Denise Ramiro
O Ultravioleta anunciado pelo Nubank na semana passada marca a entrada do banco digital em um novo modelo de negócio, que prevê o início da cobrança de taxas para clientes premium. A afirmação foi feita pelo analista Greg Magana, do site americano de conteúdo sobre investimentos Insider Intelligence, em artigo publicado na semana passada. “O Nubank parece ter aperfeiçoado a estratégia de buscar primeiro o crescimento desenfreado de clientes e se preocupar com a lucratividade depois”, disse o analista.
Segundo o analista do Insider Intelligence, ao lançar um nível de conta premium que cobra uma taxa mensal, o Nubank está se posicionando para converter sua gigantesca base de clientes em um fluxo de receita estável, independente do uso do cartão de débito. “Se conseguir convencer apenas um em cada dez clientes a se tornar um cliente Ultravioleta, o Nubank ganhará até US$ 38 milhões em receita”, diz ele. Assim, explica o analista, além de gerar lucro, a Ultravioleta também pode ajudar o Nubank a aprofundar o relacionamento com os clientes.
O Nubank atingiu a marca de 40 milhões de clientes no mês passado, tornando-se o maior banco digital do mundo segundo essa métrica. Para se ter uma ideia, o líder digital no Reino Unido, o Revolut, soma cerca de 15 milhões. O banco digital brasileiro, que conquistou toda essa clientela oferecendo um cartão de crédito sem anuidade, está tendo que achar novos caminhos de crescimento.
Em entrevista recente ao portal Fintechs Brasil, Thiago Dias, vice-presidente da estratégia para Fintechs e Labs da Mastercard LAC, falou sobre o atual momento do Nubank, a primeira aposta da empresa de soluções de pagamentos em fintechs. “O Nubank começou com um cartão de crédito em um aplicativo muito bem feito. Agora que estão chegando perto do teto de crescimento em número de clientes, começam a pensar em crescer mais, o que significa dar lucro, garantir e fazer com que esse cliente que baixou o seu aplicativo use e use bastante os seus serviços durante a sua jornada financeira”, disse Dias.
No mega lançamento do Ultravioleta, apresentado no último dia 6 pela CEO da empresa, Cristina Junqueira, e a nova conselheira do Nubank, a cantora e empresária Anitta, o cliente Nubank ficou sabendo que o novo produto tem custo mensal de R$ 49,00, mas pode ser gratuito para quem tem gasto médio mensal a partir de R$ 5 mil com a função crédito e/ou a partir de R$ 150 mil investidos no Nubank ou na Easynvest by Nubank, plataforma de investimento adquirida pelo banco digital no final do ano passado.
O cartão também disponibiliza os benefícios dos cartões Mastercard Black, como seguros de viagem, acesso a sala VIP em aeroportos, compra protegida e garantia estendida, e também garante 1% de cashback que cresce automaticamente 200% do CDI, nunca expira e o cliente pode usar sempre que quiser – transferindo o dinheiro para a conta do Nubank, enviando para a Easynvest by Nubank ou trocando por milhas na Smiles.
“Os clientes do Nubank interessados nas vantagens do Ultravioleta podem evitar o pagamento de suas taxas aumentando seus gastos ou atividades de investimento para atender aos limites do banco digital de isenção de taxas. Isso pode motivar os clientes que usam sua conta Nubank como conta secundária a se tornarem mais ativos”, diz o colunista do site americano.