
As operações de fusões e aquisições entre players de infraestrutura para serviços financeiros seguem a todo o vapor. Nesta quinta-feira (5) foi a vez do FitBank anunciar a compra do controle da EasyCrédito, marketplace de crédito pessoal. O valor da transação não foi revelado.
Com a aquisição, a empresa — que se define como uma infratech — passa a disponibilizar soluções de crédito, ampliando o leque de serviços de sua plataforma 100% em nuvem, com tecnologia proprietária e integrada ao SPB (Sistema de Pagamentos Brasileiro) sob o número 450.
“Fala-se muito em banking as a service (BaaS), mas o que existe mesmo é um payment as a service (PaaS). O FitBank é o primeiro ecossistema a oferecer as duas coisas juntas em uma única plataforma, proporcionado essa ponte entre as instituições financeiras e as pessoas, por meio de uma estrutura 100% digital e altamente escalável”, afirma João Chacha, sócio-investidor e responsável pelas operações estratégicas do FitBank, em comunicado.
Fundada em 2015 em Goiânia, a EasyCrédito desenvolveu um marketplace de crédito pessoal, conectado a 36 instituições parceiras, entre elas, Santander, Itaú, BV Financeira e PortoCred, além das fintechs Noverde (recentemente adquirida pela Dotz) e SuperSim.
Com o FitBank, a fintech vai avançar no modelo de credit as a service (CaaS), assim como fez um de seus principais concorrentes, a Bom Pra Crédito, que recentemente se fundiu com a Focus Financeira.
“O cliente que buscar o FitBank para criar seu banco digital, além de serviços como cash-in, cash-out e cartão, por exemplo, terá também diversos serviços de crédito embutido, podendo até mesmo criar sua própria operação de crédito”, afirma Marcos Ramos, CEO e cofundador da EasyCrédito, em comunicado.
A expectativa é que a EasyCrédito, por meio do FitBank e seus clientes, chegue proporcionando a conexão de 10 milhões de solicitações mensais de crédito pessoal.
A aquisição abre oportunidade, ainda, para a EasyCrédito desenvolver novos produtos e ingressar em mercados como crédito para PJ, antecipação de recebíveis e soluções de ‘buy now, pay later’ (BNPL), o famoso crediário reinventado que virou sucesso mundo afora.
O FitBank, por sua vez, soma mais de 200 empresas conectadas a sua plataforma, incluindo indústrias, varejistas, marketplaces, ERPs, prestadores de serviços, neobanks, bancos e fintechs. Indiretamente, a plataforma diz impactar 60 milhões de pessoas.
“Somos o ambiente mais fértil para o desenvolvimento de qualquer tipo de serviço ou produto financeiro ou não financeiro, e a aquisição da EasyCrédito é o início da nossa agenda de consolidação”, diz Otávio Farah, CEO e sócio-fundador do FitBank, no comunicado.
No texto, a empresa — que tem JP Morgan e CSU entre os investidores — diz que pretende realizar mais aquisições neste ano, além de efetivar sua internacionalização, levando a operação para a América Latina e América do Norte.
Mercado
Com a maior demanda de empresas de diferentes setores por serviços financeiros e a implementação do Open Finance, ganham força as plataformas de banking as a service (BaaS) e suas derivações, como credit as a service (CaaS).
Não à toa, os players do segmento se reforçam para escalar as operações, e o crescimento inorgânico é uma das principais estratégias. A Celcoin, por exemplo, comprou a Flow Finance para também avançar em crédito, além da startup de cobrança recorrente Galax Pay. Novas aquisições estão previstas para os próximos meses para acelerar a agenda de consolidação.
A Dock confirmou em dezembro a compra da Cacao, empresa mexicana especializada em soluções de processamento de cartões, notícia antecipada pelo Finsiders no início de novembro. Foi a terceira transação feita pela empresa, que já havia comprado a Muxi e a BPP (antiga Brasil Pré-Pagos).
Na arena de infraestrutura em crédito, a QI Tech comprou a startup de prevenção a fraudes Zaig, depois de receber um cheque de US$ 50 milhões em rodada liderada pelo GIC (Fundo Soberano de Cingapura). E prepara mais duas aquisições para os próximos meses, conforme revelou o sócio de estratégia Marcelo Bentivoglio, ao Finsiders.
Em março, a Focus Financeira e a Bom Pra Crédito anunciaram a fusão das operações, formando uma holding, ainda sem nome definido. A nova companhia prevê originar R$ 3 bilhões em crédito até o ano que vem.
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