Kolek quer colocar as contas das empresas no 'piloto automático'

Para dar início à operação, a fintech Kolek recebeu um investimento pré-seed da Antler, que inaugurou a operação no Brasil recentemente

Depois de vender sua participação na Smilink na negociação da companhia com a Neodent, Murilo Pinheiro decidiu que queria empreender de novo. Na busca pelo seu próximo desafio, ele encontrou o programa de aceleração da Antler e foi, de mala e cuia, para Singapura (pois é, é com “S” por conta do Novo Acordo Ortográfico). Entre junho e agosto ele testou – e descartou – diversas ideias até chegar ao modelo do que seria a Kolek.

A proposta, segundo Murilo, é colocar as finanças das empresas, especialmente as pequenas e médias, em “piloto automático”. Isso vai acontecer por meio da consolidação de informações de diferentes contas bancárias em um único painel, aproveitando o movimento do Open Finance.

Com as informações em um único lugar, a ideia é permitir a automação de tarefas repetitivas. “A tese vem das dores que eu senti na minha carreira. Com o trabalho operacional, o financeiro não consegue ser estratégico. E a tecnologia deixa a área por último. Enquanto vendas e marketing têm ferramentas avançadas, o financeiro não tem o que é necessário para transformar receita em caixa”, conta o fundador

Ao facilitar a gestão das finanças, a Kolek quer ajudar empresas a controlarem seu risco, permitindo até que elas tenham melhor acesso a crédito. “Queremos estruturar o produto de forma que os provedores de crédito possam colocar nela as suas ofertas”, diz ele, em entrevista ao Startups, parceiro de conteúdo do Finsiders.

Aporte

Para dar início à operação, a Kolek recebeu um investimento pré-seed da Antler. O valor não é revelado, mas corresponde a uma fatia de 10% da companhia. O projeto foi um dos sete selecionados entre as mais de 30 iniciativas que nasceram no batch da aceleradora.

Segundo Murilo, os recursos captados serão usados para aquisição de clientes e desenvolvimento do produto, principalmente nas APIs para integração com os bancos. Com quatro pessoas no time atualmente, a expectativa é fechar o ano com um número entre sete e oito. Em meados de novembro, Murilo volta ao Brasil para começar a colocar o plano de crescimento em prática. Seu sócio e cofundador, o filipino Neil David, que ele conheceu durante o processo de aceleração, ainda não virá junto.

O serviço de consolidação de contas a receber da Kolek está atualmente em teste com alguns clientes. Depois da validação, o plano é levantar uma nova rodada de investimento. A expectativa é que a apresentação para potenciais investidores aconteça no demo day da recém-inaugurada operação da Antler no Brasil, previsto para março do ano que vem. Com a rodada seed, Murilo quer criar novos produtos como contas a pagar, gestão de fluxo de caixa e acesso a capital.

Mercado em movimento

A oferta de ferramentas de gestão financeira para empresas está no radar de bancos, empresas de software e fintechs. O Itaú fechou uma parceria com a Omie, que por sua vez comprou o banco digital Linker. A Totvs já tem, há algum tempo, transformado seu ERP em uma marketplace, com ofertas de terceiros como a Creditas e de um produto próprio, o Totvs Antecipa. A companhia tem, inclusive, uma joint-venture com o próprio Itaú. Já nomes como Conta Simples, Jeeves e Clara colocam a oferta de um cartão e de uma conta no centro da estratégia de auxiliar nesse controle.

De acordo com Murilo, não está nos planos da Kolek oferecer uma conta ou um cartão próprio. “Acreditamos que há um grande valor em podermos agregar todas as contas bancárias das empresas no mesmo lugar. Permitindo que operem com mais facilidade e façam a gestão do seu financeiro de maneira unificada. E também possam ter mais flexibilidade nas escolhas de serviços e produtos – não ficando presos a apenas uma instituição. O Open Finance é algo que permite isso e queremos alavancar as empresas nesse sentido”, explica o fundador.

*Este conteúdo foi originalmente publicado no Startups.

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