Com a "casa" arrumada, Beblue vai lançar novos produtos financeiros

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Quase quatro anos depois da crise pela qual passou, a startup Beblue, de Ribeirão Preto (SP), tenta se reerguer, reconquistar uma base de clientes “adormecida” e, para isso, aposta em um conjunto de novos produtos e serviços financeiros, complementando a oferta de cashback.

Explico: em 2018, durante a greve dos caminhoneiros (lembra dela?), a empresa viu o volume de transações em sua plataforma cair dramaticamente. Isso porque os postos de combustível respondiam pela maior fatia do montante movimentado pelos usuários.

A queda na quantidade de transações fez a Beblue suspender temporariamente o serviço de antecipação de recebíveis aos lojistas. “Tivemos, na prática, um descasamento de caixa”, conta Rafael Humberto, CTO da Beblue, ao Finsiders. Na época, a startup foi alvo de reclamações de muitos pequenos e médios varejistas — alguns, inclusive, ameaçaram ir à Justiça para resolver o problema, conforme mostrou uma matéria do site da Exame.

O caminho encontrado para salvar o negócio foi vender o controle da empresa para o fundo de investimento Vector Inovação e Tecnologia (Vit), cujo principal investidor é o empresário Érico Ferreira, dono do conglomerado Omni, que inclui o banco e a financeira de mesmo nome.

Os fundadores, Daniel Abbud e Daniel Gava, saíram do comando, mas seguem no conselho, e já estão empreendendo de novo em outros mercados — o primeiro com a Dryve; e o segundo, com a Rooftop.

A Beblue, por sua vez, vem se transformando em uma carteira digital, com um cartão de débito virtual que poderá ser utilizado no Google Pay e na Samsung Pay, inclusive em estabelecimentos que não são parceiros Beblue.

Hoje, a fintech tem uma base com 700 lojistas que aceitam o pagamento pelo app da startup. São varejistas espalhados por 50 cidades, principalmente municípios menores, como Ribeirão Preto e Bragança Paulista, em São Paulo; Rio Verde, em Goiás; Uberlândia, em Minas Gerais; e Bagé e Pelotas, no Rio Grande do Sul.

“Temos direcionado esforços para cidades com até 650 mil habitantes”, diz Rafael. Já a base de parceiros reúne mais de 2 mil estabelecimentos, que oferecem diferentes formatos de cashback.

Rafael Humberto, CTO da Beblue (Divulgação)
Rafael Humberto, CTO da Beblue (Divulgação)

Para os varejistas, a intenção da startup é servir como uma grande plataforma de fidelização e marketing, podendo promover campanhas de cashback cada vez mais direcionadas e assertivas, a partir de informações transacionais que permitem traçar o perfil dos clientes conforme o hábito de consumo.

“Assim, viramos, na prática, uma plataforma de assistências para o lojista oferecer aos seus clientes. Em um segundo momento, queremos que nosso parceiro varejista também tenha receita a partir desses produtos e serviços financeiros.”

Para o consumidor final, a oferta de produtos e serviços financeiros inclui, além da conta digital, uma linha de crédito com garantia de veículo, operacionalizada pelo banco Omni. A ideia é lançar nos próximos meses outras modalidades, como assistências e seguros, em parceria com grandes seguradoras.

“Estamos colocando as assistências veicular e pet, e um produto para a saúde da família, além de um plano odontológico e um produto de telemedicina”, conta ele. “Vamos lançar ainda no primeiro semestre um cartão de crédito, com anuidade muito acessível e cashback em todas as compras – na função débito ou crédito.”

Desafio nada trivial

Com mais de 5,5 milhões de usuários atendidos até hoje – a base ativa não passa de 600 mil –, a Beblue enfrenta o desafio de fisgar novamente um público que também passou a ter diversas alternativas nos últimos anos e vem recorrendo mais a super apps, bancos e carteiras digitais, um movimento acelerado pela pandemia.

O mercado está, em outras palavras, muito mais competitivo. A lista de players é enorme e reúne nomes bem estabelecidos, como PicPay, Ame Digital, Bitz (do Bradesco), Méliuz, entre outros.

Esse último, que também teve sua origem no cashback, agora avança para ser uma plataforma que combina shopping e banking. No ano passado, atingiu 22,4 milhões de contas (sendo 9,4 milhões de usuários ativos) e recentemente lançou uma nova versão do seu aplicativo, que inclui conta digital, cartão de crédito, Pix, e compra e venda de bitcoin. A ideia é ampliar o portfólio ao longo deste ano com outros produtos.

“Nosso foco é entregar valor não só no mundo do varejo online, mas também no varejo físico, principalmente para pequenos lojistas, como o ‘mercadinho do bairro’, a ‘padaria da esquina’. É cashback no dia a dia”, argumenta Rafael, da Beblue.

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Redação: Conteúdos produzidos pela equipe de jornalistas do Finsiders,
além de artigos de executivos do setor

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