualmente, operações de M&A.

Em cripto, por exemplo, o Mercado Pago tem como parceiro custodiante a norte-americana Paxos, que também oferece sua plataforma de blockchain para PayPal e Facebook.

Os criptoativos começaram a ser disponibilizados no aplicativo da fintech em dezembro do ano passado. De lá pra cá, o produto já atraiu mais de 1 milhão de investidores, majoritariamente pessoas que estavam na plataforma do Mercado Pago e passaram a consumir os criptoativos, segundo Tulio, mas a solução também atraiu quem já tinha o hábito de investir nesses ativos.

Em outra frente, o Mercado Pago anunciou que vai começar a oferecer o Pix Saque em estabelecimentos comerciais, também a partir do próximo mês.

Inicialmente, a funcionalidade estará disponível em São Paulo, e a expectativa é ganhar escala ao longo do segundo trimestre do ano. A iniciativa tem potencial de atingir até 2,8 mil lojas em todo o país, que fazem parte da rede da Kangu, plataforma de entrega de encomendas comprada pelo Mercado Livre em agosto do ano passado.

Ainda de acordo com o executivo, a expectativa é oferecer esse tipo de serviço em toda a rede de lotéricas e estabelecimentos agentes de saque do Mercado Pago, alcançando 14,5 mil estabelecimentos em todo o Brasil – não há um horizonte de tempo para isso. “Estamos iniciando com Pix Saque nas mais de 2,8 mil lojas da Kangu, que são basicamente comércios independentes”, afirmou Tulio.

Em um segundo momento – também sem informar o prazo previsto –, o executivo contou que a fintech vai passar a oferecer a funcionalidade de depósito de dinheiro na conta do Mercado Pago, diretamente em pequenos e médios comércios varejistas. “Normalmente lançamos pequeno, pilota, testa e vê o que funciona”, explicou, quando questionado sobre como seria feito o lançamento.

Crédito

Com uma carteira de crédito de R$ 4,5 bilhões no encerramento de 2021, o Mercado Pago seguirá acelerando nesse mercado. “A expectativa para este ano em crédito é continuar crescendo. O mercado de crédito é bastante concentrado, e ainda tem uma oportunidade enorme”, afirmou Tulio.

A companhia não divulga projeções para o ano, mas notícias recentes dão algumas pistas sobre o apetite da fintech no segmento. Neste mês, o Mercado Pago aumentou o capital da sua financeira, a Mercado Crédito Sociedade de Crédito, Financiamento e Investimento, para R$ 465 milhões, conforme operação publicada pelo Banco Central (BC) no Diário Oficial da União.

Vale lembrar que o Mercado Pago recebeu, em novembro de 2020, a autorização para operar como financeira, em uma licença que complementa a de instituição de pagamentos (IP). Recentemente, a fintech também começou a atuar como iniciador de pagamentos, sendo a primeira plataforma autorizada pelo Banco Central (BC) a operar com essa licença.

Em relação às expectativas para o crédito neste ano, sobretudo quanto à inadimplência no cenário de crise, Tulio disse que não houve indicadores de deterioração ou piora na carteira de crédito. “Vimos na carteira como um todo perdas dentro da nossa expectativa.”

Há cerca de um ano, o Mercado Pago lançou o cartão de crédito em parceria com a Visa. Perguntado pelo Finsiders sobre a quantidade de plásticos emitidos desde então, o executivo disse não abrir o dado.

“O que podemos dizer é que [o cartão de crédito] aumenta a transacionalidade do cliente. Além das compras que o cliente já faz, ele usa mais o app à medida que vai consultar fatura, por exemplo, e também consome mais produtos.”

Manter a recorrência e o engajamento dos usuários nas plataformas é, sem dúvida, um dos grandes desafios para as fintechs e os bancos digitais. No caso do Mercado Pago, o trunfo é a integração com o e-commerce, um poder de fogo que outras empresas estão ainda em fase de construção. Basta ver diversos exemplos de neobanks unindo banking com marketplace, por exemplo.

Na rota para se tornar cada vez mais uma conta completa, a fintech do Mercado Livre vem agregando, além de crédito e investimentos, produtos como seguros e benefícios. Na primeira vertical, já lançou seguro garantia estendida para compras no Mercado Livre; um produto para celular, que protege contra roubo e danos; e, mais recentemente, colocou para rodar uma proteção para cartão e Pix.

Embora não revele os próximos produtos em seguros, Tulio responde ao Finsiders que existe uma demanda dos clientes por essas soluções, num sinal de que a fintech continuará ampliando a oferta na área. “Temos um roadmap de produtos de seguros vindo pela frente”, disse.

No mês passado, o Mercado Pago divulgou também sua entrada em benefícios, um mercado que gira anualmente cerca de R$ 150 bilhões, é dominado por grandes players como Alelo, VR, Ticket (da Edenred) e Sodexo e vem passando por mudanças de regras. E, como todo grande mercado em franco crescimento, tem atraído startups – entre elas, Flash, Caju e Vee (adquirida pela francesa Swile).

Necessidade de capital

Assim como outras das maiores fintechs no país, o Mercado Pago opera também com uma licença de IP, figura que acaba de sofrer mudanças de regulação, publicadas pelo BC.

Sobre as novas regras, que derivam da consulta pública 78, Tulio disse que não há um “impacto significativo no curto prazo” para a operação. “Vai demandar mais capital à medida que crescemos o nosso negócio de crédito. Mas estamos capitalizados e não muda a dinâmica dos nossos negócios.”

Responsável por 36,8% da receita do Mercado Livre como um todo, a fintech é um dos principais destinos do investimento de R$ 17 bilhões que a companhia pretende fazer no Brasil em 2022.

“Temos três principais linhas de investimento: parte importante é para logística; parte importante para marketing, para seguir investindo em aquisição de clientes; e a terceira parte, bastante importante, é a equipe de tecnologia”, informou Tulio.

No ano passado, a empresa como um todo praticamente dobrou a equipe de tecnologia. Somente o quadro do Mercado Pago no Brasil tem um time de TI com mais de 500 pessoas, com expectativa de continuar crescendo, especialmente com a contratação de engenheiros.

Educação financeira e empreendedora

Na coletiva, o Mercado Pago também apresentou números das principais iniciativas de desenvolvimento empreendedor e social. A empresa tem parceria desde 2018, por exemplo, com a Feira Preta, evento voltado à economia e cultura negra. “Em 2021, capacitamos mais de 250 empreendedores, sendo 80 deles na Colômbia. E abrimos a loja oficial da Feira Preta no marketplace”, contou Gabriela Szprinc, head de pagamentos do Mercado Pago.

Outro projeto é o Empreender com Impacto+, programa de formação de empreendedores que geram impactos positivos para a biodiversidade, o meio ambiente, a sociedade e as comunidades onde atuam. “Já tivemos 250 inscritos, 80 negócios selecionados e mais de 1,2 mil mentorias realizadas”, disse Gabriela. A fintech tem, ainda, uma parceria com o Sebrae, no projeto Se Joga no Online que, como o próprio nome diz, ajuda pequenos negócios a vender no ambiente digital.

Na frente social, a empresa disponibiliza um botão “doar” no aplicativo do Mercado Pago e também organiza um programa chamado Mercado Livre Solidário, hoje com mais de 200 organizações inscritas.

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Redação: Conteúdos produzidos pela equipe de jornalistas do Finsiders,
além de artigos de executivos do setor

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